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Lula: Bolsonaro é 'rei da fake news' e 'não adianta desconfiar de urna'

Lula fala na Expominas, no primeiro evento de pré-campanha após lançamento no sábado (7), em São Paulo - Reprodução
Lula fala na Expominas, no primeiro evento de pré-campanha após lançamento no sábado (7), em São Paulo Imagem: Reprodução

Tiago Minervino

Do UOL, em São Paullo

09/05/2022 21h25

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT à presidência da República, disse hoje (9), durante ato em Belo Horizonte, que o presidente Jair Bolsonaro (PL) é o "rei das fake news e das mentiras", e advertiu o atual chefe do Executivo que "não adianta" atentar contra o sistema eleitoral brasileiro com discursos voltados a descredibilizar as urnas eletrônicas. O petista ainda falou sobre a importância do amor para vencer o ódio, e citou seu casamento com Janja como a "demonstração" de sua confiança no futuro do país.

Lula ressaltou que as eleições de outubro serão "difíceis", mas se mostrou confiante com a possibilidade de vencer a disputa no primeiro turno. No entanto, o ex-presidente salientou que é preciso ir para as ruas "conversar com as pessoas", pois "nosso adversário mente sete vezes por dia".

"Bolsonaro é o rei das fake news. Ele é o rei das mentiras e ele conta todo dia mentira contra o povo brasileiro", afirmou, ressaltando que seu adversário é uma "ameaça" contra o estado democrático de direito e o desenvolvimento do país, por ser a representação do "fascismo aqui no Brasil, que a gente vai ter que jogar no esgoto da história, porque o Brasil nasceu para a democracia".

Para Lula, os discursos de Bolsonaro com ataques ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), aos ministros da Corte, e ao sistema eleitoral brasileiro são motivados pelo "medo" que ele sente de sair derrotado das urnas e ir para a prisão.

"A gente tem que olhar e falar: Bolsonaro, seus dias estão contados. Não adianta desconfiar de urnas, o que você tem é medo de perder as eleições e ser preso depois que terminar as eleições", declarou.

O ex-presidente também criticou o discurso da antipolítica que imperou nas eleições de 2018 e culminou na vitória do candidato da extrema direta, que ele classificou como "um erro da história brasileira". Lula destacou que a negação da política e a percepção de que "ninguém presta", foram os principais fatores para que Bolsonaro pudesse ser eleito.

"A vitória desse cidadão em 2018 foi um erro da história brasileira, a negação da política, a ideia de dizer que ninguém presta, fez com que esse cidadão fosse eleito."

Em tom de otimismo, o petista como mote seu casamento com a socióloga Rosângela da Silva, conhecida como Janja, para defender a importância do amor contra discursos de ódio. "Nós não podemos ficar transmitindo ódio. É amor que a gente tem que dar, tem que ter de sobra neste país", afirmou.

Por fim, o ex-presidente enfatizou que os jovens são o futuro do país e que, quando eles se sentirem sem esperança em relação à política, tomem a iniciativa para assumirem os cargos públicos. "Na hora que vocês, jovens, acharem que ninguém presta, que não tem político honesto, ainda quando vocês estiverem pensando assim, não desista, entrem na política porque a pessoa honesta que vocês querem está em vocês. São vocês que vão mudar esse país, pois a raiva não resolve o problema de ninguém, o que resolve o problema é o amor, e o amor é o que a gente tem que dar. É por isso que eu, aos 76 anos, em vez de estar com raiva, ódio, estou apaixonado e vou casar, se Deus quiser, vou casar para demonstrar minha confiança no Brasil, para demonstrar minha confiança no futuro desse país", discursou.

O ato realizado pelo PT em Belo Horizonte foi o primeiro de pré-campanha na corrida pelo Palácio do Planalto, após Lula oficializar sua pré-candidatura na semana passada, na chapa formada por ele e pelo ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como vice.

Por que Minas Gerais?

Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, explicou em sua fala durante o evento que a razão do partido ter escolhido Minas Gerais como o primeiro estado visitado na pré-campanha, após o lançamento em ato no sábado (7), deve-se ao fato de Minas refletir "a grandeza" do Brasil.

"Temos muita responsabilidade nesse processo de retomar o país para as mãos do povo brasileiro, e Minas é essencial para isso. Na realidade, [o estado] reflete a grandeza que é esse Brasil, é o nó que ata o Brasil e transforma esse país numa coisa só", afirmou Gleisi, ao lembrar que Lula ganhou no estado nas eleições de 2002 e 2006, assim como sua sucessora, Dilma Rousseff, que também venceu em 2010 e em 2014.

Em busca de apoio

O ex-presidente segue em viagem pelo estado, passando por Contagem na terça (10) e Juiz de Fora na quarta-feira (11). O desafio para o petista é garantir palanque no Estado - Lula e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) trocaram diversos sinais, nos últimos meses, com a intenção de uma composição, ainda que o PSD não integre a coalizão de partidos que já declarou apoio ao petista no primeiro turno.

No mês passado, Lula chegou a afirmar que "Kalil precisa de mim e eu preciso do Kalil" em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do País, com 15,7 milhões de eleitores, perdendo somente para São Paulo. O PT-MG pretende lançar o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) como candidato ao Senado na chapa com Kalil. No entanto, o PSD mira o senador Alexandre Silveira (MG) em uma chapa puro-sangue apoiada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), com Kalil como candidato a governador e o deputado estadual Agostinho Patrus, presidente da Assembleia Legislativa, como vice.