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Ex-tucano, Ramuth critica Alckmin, aposta na 3ª via e defende concessões

Pedro Vilas Boas e Matheus Mattos

Colaboração para o UOL

02/05/2022 16h38Atualizada em 02/05/2022 18h16

Pré-candidato ao governo do estado de São Paulo, o ex-tucano Felício Ramuth (PSD) criticou seu antigo colega Geraldo Alckmin (PSB) durante sabatina UOL/Folha, transmitida ao vivo hoje, apostou na terceira via para a disputa presidencial e defendeu concessões.

Mesmo com as pesquisas eleitorais apontando um eventual segundo turno entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), Ramuth disse preferir alguém da terceira via. Negou apoio a qualquer um dos dois no primeiro turno, apesar de ter votado em Bolsonaro no segundo turno em 2018. "Ele me decepcionou e se aproximou do que há de pior, que é o centrão fisiológico", afirmou.

Ramuth revelou o desejo de poder votar em Eduardo Leite, quem apoiou enquanto ainda estava no PSDB: "Nós esperávamos que ele pudesse vir ao PSD para ser candidato, mas não deu certo".

"De fato, não existe mais tempo para candidatura a presidente da República, então o partido tende a liberar seus candidatos."

O ex-prefeito também falou de sua admiração por Geraldo Alckmin, de quem foi correligionário, mas disse não concordar com ida dele ser vice na chapa de Lula.

"Eu aprendi que política se faz com coerência, e entendi que foi um movimento incoerente. Entendo quais são os argumentos do Geraldo, porque ele diz que deve haver uma união, um objetivo, para tirar o Bolsonaro da Presidência da República", e acrescentou: "Mas não concordo, não o acompanharei".

O pré-candidato também defendeu o modelo de concessões, mesmo apontando problemas em algumas delas: "O PSD é um partido de centro, acredita em políticas de direita, como privatizações, e também valoriza políticas sociais".

"O ex-ministro da Infraestrutura [Tarcísio Gomes de Freitas, que é seu concorrente na disputa no Palácio dos Bandeirantes] vendeu muitas concessões e privatizações como algo que já está acontecendo. Mas não é assim. Há um risco também que se corre, mas não é exatamente um problema do modelo."

"Essas soluções de PPP, que são relativamente novas, não podem ser vendidas para a população como algo que já se concretizou", afirmou.

Segundo ele, nem tudo deve ir para a iniciativa privada. "A Sabesp, por exemplo, não estaria na minha lista de prioridades para privatizar."

Questionado sobre os valores do transporte público, Ramuth diz que "existe uma pressão de custos". "Cada vez mais a tarifa é cara para quem paga e insuficiente para quem recebe", disse o ex-tucano.

"Dizer se vai aumentar ou abaixar preço de metrô e tarifa seria uma irresponsabilidade, o que a gente tem que fazer é enxugar a máquina pública". "Além disso, temos de trabalhar para o Metrô ser mais eficiente."

Ramuth também criticou o atual modelo de concessão do transporte público: "Desse jeito que tá aí não vai funcionar. Cada dia você vai ver uma nova cidade perdendo sistema do transporte público por problemas".

Durante a sabatina, Ramuth defendeu união de instituições para resolver o problema da "cracolândia".

"Tem pastor que quer aparecer demais, padre que quer aparecer demais. Não é esse o caminho. Temos que reunir essas instituições [que atuam na 'cracolândia'], forças de segurança e governos municipal, estadual e federal".

"Existe uma grande infraestrutura física do Estado e municípios que podem ser melhores aproveitadas, mas existe também infraestrutura de conhecimento, capacidade intelectual, que é feita no Estado e pouco aproveitada. Tem várias instituições já trabalhando na cracolândia, e o trabalho não é integrado."

Casas sem posse

Ele também prometeu a construção de casas populares por empresas privadas, com financiamento do poder público, mas sem dar a posse dos imóveis aos moradores.

"Estamos na era do compartilhamento de recursos. Essa geração quer usufruir, e não necessariamente ter. Devemos estimular a construção privada, e governos pagam para essas pessoas usufruir de unidades habitacionais, sem necessariamente ter a posse."

Para fundamentar a proposta, o ex-prefeito de São José dos Campos disse que um beneficiários de programas habitacionais anunciam os imóveis, após a posse, em sites de venda: "20% a 30% das pessoas que recebem apartamento acabam anunciando no Mercado Livre".

Sabatinas acontecem até 6 de maio

As sabatinas UOL/Folha acontecem até 6 de maio, sempre nesses dois horários —às 10h e às 16h—, ao vivo e com transmissão pela internet nos sites e perfis nas redes sociais do UOL e da Folha.

Durante uma hora, serão entrevistados os políticos mais bem colocados na mais recente pesquisa Datafolha, divulgada em 7 de abril. Se houver segundo turno, as sabatinas serão realizadas na semana de 10 a 14 de outubro. As datas foram decididas em reunião com as campanhas, na qual foram aceitas as regras das sabatinas.

Calendário das sabatinas em SP

  • Abraham Weintraub (PMB) - 03/05 - 10h
  • Elvis Cézar (PDT) - 03/05 - 16h
  • Rodrigo Garcia (PSDB) - 04/05 - 10h
  • Vinicius Poit (Novo) - 04/05 - 16h
  • Tarcísio de Freitas (Republicanos) - 05/05 - 10h
  • Altino de Melo (PSTU) - 06/05 - 10h
  • Fernando Haddad (PT) - 06/05 - 16h

O que diz a pesquisa Datafolha

O ex-prefeito da capital paulista Fernando Haddad (PT) lidera a intenção de votos, com 29%. Em segundo lugar, está o ex-governador Márcio França (PSB), com 20%.

O ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o atual governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), têm um empate técnico, com 10% e 6%, respectivamente. Fernando Haddad (PT): 29%

O instituto ouviu presencialmente 1.806 eleitores de 62 cidades paulistas entre 5 e 6 de abril, com margem de erro de 2 pontos percentuais, para mais ou menos. O levantamento tem índice de confiança de 95% e está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número SP-03189/2022.