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Lula adia viagem a Santa Catarina em meio a negociações com PSB

O ex-presidente Lula (PT) conversa com o presidente do PT em Santa Catarina, Décio Lima, e a presidente nacional, a deputada federal Gleisi Hoffmann. - Ricardo Stuckert
O ex-presidente Lula (PT) conversa com o presidente do PT em Santa Catarina, Décio Lima, e a presidente nacional, a deputada federal Gleisi Hoffmann. Imagem: Ricardo Stuckert

Beatriz Gomes e Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

30/05/2022 19h23

O ex-presidente Lula (PT) não vai mais viajar a Santa Catarina nesta semana para cumprir agenda de pré-campanha. Em meio a negociações eleitorais com o PSB pelo governo estadual, a viagem foi adiada por problemas logísticos, segundo o presidente estadual e pré-candidato ao governo, Décio Lima (PT).

A viagem a Florianópolis estava marcada para quinta (2) e sexta (3), com dois eventos públicos, depois da ida a Porto Alegre na quarta (1º). A agenda, no entanto, gerou atrito com o PSB, que compõe a chapa nacional, visto que o partido lançou o senador Dario Berger (PSB-SC).

Em nota enviada à imprensa, Lima, responsável pela coordenação da visita, alega problemas de logística e diz que não "foi possível reservar locais adequados" e as "condições climáticas não recomendam um ato público em local aberto".

O adiamento se dá após um pedido oficial do PSB catarinense. Segundo a assessoria de Berger, o senador passou há pouco por um procedimento cirúrgico e não estaria presente em Florianópolis para receber Lula.

Interlocutores do PSB dizem ver o adiamento como um gesto, mas Lima nega que tenha relação. Ao UOL, ele reafirmou que a mudança se deu por motivos logísticos e climáticos.

"O problema é que a cidade está tomada por uma pauta de eventos e os lugares que davam oportunidade na proporção dos eventos [programados], para 5 ou 6 mil pessoas, estavam todos reservados. Além disso, a própria equipe do presidente, que já estava no local para preparar a agenda, constatou a impossibilidade das questões climáticas para fazer em lugares abertos", afirma o ex-deputado.

A decisão foi tomada no fim da tarde de hoje, em reunião na Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, em São Paulo. Além de Lula e Lima, participaram do encontro o governador Geraldo Alckmin (PSB), pré-candidato a vice, e a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do partido.

Santa Catarina é mais um dos estados em que a aliança nacional entre PT e PSB enfrenta entraves. Berger, figura histórica do MDB e ligado à centro-direita em Santa Catarina, filiou-se ao PSB no final de março, no mesmo evento de filiação de Alckmin.

A expectativa do senador era que ele fosse o candidato da frente ampla liderado pelo PT e reforçasse, inclusive, o discurso de aliança plural, dado que seu nome nunca foi ligado à esquerda. Por isso, argumentam apoiadores, ele seria um candidato mais viável do que Lima, em um estado majoritariamente conservador e de amplo apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

O perfil mais conservador de Berger também é usado como argumento pelo lado petista, mas na direção oposta. Para apoiadores da candidatura de Lima, Berger teria mais dificuldade de reunir as outras forças da aliança.

Ambas avaliam, no entanto, que as candidaturas que se dirão contra Bolsonaro, uma minoria no estado, só serão viáveis se se unirem — e ambos querem o apoio de Lula.

A nova data para a visita ainda não foi informada. A agenda em Porto Alegre, marcada para a próxima quarta em uma casa de eventos, está mantida.