Espero que Moro tenha o direito de defesa que não tive, diz Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou hoje ação popular em que o ex-ministro Sergio Moro (União Brasil) virou réu por supostos prejuízos causados à Petrobras para criticar mais uma vez a atuação do ex-juiz à frente da Operação Lava Jato e a imprensa.
Em entrevista a uma rádio de Manaus, o presidente disse que espera que o ex-juiz tenha direito de defesa e presunção de inocência que ele diz não ter tido ao ser julgado por Moro. A ação é de iniciativa de deputados federais do PT.
Só espero que nessa acusação contra o ex-juiz Moro ele tenha o direito de defesa e a presunção de inocência que eu não tive com ele, que ele possa se defender. Que a imprensa seja honesta contra ele, mas não na parcialidade que fizeram contra mim.
Ex-presidente Lula (PT), em entrevista
De acordo com a Folha de S. Paulo, a ação judicial de iniciativa de deputados federais petistas foi apresentada no dia 27 e enviada à 2ª Vara Federal Cível de Brasília. Eles pedem que Moro seja condenado a ressarcir os cofres públicos por supostos prejuízos causados à Petrobras e à economia brasileira, mas não estipularam o valor.
"[A ação da Lava Jato] foi a destruição da empresa [Petrobras], da indústria de óleo e gás do país, da indústria naval brasileira. Foi desnecessário. Se você acha que tem corrupção e acha que o dono da rádio roubou, prende o dono da rádio", argumentou Lula.
A peça contra Moro é assinada pelo advogado Marco Aurélio de Carvalho, que coordena o grupo Prerrogativas. A iniciativa da ação foi tomada pelos deputados petistas Rui Falcão (SP), Erika Kokay (DF), Natália Bonavides (RN), José Guimarães (CE) e Paulo Pimenta (RS).
No texto, os parlamentares afirmam que "o ex-juiz Sergio Moro manipulou a maior empresa brasileira, a Petrobras, como mero instrumento útil ao acobertamento dos seus interesses pessoais".
"O distúrbio na Petrobras afetou toda a cadeia produtiva e mercantil brasileira, principalmente o setor de óleo e gás", diz a ação.
Segundo a coluna Mônica Bergamo, a última segunda-feira (23), o juiz federal Charles Renaud Frazão de Morais recebeu a inicial, o que significa que dará curso à ação. E determinou: "Cite-se o réu". O Ministério Público Federal será intimado para ter "ciência da demanda".
Na entrevista, Lula também criticou a atuação da imprensa na cobertura da Lava Jato. "Sou um democrata, mas é muito difícil sobreviver com 59 capas de revista te chamando de 'ladrão'", disse Lula. "Sobrevivi a tudo isso e estou com a consciência tranquila."
Ação é risível, diz Moro
Por meio de nota, Moro chamou a ação de "risível" e combateu o argumento de Lula de que a operação teria prejudicado a Petrobras.
"A ação popular proposta por membros do PT contra mim é risível. Assim que citado, me defenderei. A decisão do juiz de citar-me não envolve qualquer juízo de valor sobre a ação", disse Moro.
"Todo mundo sabe que o que prejudica a economia é a corrupção e não o combate a ela. A inversão de valores é completa: Em 2022, o PT quer, como disse Geraldo Alckmin, não só voltar a cena do crime, mas também culpar aqueles que se opuseram aos esquemas de corrupção da era petista", completou.
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