Paulinho sugere que Lula 'esqueça reforma trabalhista' durante campanha
O deputado Paulinho da Força (SD-SP) pediu hoje que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evite assuntos como revogação da reforma trabalhista durante a campanha à Presidência. "Até abril, resolvemos", prometeu, em evento de oficialização do apoio do Solidariedade à chapa.
O deputado argumentou que temas como esses atrapalham a realização de alianças e que pode ser resolvido depois. Uma nova legislação tem sido uma das principais promessas do ex-presidente e ponto central para apoio de partidos à esquerda, como o PSOL.
Em sua fala, voltada a um auditório lotado na sede da Força Sindical, em São Paulo, Paulinho comparou a revogação da reforma trabalhista do ex-presidente Michel Temer (MDB), em 2016, a temas polêmicos que circundaram a campanha, como a vaia que ele levou em um encontro com centrais sindicais e a execução do hino da Internacional Socialista em um evento do PSB.
Primeiro, Lula, acho que essa aliança pode ser muito maior. Temos perdido tempo com algumas coisas: uma vaia ali, uma Internacional ali, uma reforma trabalhista. Até brinquei com o [vice-presidente da Câmara] Marcelo Ramos [PSD-AM]: esquece essa história de reforma trabalhista. Ganha a eleição que eu e Marcelo resolvemos dentro da Câmara em dois meses. Isso é besteira, só joga água contra o nosso moinho, essa história de revogar. Paulinho da Força, deputado federal (SD-SP)
"Nós sabemos como fazer, a [deputada e presidente do PT] Gleisi [Hoffmann] também sabe. Você ganha eleição e, até abril do ano que vem, resolvemos a questão dos trabalhadores do Brasil", declarou o deputado, presidente de honra da central Força Sindical.
Apesar de ser uma sugestão para o período de campanha, o pedido cria uma situação delicada para o ex-presidente. A proposição de uma nova legislação trabalhista tem sido não só uma promessa frequente dele aos sindicalistas, como tem atraído apoio de lideranças à esquerda.
A proposição de revogação foi um dos grandes chamarizes para atrair finalmente o PSOL, que consolidou apoio nacional ao PT no último fim de semana. O apoio já era dado como certo, mas a indicação de um programa econômico à esquerda foi bem vista até entre os mais resistentes.
A proposta também está escrita no programa de governo da federação PT, PCdoB e PV, consolidada no mês passado.
O texto, que pode servir da base ao programa de governo de Lula, prega uma nova legislação "construída a partir da negociação tripartite, que proteja os trabalhadores, recomponha direitos, fortaleça a negociação coletiva e a representação sindical, com especial atenção aos trabalhadores informais e de aplicativos".
A fala expõe também um desafio que a campanha terá de lidar ao reunir um grande número de partidos em torno de Lula. O próprio PSB, do candidato a vice, o ex-governador Geraldo Alckmin, já indicou que não quer um programa econômico de esquerda.
O próprio Alckmin, que terá papel de articulação da campanha com setores não tão próximos a Lula, como agronegócio, parte do empresariado e igrejas, já foi cobrado por interlocutores sobre as falas de Lula. Apagar esses incêndios também será parte da sua função na corrida.
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