União Brasil deixa 3ª via e anuncia 'chapa pura' para concorrer ao Planalto
O União Brasil anunciou hoje que abandonou a chamada "terceira via", bloco político que busca viabilidade para tentar derrotar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida pela Presidência da República neste ano. Nesse campo, restam agora a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), que disputam a cabeça da chapa.
A avaliação do presidente da sigla, o deputado federal Luciano Bivar, é que o União Brasil tem recursos e tempo de televisão suficientes para lançar uma candidatura independente. A oficialização sobre o desembarque, que tem sido aventado há dias, foi deliberada em reunião realizada hoje com lideranças da sigla.
Esperamos até o último momento para ver se fazíamos uma coligação com outros partidos. No entanto, outros partidos não tiveram a mesma unidade que tem o União Brasil. Em função disso, não restou outra alternativa a não ser sair com uma chapa pura
Luciano Bivar, presidente do União Brasil
Consultadas pelo UOL, as presidências de MDB, PSDB e Cidadania, que compõem o bloco, não haviam se manifestado sobre o anúncio de Bivar até a última atualização desta reportagem. "Game over. Agora é com João Doria", disse reservadamente um tucano envolvido nas negociações entre os partidos.
Um dos principais interlocutores do partido, o deputado federal Junior Bozzella apontou a ala pró-Lula no MDB como fator que influenciou a decisão. Outro motivo seria a divisão dentro do PSDB, provocada por aliados do ex-governador Eduardo Leite (RS), que defendem o nome do tucano para o pleito presidencial em vez de Doria.
O consenso é que o União Brasil tem condições de ter candidaturas viáveis à Presidência da República assim como teríamos dentro do bloco
Junior Bozzella, deputado federal
O anúncio abre caminho para que o Podemos, que se prepara para lançar o general da reserva do Exército Carlos Alberto dos Santos Cruz como pré-candidato, proponha uma coalizão com o grupo.
Os dirigentes dos partidos que integram o bloco, Bruno Araújo (PSDB), Baleia Rossi (MDB) e Roberto Freire (Cidadania), devem realizar, em data a ser definida, uma reunião com os atuais pré-candidatos, antes de anunciarem em 18 de maio qual nome deve disputar a Presidência pela "terceira via".
Ala pró-Moro quer chapa 'puro sangue'
No União Brasil, a avaliação é que o partido tem muitos quadros para ter uma chapa presidencial pura (com dois candidatos do mesmo partido). Segundo interlocutores próximos ao ex-ministro Sergio Moro ouvidos pelo UOL, uma composição com Bivar, atual pré-candidato ao Palácio do Planalto pela sigla, como vice do ex-juiz da Lava Jato seria "o ideal" por dois motivos.
Ele é o maior cabo eleitoral que temos no momento e o União Brasil precisa tanto de Moro quanto Moro precisa do União Brasil. Qualquer decisão que venha a ser tomada nesse sentido seria positiva
Integrante do União Brasil sobre Sergio Moro
O primeiro é o capital político do ex-juiz da Lava Jato, avaliado como "bom". O outro é a presumida popularidade do ex-juiz com uma parcela do eleitorado que abandonou o bolsonarismo, que poderia tornar eventual composição com Bivar mais robusta, na avaliação de dirigentes.
Resistente à ascensão do ex-juiz da Lava Jato a uma chapa presidencial, outro setor do União Brasil pressiona para que Moro aceite concorrer à Câmara dos Deputados pela legenda.
"Ele está muito desgastado. O União Brasil quer colocar Moro no tamanho que eles acham que ele tem, que é para o Congresso Nacional. Avalia-se que Moro consegue cerca de 2 milhões de votos por São Paulo se concorrer a deputado federal, o que daria bastante cadeira ao partido", disse outro interlocutor próximo a Moro ao UOL.
O ex-juiz afirma agora que ainda não decidiu se quer ser deputado federal, senador ou presidente pela sigla. No entorno de Moro, a avaliação é de que ele precisará ter um mandato no próximo ano, seja qual for. Em janeiro, Moro havia negado quaisquer planos de abandonar a tentativa de se eleger ao Palácio do Planalto: "Sou pré-candidato à Presidência, não ao Senado", disse à época.
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