Bolsonaro volta a descreditar TSE, mas diz que eleições serão 'limpas'
O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a descreditar o trabalho do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas afirmou que as eleições deste ano serão "limpas". Ele ainda manifestou a expectativa que a Corte Eleitoral acolha às sugestões de equipe das Forças Armadas — que integra comissão de transparência das eleições — nas próximas reuniões do grupo.
A declaração ocorre apenas um dia após o mandatário voltar a criticar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE. Ontem, em discurso a deputados apoiadores, o chefe do Executivo colocou novamente sob suspeita o sistema eletrônico de votação. Ele repetiu que haveria uma "sala secreta" em que se centraliza a apuração dos votos — alegação rebatida pela Corte Eleitoral. Hoje, diversos políticos criticaram às falas do presidente.
"Agora, estou vendo notícia na imprensa, diz a imprensa, se é verdade eu não sei, que não querem aceitar as observações das Forças Armadas. A gente não fala das observações de voto em papel, não fala em voto em papel, seriam nove observações, que o TSE não basta apenas trazer para cima, tem que despachar, convencer a equipe técnica das Forças Armadas de algo diferente, que eles estão errados", disse Bolsonaro.
Durante a live semanal, ocorrida na noite de hoje, o presidente declarou que ontem as Forças Armadas participaram de uma reunião com o TSE, mas não houve nenhuma conclusão. Em tom de alfinetadas, Bolsonaro disparou que a situação está "uma maravilha" para a Corte Eleitoral.
Pelo que estou sabendo, a reunião ontem não se chegou à conclusão de nada, ou seja, para o TSE está uma maravilha. Vamos confiar nas eleições, e quem desconfiar? Continua, desconfiando. O que eu posso garantir para vocês [é que] nós teremos eleições limpas no corrente ano. Isso é o que todo mundo quer, acredito que sem exceção. A não ser aquelas pessoas que pensam em fazer algo que nós não concordamos. Jair Bolsonaro (PL) durante live semanal
Segundo Bolsonaro, as Forças Armadas seguem trabalhando e farão as reivindicações deles serem acolhidas pelo TSE em próximos encontros com o Tribunal. O presidente não comentou quais seriam essas solicitações.
"Então, as Forças Armadas foram convidadas, continuam trabalhando. Com toda a certeza terão mais reuniões para convencer o TSE de que as sugestões das Forças Armadas, para o bem de todos, teriam que ser acolhidas", concluiu.
Ataque às urnas
Na quarta-feira, Bolsonaro cobrou o TSE a responder às sugestões apresentadas pelas Forças Armadas para as eleições, incluindo que os militares também possam contar os votos.
O TSE, por sua vez, já se posicionou, em resposta formal de 700 páginas às Forças Armadas, reafirmando a segurança e confiabilidade do sistema eletrônico de votação desde a sua implementação.
No documento enviado ainda em fevereiro, a Corte assegurou que as urnas eletrônicas do país são seguras independentemente de quem seja o fornecedor dos componentes. A resposta foi dirigida a representante das Forças Armadas na CTE (Comissão de Transparência das Eleições).
Na última segunda-feira, o TSE também anunciou um plano com diretrizes e medidas de ampliação da transparência das eleições, acatando sugestões de universidades, de parlamentares, das Forças Armadas e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), entre outras instituições que participam do CTE, envolvendo códigos-fonte das urnas, e até mesmo o processo de fiscalização dos equipamentos e apuração dos votos.
*Com Reuters
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