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Requião elogia Alckmin e diz que Lula é 'outro sujeito' após prisão

Allan Brito e Matheus Mattos

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/06/2022 10h24Atualizada em 03/06/2022 16h19

Pré-candidato ao governo do Paraná, Roberto Requião está filiado ao PT, mas já fez análises duras ao partido no passado e disse que continua crítico a algumas posições. Hoje, durante a sabatina UOL/Folha, ele foi perguntado sobre essas manifestações e explicou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, presidenciável petista e líder nas pesquisas, está diferente do passado.

"Eu fui adversário e crítico da politica econômica do PT. Mas sou amigo do Lula. O que eu disse é que, se o lulismo é credo, não sou discípulo, sou crítico. Quando me filiei, Lula teve gesto comigo e disse 'tivemos entreveros, mas hoje acho que muitos dos puxões de orelhas que tomamos nós merecemos'", afirmou.

"O Lula que saiu da cadeia é outro sujeito. Leu muito, refletiu muito, pensou muito e hoje é um sujeito de formação e convicção anti-imperialista e nacionalista pesadíssima. É a esperança para voltar à normalidade, discutir política e ter liberdade de comunicação", disse Requião. "Lula é o que temos à mão para salvar Brasil da entaladela em que nos metemos."

Requião elogiou Geraldo Alckmin (PSB) na chapa com Lula e afirmou que a aliança dá demonstrações contrárias ao atual governo de Bolsonaro. "Acho que Alckmin agrega. Ele monta esse contexto nacional do Brasil se revoltando contra boçalidade do liberalismo econômico. Se tivermos programa aristotélico, Alckmin está dentro. Não é revolução. É retomada do Brasil pelos brasileiros", afirmou.

"No começo eu até fiz algumas críticas ao Alckmin, mas eu pessoalmente gosto dele e acho que enriquece esse momento e transforma a eleição do Lula num movimento nacional de salvação do país."

Ele também criticou o partido ao qual era afiliado anteriormente, o MDB. "Eu não saí do MDB, o MDB saiu de mim. Fui redator da carta de princípios do MDB. Introduzimos uma frase que o MDB é partido das classes populares, desligado do grande capital. É o partido das minorias e do povo. MDB saiu disso, virou balcão de negócios."

Disse que admirava o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro "no começo" e que Lula está "mais experiente" e "entendeu por que derrubaram a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e por que ele foi para a cadeia".

"O Sergio Moro estava por egocentrismo ou algum outro motivo, a serviço que não são dos brasileiros. A investigação do [site] Intercept deixou claro que ele não investigava os amigos."

O pré-candidato negou a possibilidade de um golpe após as eleições se Jair Bolsonaro (PL) não for reeleito. "Essa história que o Exército vai se opor é bobagem. O Exército está entranhado na sociedade. Qualquer oficial tem parente que está sofrendo efeitos dessa maldita política econômica."

Sobre a política econômica de um eventual novo governo de Lula, disse que ele "poderá fazer tudo o que a circunstância lhe permitir". "PT tem que ter projeto de governo. Chamaria de aristotélico", definiu o projeto, criticando as privatizações feitas pelo governo de Ratinho Jr. (PSD).

"Falta governo, falta investimento, querem privatizar tudo, transformar em negociata, com ratões e ratinhos. Mudo isso no dia seguinte. Demito a direção da Sanepar inteira. Demito a direção da Copel, baixo as tarifas e invisto no estado", disse, citando as companhias de Saneamento e de Energia do Paraná.

Considerou desnecessária a "agressão obsessiva" de Ciro Gomes (PDT) ao PT. "É um desserviço. Mas a crítica que Ciro faz aos governos anteriores está contribuindo na crítica e ajuda o povo a elevar o nível de consciência política", afirmou. "Acho negativa obsessão de dizer que PT é o partido dos ladrões. Todo mundo sabe que não é assim."

O PT tem tentado se aproximar do PDT no estado, apesar de no cenário nacional os dois partidos terem pré-candidatos.

Sobre agressões a profissionais de imprensa feitas no passado, ele disse que seu "sangue não é de barata" e que "não é perfeito". "Fui agredido por jornalista no Senado, enfiou gravador na minha cara, dentro do Senado. Fui o mais votado do Brasil, meus índices eram de 83% [de aprovação], mas não sou perfeito. Lula não é perfeito. Erros chamamos de experiência para não cometer de novo."

Requião fecha o ciclo de sabatinas com pré-candidatos ao governo do Paraná. Na próxima semana, é a vez de postulantes ao governo de Pernambuco.