Topo

'Cracolândia', privatizações e pedágios: o que pensam pré-candidatos em SP

Do UOL, em São Paulo

07/05/2022 04h00Atualizada em 07/05/2022 10h44

Eternos problemas dos paulistas, o aumento da criminalidade e a situação na "cracolândia", ponto de usuários de drogas no centro da capital, foram o centro das promessas durante as sabatinas com pré-candidatos ao governo de São Paulo, feitas pelo UOL e pela Folha de S.Paulo nesta semana.

Márcio França (PSB) disse que iria acabar com o consumo de drogas no local em dois anos. Para isso, afirmou que vai apostar no tratamento das pessoas com dependência química utilizando, inclusive, a internação compulsória como ferramenta. Também ia alocá-las em hotéis no centro que têm espaços vazios.

O atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), que concorre pela reeleição, disse que a tarefa não é simples para colocar um cronograma. "É uma luta permanente."

Também afirmou que a situação demanda reinserção social e assistencial para dar nova perspectiva de vida aos usuários. "E tratar traficante como traficante", afirmando que vai dobrar o efetivo nas ruas e fazer policiamento ostensivo.

Já Fernando Haddad (PT) prometeu retomar o programa "De Braços Abertos". "Trabalho, tratamento e teto, é isso que tira as pessoas das drogas. Dar dignidade às pessoas. Não é aquilo que está acontecendo hoje na praça Princesa Isabel, onde parece um cenário de guerra", afirmou.

O ex-ministro Abraham Weintraub (PMB) disse que vai tratar o dependente a partir das relações familiares e aumentar a punição para quem trafica. "A gente pode tornar mais difícil para o tráfico e punir de forma clara o crack para que ele seja cortado. Vão vender em outro estado, em São Paulo, não. Com isso, 'cracudo' vai embora."

Felício Ramuth (PSD) chamou por uma "união das instituições", sem "pastor que quer aparecer demais e padre que quer aparecer demais".

"Existe uma grande infraestrutura física do Estado e municípios que podem ser mais bem aproveitadas, mas existe também infraestrutura de conhecimento, capacidade intelectual, que é feita no Estado e pouco aproveitada", afirmou.

Pedágios e privatizações

Vinicius Poit (Novo) defendeu mais concessões e privatizações, inclusive da Sabesp, a companhia de saneamento do estado, que outros candidatos defendem preservar como empresa estratégica por cuidar de um bem cada vez mais essencial: a água.

O pré-candidato do Novo colocou entre suas prioridades tirar do papel essa privatização e transformá-la numa empresa mais lucrativa. "Se ela tem uma gestão mais eficiente, se ela é uma empresa lucrativa, no mínimo, dá para baixar o custo da água. Isso dá para fazer com a iniciativa privada."

Já Elvis Cezar (PDT) teve o discurso mais contundente sobre os preços dos pedágios.

Disse que "a tarifa de pedágio gera indignação" e a chamou de "um bloqueio de desenvolvimento econômico". Prometeu, entre suas primeiras medidas, auditar os valores pagos nas praças de pedágio.

O ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) defendeu o valor cobrado no pedágio na rodovia Dutra, alvo de críticas de prefeitos paulistas por privilegiar o Rio de Janeiro.

"O Vale do Paraíba vai receber muitos investimentos, como a quadruplicação de faixas, tratamento para turismo religioso, obras de viaduto", afirmou. "Se não fizéssemos nada, teríamos deslocamento custando R$ 70. Com a concessão, a gente trouxe R$ 15 bilhões de investimentos e esse deslocamento vai sair por R$ 46."

Ramuth considerou a construção de casas populares por empresas privadas, com financiamento do governo, mas sem dar a posse do imóvel às pessoas.

"Estamos na era do compartilhamento de recursos. Essa geração quer usufruir, e não necessariamente ter."

Câmeras nas fardas

Na segurança pública, houve propostas tanto para aumentar como para reduzir o uso de câmeras nas fardas policiais. Márcio França, que se lança pelo PSB, chamou de "abuso" o monitoramento desses profissionais e disse que vai rever a medida.

"Só vai ligar a câmera quando o profissional estiver em ação", explicou, citando situações constrangedoras a que os policiais ficam expostos, como idas ao banheiro.

Garcia rebateu as declarações, dizendo que a integridade das pessoas é preservada.

"A câmera é acionada remotamente. Existe central que aciona e portanto filma absolutamente tudo. Mas a preservação íntima dos policiais existe."

Haddad considerou como uma das poucas coisas que funcionaram na atual gestão, mas disse que vai criar um plano de metas na Polícia Militar. "Vai considerar os crimes mais graves, que mais chocam a população. Vou 'botar' o número de crimes cometidos no ano anterior e fixar metas de redução de criminalidade."

Pré-candidato bolsonarista, Tarcísio disse que as câmeras passam um voto de desconfiança do policial, por isso ele tende a reavaliar sua aplicação.

Já Weintraub disse que vai unificar as polícias e promover o fechamento de ruas em certos bairros para passar a sensação de segurança. Ele disse que pretende transformar São Paulo numa espécie de "Texas brasileira".

Tanto Gabriel Colombo (PCB) quanto Altino de Melo Prazeres (PSTU) consideraram que há a necessidade de armar a população para se defender tanto de um Estado repressivo quanto de milícias e grupos criminosos organizados.

Colombo também disse que há terras disponíveis para fazer a reforma agrária no estado, enquanto Altino defendeu a reestatização de empresas públicas que foram privatizadas recentemente para melhorar a gestão e o serviço.