Vera Lúcia, do PSTU, critica esquerda e diz que Lula serve à burguesia
Pré-candidata à Presidência pelo PSTU, Vera Lúcia criticou, durante sabatina UOL/Folha transmitida ao vivo hoje, a política conduzida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seus governos e suas propostas em uma eventual eleição. "Um só servo não serve a dois senhores. Ou você serve a classe trabalhadora ou à burguesia", disse.
Também rejeitou as alianças feitas por Lula para compor uma frente ampla, como a federação com PV e PCdoB e apoios de outros partidos de esquerda que ele tem tentado angariar.
"Não fomos procurados [por Lula], mas não estamos nessa frente ampla, amplíssima por convite ou não do Lula. Ele sabe que seria um convite perdido, inclusive uma afronta àquilo que defendemos", afirmou.
Lula diz que é a pessoa que vai resolver os problemas da classe trabalhadora brasileira, dos mais pobres. Acontece que ele está dizendo isso abraçado com donos de bancos, grandes empresas e aqueles governantes, parlamentares, que são da direita, do centro e da esquerda. Nesse balaio de gato é impossível atender às demandas da classe trabalhadora."
Vera Lúcia, pré-candidata pelo PSTU
Vera também rebate a definição de que Lula seria um candidato de esquerda: "Se Lula for um candidato de esquerda, a gente desconhece o que é a esquerda no Brasil e no mundo".
"A necessidade de lançar uma candidatura, seja agora, em 2022, e em todas as outras [eleições] de que [o PSTU] participar, tem a necessidade concreta de apresentar ao conjunto da classe trabalhadora um programa que responda a essa realidade imediata, criar condições para que essa mesma classe de forma organizada possa transpor o sistema capitalista. Nossa intenção não é administrar o Estado capitalista. Queremos que a classe trabalhadora tome para ela mesma a missão controlar o Estado", afirmou ela.
Vera Lúcia diz que ainda não há uma decisão sobre o posicionamento do PSTU em um eventual segundo turno entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro. "No primeiro turno vamos pedir voto ao polo socialista e revolucionário e PSTU, comigo, que estou disputando. Se tiver um segundo turno, aí a gente discute."
Primeira negra na disputa presidencial neste ano, ela afirmou que democracia "é uma palavra forte" para descrever o regime brasileiro, "em que a legislação eleitoral favorece os grandes partidos" e a eleição é "dominada pelo poder econômico".
Essa crítica também se estendeu ao PT, dizendo que o partido "traiu a classe trabalhadora".
O PT traiu o conjunto da classe trabalhadora brasileira. Esses partidos quando vão apresentar o programa, defender candidatura, é como se fossem salvadores da própria classe trabalhadora que traíram."
Vera Lúcia, pré-candidata pelo PSTU
Entre as propostas de governo, Vera Lúcia defendeu a estatização de grandes empresas e a venda de armas a preços populares para estar acessível ao trabalhador que queira comprar.
"Os negros que estão sendo assassinados, via de regra, estão desarmados. A população periférica não tem nem comida, quanto mais arma. Defendemos que essa organização da autodefesa seja feita em conjunto com a classe trabalhadora, unificada, que as polícias possam eleger seus chefes, comandantes. A arma não vai ser só para quem pode comprar, mas para que todas as pessoas possam se proteger. A população vai ter o direito, se ela quiser, de comprar arma e o valor vai ser popular."
Também comparou a política econômica de Lula e Bolsonaro. "O sentido que Lula dá é o mesmo que dá o governo de Bolsonaro através de Paulo Guedes. Não há diferenças muito importantes na política econômica. A diferença entre os dois é na condução política."
A entrevista foi conduzida pelo colunista do UOL Josias de Souza e pela repórter da Folha Catia Seabra, com mediação da apresentadora Fabíola Cidral.
Vera Lúcia apresenta 1% de intenção de voto na mais recente pesquisa Datafolha, divulgada em 24 de março. Ela registra o mesmo percentual de Simone Tebet (MDB) e Luiz Felipe d'Avila (Novo). Lula (PT) lidera, com 43%; Jair Bolsonaro (PL) vem em seguida, com 26%; Sergio Moro (União Brasil) tem 8%; Ciro Gomes (PDT), 6%; e João Doria (PSDB) e André Janones (Avante), 2% cada um.
Uma das fundadoras do PSTU, ela também foi a representante da sigla na disputa presidencial em 2018. Vera é pernambucana, mas cresceu em Sergipe e é formada em sociologia pela Universidade Federal de Sergipe. Em 2020, foi candidata à Prefeitura de São Paulo.
A estreia nas sabatinas UOL/Folha foi com a senadora Simone Tebet, pré-candidata presidencial pelo MDB, seguida de Ciro Gomes, do PDT.
Próximas sabatinas
- Luiz Felipe D'Avila (Novo) - 27/4 - 10h
- João Doria (PSDB) - 28/4 - 10h
- André Janones (Avante) - 29/4 - 10h
O ex-presidente Lula (PT) e o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), não confirmaram participação nas sabatinas. A campanha de Lula disse que vai esperar a oficialização da pré-candidatura. Já a equipe de Bolsonaro não respondeu.
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