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Pré-candidato do PSOL em PE diz que PSB e Marília sinalizam ida à direita

Tiago Minervino e Matheus Mattos

Colaboração para o UOL, em Maceió e em São Paulo

10/06/2022 16h33Atualizada em 10/06/2022 17h08

Pré-candidato do PSOL ao governo de Pernambuco, o advogado José Arnaldo disse que o PSB deixou de ser um partido de esquerda no estado e deu uma "guinada à direita sem precedentes" nos últimos governos. A sigla comanda Pernambuco desde 2007 e a Prefeitura do Recife desde 2013.

Durante sabatina promovida pelo UOL e a Folha de S.Paulo, ele, ao ser questionado sobre a aliança estadual entre o PT e o PSB, afirmou que isso não causa incômodo a ele ou a qualquer outro membro do PSOL, porque eles têm "orgulho da coerência" do partido e seguem comprometidos a ajudar a eleger o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL).

"O que nos faz não compor a candidatura do PSB em Pernambuco, independentemente de ela também apoiar o Lula, é que são projetos completamente diferentes do nosso. O que o PSB fez, especialmente depois do segundo governo de Eduardo Campos, e que continuou em diante com o governo de Paulo Câmara, foi uma guinada à direita sem precedentes", afirmou.

Segundo José Arnaldo, o PSB é uma legenda que tem se comportado como o MDB, agindo pelo "oportunismo". Conforme o pré-candidato, o PSB não se incomoda em fazer alianças com partidos mais à direita ou fazer discursos conservadores, se isso garantir uma vitória nas urnas. Do mesmo modo, a sigla tende a manter um discurso direcionado à esquerda, se for para vencer, embora, assegure o advogado, as gestões pessebistas são aquela da "exclusão", que não interessam à classe trabalhadora.

"O PSB tem o problema do oportunismo: quando é melhor se aliar aos partidos fundamentalistas, eles farão e fazem discursos mais conservadores, e quando é melhor fazer algo mais à esquerda para ganhar as eleições, eles podem fazer, mas o governo já sabemos qual é, que é o da exclusão", disse.

"É importante a gente lembrar que o PSB, dentro do campo da esquerda a nível nacional, adotou há 15 anos modelo parecido ao do MDB, um regime quase de federação independente, não de partido unificado, em que cada estado usa sua tática de sobrevivência. O PSB do Rio é progressista, já aqui em Pernambuco ele se abraçou com o que tem de mais atrasado na política", completou, salientando que o PSOL não tem interesse em fazer aliança "com quem a gente discorda por conta de um momento de conjuntura nacional".

Ele, que foi vice na chapa de Marília Arraes, então no PT, durante a disputa pela Prefeitura do Recife em 2020, também criticou a ida da deputada federal ao Solidariedade. Ela hoje é sua adversária e está à frente nas pesquisas de intenção de voto.

"Sabemos das dificuldades que havia para Marília no PT. Mas o que temos ouvido é a construção de uma aliança com o PSD, o PP e o Avante, partidos de sustentação do governo Bolsonaro. Quando a deputada constrói uma chapa com essa perspectiva, ela sinaliza que as bandeiras da esquerda não são prioritárias em seus projetos."

"A gente não negocia com o bolsonarismo. Todos os que estão aderindo a esse projeto bolsonarista são inimigos do povo brasileiro", afirmou.

Ele afirmou que mantém diálogos com partidos de esquerda, como o PCB, para criar uma frente em Pernambuco, mas acrescentou que "é preciso ter maturidade" no diálogo. "PCB e o Jones Manoel [pré-candidato atualmente pelo partido] não são os nossos rivais."

Evitou chamar Lula de centro: "Eu discordo de fazer essa rotulagem como se fosse para reduzir o papel histórico que o presidente Lula teve em defesa da classe trabalhadora". "Até parece que a direita é formada por um grupo supercoeso, unido e que nunca diverge", afirmou.

A sabatina foi conduzida pelo apresentador Diego Sarza e pelos jornalistas Carlos Madeiro, do UOL, e José Matheus Santos, da Folha de S. Paulo.

O que diz a pesquisa mais recente

Levantamento do instituto Paraná Pesquisas divulgado em maio aponta a deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) à frente na corrida eleitoral para o governo de Pernambuco, com 28,8% das intenções de voto em um dos cenários na pesquisa estimulada — quando é apresentada a lista de nomes dos pré-candidatos.

A ex-prefeita de Caruaru Raquel Lyra (PSDB) aparece na sequência, com 16%, seguida pelo ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho (União Brasil), com 13,6%, e pelo ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes Anderson Ferreira (PL), com 12,1%. Como a margem de erro da pesquisa é de 2,6 pontos percentuais para mais ou para menos, esses três pré-candidatos empatam tecnicamente.

O deputado federal Danilo Cabral (PSB) tem 7,1%, empatando tecnicamente com Ferreira. O advogado João Arnaldo (PSOL) aparece com 1,3%, e o historiador Jones Manoel (PCB), com 0,7%, também tecnicamente empatados.

Brancos, nulos e aqueles que disseram que não irão votar em nenhum dos candidatos somam 13,5%, e aqueles que não souberam ou não responderam, 7%.