Lira age como imperador do Japão, diz Lula ao pedir apoio na eleição
O ex-presidente Lula (PT) cutucou o presidente do Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), e indiretamente o presidente Jair Bolsonaro (PL) em discurso a sindicalistas hoje (4) em São Paulo. Segundo o petista, Lira age como um "imperador" à frente do Congresso, tentando administrar até o orçamento, responsabilidade do Executivo.
Pré-candidato ao Planalto, Lula participou do evento de oficialização de apoio do Solidariedade, na sede da Força Sindical. Em discurso moderado com a presença do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PSD-AM), ele reforçou a importância de eleger deputados de uma mesma frente e pediu respeito à Constituição.
"Se a gente ganhar as eleições e o atual presidente da Câmara continuar com um poder imperial... porque ele já está querendo criar o semipresidencialismo. Ele já quer tirar o poder do presidente para que o poder fique na Câmara dos Deputados e ele aja como se fosse o imperador do Japão", criticou Lula, sem falar o nome de Lira.
"Ele [Lira] acha que pode mandar administrando inclusive o orçamento. O orçamento é aprovado pelo Congresso, mas o orçamento tem que ser administrado pelo governo, porque é para isso que o governo é eleito", disse o ex-presidente, sem citar nem Bolsonaro.
O discurso, em um auditório lotado, teve tom mais moderado do que os últimos. Lula voltou a tratar de inflação, desemprego e outras pautas econômicas, que têm sido o carro-chefe da pré-campanha, mas evitou ataques diretos ao presidente. Preferiu "pautas propositivas", como pessoas próximas à campanha têm sugerido.
"Pouco efeito tem o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto], é preciso que o crescimento do PIB seja revertido em benefícios de renda, através de pagamento de salário, desde os companheiros aposentados às pessoas que não trabalham", disse Lula.
Apoio do Solidariedade
O Solidariedade anunciou hoje o apoio à chapa de Lula, após um desentendimento, com o deputado Paulinho da Força (SD-SP).
É o sexto partido a oficializar apoio à chapa de Lula. Além de PCdoB e PV, que formaram federação com o PT, também se juntaram à aliança o PSB, com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) como vice, e a federação PSOL e Rede, em eventos na última semana.
Agora, a chapa deverá ser lançada em um grande ato em São Paulo no próximo sábado (7) para que Lula comece a rodar o país como pré-candidato.
O evento do Solidariedade, em São Paulo, teve a presença de liderança de diferentes partidos e tem a intenção de marcar o discurso de frente ampla promovido pelo PT.
O ato se dá após um descontentamento de Paulinho, presidente de honra da Força, ao ser vaiado em um encontro de centrais sindicais de apoio a Lula no meio do mês por ter apoiado o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016.
A situação ficou tão delicada que ele chegou a cancelar o ato de apoio Lula e a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente da sigla, teve de pedir respeito publicamente a Paulinho.
Paulinho sempre foi próximo ao ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) e, segundo pessoas ligadas à campanha, o ex-tucano foi peça fundamental para que o deputado voltasse atrás.
O discurso de frente ampla e democrática tem sido o carro-chefe da campanha petista para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro.
No ato de hoje, estavam presentes ainda os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Osmar Aziz (PSD-AM) e os deputados Marcelo Ramos, Orlando Silva (PCdoB-SP) e Marília Arraes (SD-PE).
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