Weintraub defende resistência conservadora e vê Bolsonaro refém do centrão
O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub disse, durante sabatina UOL/Folha, que é pré-candidato ao governo do estado de São Paulo para criar uma base de resistência conservadora. Weintraub não descarta mudar de ideia e se candidatar a outro cargo caso seu grupo político perceba que a alteração de estratégia seja importante para seu projeto conservador.
"Nesse momento sou pré-candidato ao governo do estado e acho que tenho chances porque vejo muita coisa articulada para replicar o teatro das tesouras. Eu não descartaria nem que ele [Tarcísio] não saia candidato a governador. Lógico que posso [desistir da pré-candidatura]. A gente tem uma liberdade para mudar a estratégia eleitoral de acordo com o projeto de base de resistência conservadora para defender a família de todo mundo, não só conservadora", afirmou.
Weintraub, que ingressou na política pelas mãos do presidente Jair Bolsonaro, ao chefiar o MEC, criticou seu ex-aliado político. Para o ex-ministro, o presidente foi obrigado a se aproximar do centrão por chantagem, ficou refém do mecanismo e acabou cedendo. Com o passar do tempo, Bolsonaro teria se perdido por causa de sua vulnerabilidade. O ex-ministro afirmou não confiar mais no atual presidente, mas que votaria em Bolsonaro em um eventual segundo turno com Lula, a quem ele chamou de "encosto".
"Eu não confio mais no presidente Bolsonaro para conduzir rumos do país e o Brasil se tornar um local seguro para eu criar meus filhos e netos. Acho que Bolsonaro, quando se aproximou do centrão, foi cooptado e, agora, está junto com eles e ele está conduzindo o Brasil numa direção que vai ter cada vez mais monopólio, droga, crimes, vão conduzir a uma distopia. Com Lula, isso vai numa velocidade mais rápida, muito pior", disse.
Lula para mim é um encosto. O presidente Bolsonaro é uma pessoa que me decepcionou muito, não confio mais nele para apertar mão e combinar alguma coisa. Acho que ele é refém e hoje é aliado dessa estrutura toda."
Abraham Weintraub, pré-candidato ao governo de SP pelo PMB
O pré-candidato ao governo paulista contou que, quando conheceu Bolsonaro, fez uma "leitura" da figura do então deputado federal e que isso teria sido fundamental para confiar na idoneidade do político.
"O sapato dele era muito simples, de frentista, o relógio dele? Fui lendo isso", explicou.
Weintraub critica Tarcísio
O também ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), que chefiou a pasta da Infraestrutura, é o pré-candidato oficial do bolsonarismo para o governo de São Paulo. É o principal nome da ala conservadora para ser rival de Weintraub nas eleições.
Weintraub recordou o tempo em que Tarcísio foi chefe do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), ainda no governo Temer (MDB).
"O Tarcísio não tem nenhuma acusação de corrupção contra ele, mas ele foi indicado, não é concursado, para o Dnit da Dilma e Lula. Indicado por Moreira Franco, Michel Temer, e depois, quando Temer virou presidente, ele ficou lá. Durante dez anos, em que esteve envolvido em fiscalizar no Dnit, ele não encaminhou nenhum caso de mal feito. Eu, em um ano e meio no MEC, enviei 15 casos para MP, PF, Justiça, e já apareceu um monte", afirmou.
Perguntado se Tarcísio prevaricou no cargo, Weintraub preferiu ficar em cima do muro.
"Não diria que ele prevaricou. Você tem três hipóteses: ou você não viu, viu e ficou quieto ou participou do esquema. Eu acho que ele não participou do esquema", disse.
Entre suas promessas, defendeu unificar as polícias Militar e Civil e transformar São Paulo em uma espécie de "Texas brasileira".
"Num projeto de meio a longo prazo unificar, trabalhando na carreira em 'y'. Um policial entra, faz academia, aumenta-se muito a parte civil de hierarquia e, na parte da Polícia Militar, ele vai e muda de função ao longo da carreira dele, onde tem processos legais que você pode fazer investigações", disse.
"O Arthur [Weintraub, irmão dele] está trabalhando dentro do que é possível fazer na legislação para tornar o que era a polícia antes da intervenção do [Getúlio] Vargas em São Paulo. Hoje o policial de São Paulo 'enxuga gelo'. Quero transformar o estado num 'Texas brasileiro'."
Defendeu o uso de câmeras por parte dos policiais, mas quer que o equipamento só seja utilizado durante operações especiais.
Durante a entrevista, o ex-ministro de Bolsonaro também propôs fechar ruas do estado para, na avaliação dele, trazer mais segurança à população. "Quando você tem uma comunidade que consegue pelo menos permitir controlar acesso de pessoas durante a madrugada em ruas residenciais você torna a vida dessa família melhor e diminui a quantidade de policiais."
A sabatina foi conduzida pela apresentadora Fabíola Cidral, pelo colunista do UOL Leonardo Sakamoto e pela jornalista da Folha de S. Paulo Carolina Linhares.
Sabatinas acontecem até 6 de maio
As sabatinas UOL/Folha acontecem até 6 de maio, sempre nesses dois horários —às 10h e às 16h—, ao vivo e com transmissão pela internet nos sites e perfis nas redes sociais do UOL e da Folha.
Durante uma hora, serão entrevistados os políticos mais bem colocados na mais recente pesquisa Datafolha, divulgada em 7 de abril.
Calendário das sabatinas em SP
- Elvis Cézar (PDT) - 03/05 - 16h
- Rodrigo Garcia (PSDB) - 04/05 - 10h
- Vinicius Poit (Novo) - 04/05 - 16h
- Tarcísio de Freitas (Republicanos) - 05/05 - 10h
- Gabriel Colombo (PCB) - 05/05 - 16h
- Altino de Melo (PSTU) - 06/05 - 10h
- Fernando Haddad (PT) - 06/05 - 16h
O que diz a pesquisa Datafolha
O ex-prefeito da capital paulista Fernando Haddad (PT) lidera a intenção de votos, com 29%. Em segundo lugar, está o ex-governador Márcio França (PSB), com 20%.
O ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o atual governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), têm um empate técnico, com 10% e 6%, respectivamente.
Vinicius Poit (Novo) e Felicio Ramuth (PSD) têm 2% cada um. Weintraub apresenta 1%, assim como Altino Junior (PSTU).
O instituto ouviu presencialmente 1.806 eleitores de 62 cidades paulistas entre 5 e 6 de abril, com margem de erro de 2 pontos percentuais, para mais ou menos. O levantamento tem índice de confiança de 95% e está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número SP-03189/2022.
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