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Câmeras, greve, reajuste: propostas de pré-candidatos do PR sobre segurança

Do UOL, em São Paulo

04/06/2022 04h00Atualizada em 04/06/2022 19h16

A segurança pública foi o principal foco das promessas de pré-candidatos ao governo do Paraná durante a semana de sabatinas promovidas pelo UOL e pela Folha de S.Paulo.

Conhecida como "novo cangaço", uma ação de criminosos em Guarapuava, a cerca de 250 km de Curitiba, viralizou em abril com vídeos de violência e pessoas feitas reféns. A quadrilha tinha como alvo uma transportadora de valores na cidade, que não chegou a ter dinheiro levado, segundo a PM (Polícia Militar).

O atual governador, Ratinho Jr. (PSD), que tentará a reeleição, elogiou a polícia e o que fez durante sua própria gestão.

"Preparados [os policiais] estão, tanto é que não teve êxito o assalto. Eles [os criminosos] saíram 'corrido' de Guarapuava, como ocorreu em Três Barras alguns dias antes, quando todos os bandidos que trocaram tiros com a polícia acabaram morrendo. Nós fizemos uma transformação na segurança pública do estado, que é reconhecida nacionalmente", afirmou.

"Há alguns anos, a polícia estava empurrando viatura, porque não tinha gasolina; os cães não tinham ração no canil, era o estado que tinham mais presos em delegacias. Hoje todos os presos são cuidados pelo sistema penal. Em 16 anos, Paraná fez dez penitenciárias. Em três anos, eu fiz 16", acrescentou.

Mas afirmou defender "um treinamento periódico, buscar fazer uma polícia cidadã, próxima das famílias". "Mas também nós temos que compreender que cada vez mais o crime organizado tem jogado duro, fortemente armado. E isso obriga a polícia a ter um enfrentamento de guerra", afirmou.

Ele citou avanços nos últimos anos e prometeu a construção de um centro de inteligência. "Hoje temos os melhores equipamentos, viaturas novas e semiblindadas, trabalhando com tecnologia. Vamos lançar o maior centro de inteligência e planejamento de segurança pública", prometeu.

A professora Angela Machado, do PSOL, foi na linha contrária, propondo a desmilitarização e unida com a Polícia Civil, formando um único corpo policial no estado.

Para ela, também se faz necessário que ocorra uma "municipalização" da política de segurança pública no Paraná, com guardas civis municipais ganhando mais protagonismo para atuar na vida comunitária e ser mais humanizada.

"Achamos que uma polícia deve ser humanizada, que se deve investir na inteligência e deve haver uma polícia única, que investigue e esteja atendendo a população."

Também defendeu o direito de greve dos policiais, apesar de ser vetado pela Justiça. "Se fosse uma polícia desmilitarizada, já não teria esse problema [de impeditivo de greve]. Defendo o direito de greve de todo trabalhador, é um instrumento legal em todas as outras categorias, é a forma como se negocia com o patrão. Os PMs no Paraná estão há meses em greve e é muito justa a luta deles."

O atual governo foi seu principal foco de críticas. "O Estado terceiriza, privatiza, e isso só piora a qualidade, em todos os sentidos. Eu, como governadora, vou pensar em políticas que tragam tudo isso para os alunos, para as famílias, para que a escola seja um local seguro."

Roberto Requião (PT) também criticou as privatizações do governo estadual e se apoiou nas mudanças que um eventual novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, de seu partido, possa fazer a nível federal.

"Falta governo, falta investimento, querem privatizar tudo, transformar em negociata, com ratões e ratinhos. Mudo isso no dia seguinte. Demito a direção da Sanepar inteira. Demito a direção da Copel, baixo as tarifas e invisto no estado", disse, citando as companhias de Saneamento e de Energia do Paraná.

Cesar Silvestri Filho (PSDB) também apoiou as manifestações dos servidores públicos e disse que Ratinho Jr. errou ao considerar que eles são "adversários políticos".

Sobre segurança pública, afirmou que "há um enfraquecimento muito grande das instituições". "Estamos com o menor efetivo de polícia da história. Não foi contratado um único policial desde que o governo Ratinho foi iniciado. Estamos com o menor número de delegados por ambiente do Brasil. Todo esse ambiente esgarça muito essa relação."

"O sistema de segurança política deve ser visto como sistema, fazendo os investimentos adequados, acompanhamento psicológico eficiente, armamento para fazer os enfrentamentos e atuar na legalidade", afirmou.

Foi contra a colocação de câmeras nas fardas policiais. "Muito antes de impor a discussão das câmeras aqui no Paraná, eu pretendo equipar, preparar e condicionar as polícias adequadamente."