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PT aguarda decisão de França neste mês para definir chapa de Haddad em SP

31.mai.2022 - Ex-prefeito e pré-candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) em evento em São Paulo - Roberto Casimiro/Estadão Conteúdo
31.mai.2022 - Ex-prefeito e pré-candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) em evento em São Paulo Imagem: Roberto Casimiro/Estadão Conteúdo

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

03/06/2022 04h00

Primeiro colocado nas pesquisas eleitorais ao governo de São Paulo, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e sua equipe de campanha aguardam uma decisão final do ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) para, enfim, escolher o nome do vice na chapa petista.

França, que se coloca como pré-candidato ao governo paulista em chapa distinta de Haddad, também é cotado para uma vaga no Senado pela aliança PT-PSB. A expectativa é que a decisão de França seja anunciada até o dia 15 deste mês, data acordada pelos dois partidos.

O ex-governador e o petista protagonizam uma disputa interna há meses por quem será o representante das duas siglas na disputa ao Palácio dos Bandeirantes.

A decisão de participar ou não da corrida ao governo por parte de França é importante para que Haddad escolha seu vice em acordo com o PSB. Ele e o partido procuram por um político com trânsito no interior de São Paulo e representatividade política — o nome do ex-prefeito de Campinas Jonas Donizetti (PSB) é ventilado.

Em fevereiro, França procurou Lula e propôs que fosse contratada uma pesquisa eleitoral para definir o representante da aliança. Hoje, essa ideia perdeu força. Haddad aparece à frente de França nas pesquisas e o PT não sugere abrir mão de sua candidatura no maior estado do país, onde a sigla nunca ganhou uma eleição estadual.

Como contraproposta, o PT propôs a França a candidatura ao Senado Federal. Ele não descarta, mas a vê a ideia com receio, pela possibilidade de disputar a vaga contra o apresentador de TV José Luiz Datena (PSC-SP).

As estratégias do PT e de França

Políticos do PT ouvidos pelo UOL avaliam, no entanto, que a candidatura ao Senado pela aliança está se tornando cada vez mais concreta para França. Ainda segundo os interlocutores, o fato de França não ter retirado a candidatura ainda pode ser uma estratégia do ex-governador para usufruir das aparições públicas como postulante ao Palácio dos Bandeirantes até o limite.

França como candidato ao governo, na avaliação dos petistas, prejudicaria a costura política nacional e faria com que Lula (PT) e seu vice na disputa à presidência, Geraldo Alckmin (PSB), tivessem de estar em palanques diferentes ao longo da corrida eleitoral.

Para o PT, as eleições estaduais são projeções da polarização nacional entre Lula e Jair Bolsonaro (PL). Portanto, ter duas candidaturas à esquerda, de oposição ao atual presidente, enfraqueceria tanto Haddad quanto França.

Mesmo assim, a campanha de Haddad trabalha com a possibilidade de França não largar o osso e manter sua candidatura.

Integrantes da campanha de Márcio França ouvidos pelo UOL endossam que ele não descarta concorrer ao Senado e abrir mão do governo, mas, para isso, quer "ser convencido" de que é a melhor opção para a costura nacional do PT e PSB, com a eleição de Lula e Alckmin.

Eles relatam que o ex-governador tem convicção de que é melhor candidato ao governo que Haddad por ter mais trânsito em setores como a Polícia Militar, a maçonaria e núcleos religiosos. Também há um tom de insatisfação pela condução da negociação por parte do diretório paulista do PT, que se mostra irredutível em torno do nome de Haddad.

O ex-presidente Lula é quem centraliza as negociações com França e o PSB para a chapa. Alckmin também participa das conversas.

Além de São Paulo, o PT e o PSB devem resolver os impasses com candidaturas em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Rio de Janeiro — neste último, a questão é quem será o representante para o Senado.