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Quem é Simone Tebet, candidata da "3ª via" à Presidência nas Eleições 2022

Simone Tebet, candidata a presidente pelo MDB - Divulgação
Simone Tebet, candidata a presidente pelo MDB Imagem: Divulgação

Gabriel Dias

Colaboração para UOL

09/06/2022 17h38

Pré-candidata do MDB à Presidência da República nas eleições de 2022, a senadora Simone Tebet foi o nome escolhido pelo grupo de partidos intitulado de "centro democrático" para ser uma "terceira via" na próxima disputa presidencial.

O nome dela é o único que se mantém como opção para PSDB, MDB e Cidadania, após João Doria (PSDB) desistir de concorrer - o PSDB confirmou o apoio nesta quinta (8). O quarto partido que poderia fazer parte do grupo, o União Brasil, abandonou o colegiado e apresentou o nome do presidente da sigla, Luciano Bivar.

Mãe, advogada, professora e senadora da República, Simone Tebet tem 52 anos e nasceu em Três Lagoas (MS). Senadora em primeiro mandato por Mato Grosso do Sul, é filha do senador Ramez Tebet, que também foi governador, ministro e presidente do Senado.

Aos 16 anos, foi aprovada na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), uma das mais conceituadas do país. Depois de formada, tornou-se professora universitária de direito público e administrativo, atividade que exerceu durante 12 anos em diferentes e renomadas instituições.

Durante esse período, também atuou como consultora jurídica e foi diretora da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, onde acumulou experiência técnica e vivência em gestão pública.

Carreira política

Em 2002, aos 31 anos, elegeu-se deputada estadual e em 2004 foi a primeira mulher eleita como prefeita de Três Lagoas. Em 2008, foi reeleita, com 76% dos votos válidos.

Em 2010, pediu licença do cargo e se candidatou a vice-governadora de Mato Grosso do Sul na chapa com André Puccinelli (MDB). Venceu e, pela primeira vez, uma mulher assumiu esse cargo no estado. Ocupou a Secretaria de Governo da gestão até o início de 2014, quando se candidatou à vaga de senadora da República. Puccinelli chegou a ser preso em meio a acusações de corrupção, mas teve as condenações suspensas pelo TRF (Tribunal Regional Federal).

No Senado, liderou a primeira bancada feminina da história e tornou-se presidente da Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher. Foi também a primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição e Justiça e a primeira mulher a disputar a presidência do Senado em 198 anos.

Votou a favor do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016. Em dezembro daquele mesmo ano, votou a favor da PEC do Teto dos Gastos Públicos, que foi aprovada e congelou gastos públicos.

Em outubro de 2017, votou a favor da manutenção do mandato do então senador Aécio Neves, derrubando decisão da Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) no processo em que ele foi acusado de corrupção e obstrução da Justiça por solicitar R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da JBS.

Em 2019, votou contra o Decreto das Armas do governo, que flexibilizava porte e posse para o cidadão. Em 2021, ela foi a primeira mulher a disputar o comando do Senado Federal, sendo derrotada por Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

CPI da Covid

A senadora se destacou nacionalmente pela atuação na CPI da Covid. Apesar de não ser uma integrante fixa da comissão, ela participou dos principais depoimentos da CPI com uma atitude crítica à gestão do governo Bolsonaro (PL) na pandemia.

Foi depois de uma pergunta feita por Tebet que o deputado Luis Miranda (DEM-DF) citou o nome de Ricardo Barros (PP-PR), atual líder do governo na Câmara, no suposto esquema na aquisição das vacinas Covaxin.

Em uma sessão da CPI, a senadora chegou a ser chamada de "descontrolada" pelo ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, após contestar a atuação do depoente na pandemia.

Terceira via do centro

Durante a sabatina UOL/Folha, Simone Tebet rejeitou o papel de vice na campanha eleitoral, defendeu ser o nome de unificação da centro-direita e criticou o fisiologismo histórico de seu partido.

A senadora defendeu ser a melhor opção para representar a frente de partidos de centro em oposição aos nomes de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lideram as pesquisas de intenção de voto. "Meu nome não é conhecido e tenho o menor grau de rejeição", argumentou a pré-candidata.

Ela também negou que seja uma opção de vice para os demais pré-candidatos. "Não sou candidata à vice-presidência da República. [Se eu] Abrir mão da pré-candidatura à Presidência e aceitar papel de vice, estaria diminuindo o espaço da mulher na política", afirmou.

Ela teve o nome confirmado pelo presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi, mas ainda enfrenta a relutância de parte dos líderes da sigla. Mas a parlamentar afirmou que os caciques do MDB que se opõem a sua candidatura não representam todo o partido. Tebet tem o apoio de nomes como o do ex-presidente Michel Temer, enquanto Renan Calheiros é um dos contrários.

A senadora defende a gestão de Temer na Presidência do Brasil, depois do impeachment de Dilma Rousseff (PT), e afirma que ele tem sido "um bom conselheiro" para ela nos últimos meses.

Temas polêmicos

Simone Tebet não tem posicionamentos firmes em relação a temas controversos. Ela costuma ficar "em cima do muro" em algumas pautas, para tentar agradar aos dois lados da polarização.

Durante a sabatina realizada pelo UOL/Folha, a senadora comentou sobre alguns assuntos polêmicos, como a legalização do aborto, que hoje ela diz ser contra para casos além dos já previstos em lei, mas defendeu que o assunto não seja um "tabu".

"A Constituição foi muito feliz quando permitiu o aborto em casos de estupro, em que a mulher está com a vida ameaçada e em casos de anencefalia", afirmou.

Ela também falou sobre a operação Lava Jato, que "escancarou verdadeiros escândalos", mas que é preciso se certificar melhor se os trabalhos da operação seguiram o devido processo legal.

"Não fico nem a favor nem contra a questão da Lava Jato. A Lava Jato cumpriu um papel muito importante para o Brasil. Não adianta o PT dizer que não houve corrupção. Ninguém devolve R$ 6 bilhões se não devia", afirmou.