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Genial/Quaest: 50% dizem que opinião sobre aborto diminui chance de voto

Percentual é maior entre eleitores evangélicos, mostra pesquisa Genial/Quaest - Tuca Vieira/Folhapress
Percentual é maior entre eleitores evangélicos, mostra pesquisa Genial/Quaest Imagem: Tuca Vieira/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

11/05/2022 10h08Atualizada em 11/05/2022 12h52

Pesquisa Genial/Quaest divulgada hoje mostra que metade dos eleitores acredita que a opinião do candidato sobre a legalização do aborto diminui a chance de voto nas eleições deste ano.

Os entrevistados foram questionados se sabiam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu o aborto em evento no mês passado: 44% disseram que sim, enquanto 53% responderam que estavam descobrindo naquele momento. Em abril, o petista disse que todo mundo deveria ter direito a fazer aborto, mas depois disse que é contra o procedimento.

Para 50%, o posicionamento sobre o aborto diminui a chance de votar em um candidato; 40% disseram que não altera, e 5%, que a chance aumenta. Outros 5% não sabem ou não responderam.

Esse percentual é ainda maior entre os evangélicos: 62% disseram que a opinião sobre o aborto diminui a chance de voto, enquanto 30% disseram que não altera.

O levantamento apontou que Lula lidera as intenções de voto e tem chance de ganhar no primeiro turno. Com 46%, Lula possui mais intenções de voto do que os demais pré-candidatos somados (44%) — logo, há a possibilidade de vitória já em outubro. No entanto, por conta da margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, a pesquisa aponta a chance de a disputa ir para o segundo turno.

A pesquisa ouviu 2.000 pessoas de 27 estados, face a face, entre os dias 5 a 8 de maio. O índice de confiança, segundo o instituto, é de 95%. A pesquisa foi contratada pelo Banco Genial e registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-01603/2022.

Lula diz que todo mundo deveria ter direito ao aborto

Em debate na Fundação Perseu Abramo no começo de abril, o ex-presidente Lula defendeu o direito à interrupção voluntária da gravidez. Lula lamentou que mulheres pobres morram tentando abortar, enquanto as ricas podem ir ao exterior e procurar clínicas legais.

"Aqui no Brasil ela não faz porque é proibido, quando na verdade deveria ser transformado numa questão de saúde pública e todo mundo ter direito e não ter vergonha", afirmou.

No dia seguinte, ele disse que, pessoalmente, é contra o procedimento, mas que ele deveria ser tratado como questão de saúde pública.

"Eu sou contra o aborto, mas o que eu disse é que as pessoas têm esse direito. Mesmo eu sendo contra o aborto, ele existe. Quando a pessoa tem poder aquisitivo bom, ela busca tratamento bom e até vai para o exterior fazer o procedimento. Mas e a pessoa pobre?", questionou em entrevista à rádio Jangadeiro Band News, de Fortaleza.

A declaração foi criticada pelo atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), que chamou Lula de "genocida de inocentes". "Entendo que uma pessoa que defende o aborto, como ele, é um genocida de inocentes", disse.

Para Ciro Gomes (PDT), a fala foi "estapafúrdia" e favorece a reeleição de Bolsonaro. "Por que o Lula tinha que dar uma declaração estapafúrdia como a que ele deu agora, que todo mundo tem direito a fazer aborto? Que coisa mais simplória para um assunto tão grave", comentou.

O aborto é crime previsto no Código Penal desde 1940, e a pena para a mulher que o praticar é de um a três anos de detenção. O procedimento só não é punido em caso de estupro, risco de morte para a gestante ou anencefalia fetal.

Quase uma em cada cinco mulheres brasileiras já realizou pelo menos um aborto até os 40 anos, segundo dados da Pesquisa Nacional de Aborto de 2016. Até 2018, o SUS (Sistema Único de Saúde) gastou R$ 486 milhões com internações para tratar as complicações do aborto, sendo 75% deles provocados.