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TSE diz que acolheu 10 sugestões das Forças Armadas e da Defesa e negou uma

Presidente do TSE, Edson Fachin diz que as Forças Armadas estão entre as entidades autorizadas a fiscalizar as eleições - REUTERS/Adriano Machado
Presidente do TSE, Edson Fachin diz que as Forças Armadas estão entre as entidades autorizadas a fiscalizar as eleições Imagem: REUTERS/Adriano Machado

Colaboração para o UOL

13/06/2022 13h42Atualizada em 13/06/2022 16h11

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) divulgou nota com o balanço das sugestões recebidas pela CTE (Comissão de Transparência das Eleições). Levando em consideração as propostas sugeridas pelas Forças Armadas e pelo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, a Corte diz ter acolhido dez entre 15 sugestões. Além disso, o TSE informa que analisará outras quatro no próximo ciclo eleitoral (2023-2024) e rejeitou somente uma sugestão.

Uma das sugestões apresentadas pelo general Héber Portella, representante dos militares na Comissão de Transparência Eleitoral, foi a possibilidade de uma totalização de votos ser feita pelo TSE e pelos Tribunais Regionais Eleitorais em paralelo. O objetivo, disse, seria "diminuir a percepção da sociedade de que somente o TSE controla todo o processo eleitoral".

Essa proposta foi uma das recomendações feitas pelas Forças Armadas em março e é o que mais se aproxima do que já disse o presidente Jair Bolsonaro (PL), que defendeu uma "apuração paralela" dos votos.

Na ocasião, o TSE respondeu que não há "sala secreta" para a totalização dos votos. No documento divulgado nesta segunda, o tribunal diz que acolheu parcialmente a sugestão por considerar que já disponibiliza os boletins de urna a qualquer cidadão.

"No que diz respeito à sugestão de 'totalização com redundância dos TREs', a proposta ignora que a centralização foi somente de equipamentos, sem que se tenha promovido qualquer mudança no arco de competências das diversas instâncias jurídicas envolvidas no processo. A rigor, é impreciso afirmar que os TREs não participam da totalização: muito pelo contrário, os TREs continuam comandando as totalizações em suas respectivas unidades da federação", disse o tribunal.

Outras sugestões feitas dizem respeito ao chamado teste de integridade das urnas, um processo de auditoria realizado pelo TSE que consiste na realização de uma votação equivalente à oficial. O objetivo é comprovar que o voto recebido na urna é o mesmo que foi contabilizado.

As Forças Armadas fizeram propostas para ampliar o número de urnas submetidas ao teste e que a escolha dos equipamentos seja realizada por sorteio. Hoje, as entidades fiscalizadoras, como os partidos, escolhem as seções eleitorais para a condução do teste de integridade.

Em relação à primeira sugestão, o TSE informa que o número de urnas neste ano já será ampliado, e por isso a proposta é considerada parcialmente atendida. Em relação ao pedido de sorteio das seções que passaram pela auditoria, o tribunal diz que a medida será estudada para a próxima eleição.

"O TSE optou pela possibilidade de que a escolha das seções eleitorais a serem auditadas nos testes de integridade seja feita pelas próprias entidades fiscalizadoras, sem prejuízo da utilização subsidiária de sorteios. A posição do TSE aumenta o grau de fiscalização, permitindo que as entidades fiscalizadoras identifiquem zonas eleitorais e seções, bolsões de eleitorado, em relação aos quais desejam fiscalização adicional. Em seu silêncio, adota-se o sorteio", disse.

A única sugestão dos militares rejeitada pelo TSE pedia que o relatório de abstenções fosse disponibilizado à sociedade para, segundo as Forças Armadas, "aumentar a superfície de fiscalização do processo eleitoral". Eles também pediram os dados de óbitos. Entre outros pontos, a Corte utilizou a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) como justificativa para não acolher a ideia.

Ao todo, considerando também as sugestões de outras instituições e especialistas, foram recebidas pela CTE 44 propostas. Dessas, 32 foram total ou parcialmente acolhidas; 11 serão analisadas no próximo ciclo eleitoral; e uma, das Forças Armadas, foi rejeitada.

Confira abaixo as sugestões enviadas pelas Forças Armadas e Defesa:

Acolhidas na íntegra:

  • Extensão do prazo para apresentação das propostas ao Plano de Ação, mesmo após a data estabelecida de 17 de dezembro de 2021;
  • TSE deveria, no Plano de Ação, dar destaque à possibilidade de o código-fonte inspecionado em 2021 poder sofrer alteração até a cerimônia de lacração;
  • Atualização do aplicativo "Boletim na Mão", no sentido de incluir funcionalidades que permitam, entre outros aspectos, o armazenamento de vários BU e a totalização em tempo real, a partir do somatório do QR-CODE dos referidos boletins. Poderia, ainda, ser considerada a possibilidade do envio dos dados para um servidor específico, permitindo a auditagem da totalização de mais de uma zona eleitoral, com a legitimidade conferida pelo TSE;
  • Distinção entre auditoria e fiscalização do processo eleitoral: "Recomenda-se que seja mantido o incentivo à participação das Entidades Fiscalizadoras nas atividades de fiscalização das diversas fases do processo eleitoral, principalmente por parte dos partidos políticos, que possuem a competência legal para a contratação de empresas para a realização de auditorias independentes. Recomenda-se, ainda, que o Poder Legislativo Federal seja incentivado a realizar as atividades de auditoria independente no processo eleitoral, tendo em vista sua competência constitucional para o exercício dessas atividades";
  • Institucionalização de procedimento para a hipótese de constatação de irregularidade em teste de integridade;
  • Atuação de empresa especializada de auditoria, contratada por partido político, nos termos da lei eleitoral.

Acolhidas parcialmente:

  • Aumento do nível de confiança do teste de integridade;
  • Totalização descentralizada, com redundância nos TREs. Recomenda-se que a totalização dos votos seja feita de maneira centralizada no TSE em redundância com os TRE, visando a diminuir a percepção da sociedade de que somente o TSE controla todo o processo eleitoral e aumentar a resiliência cibernética do sistema de totalização dos votos;
  • Inclusão das urnas modelo UE 2020 no TPS;
  • Entende-se como fundamental promover testes no modelo de urna UE2020, pois estas ainda não foram utilizadas nas eleições.

Analisadas no próximo ciclo eleitoral:

  • Para aumentar a efetividade do Teste Público de Segurança em futuras oportunidades, sugere-se diminuir as restrições impostas aos investigadores e aumentar a abrangência do escopo do referido teste;
  • Executar teste de integridade das urnas deveria mediante identificação do eleitor por meio de biometria;
  • Sorteio absolutamente aleatório das urnas e seções que comporão o teste de integridade;
  • Realização do teste de integridade das urnas nas condições mais próximas possível da realidade do momento da votação, com a utilização, inclusive, da biometria dos eleitores.

Rejeitada:

  • Recomenda-se que o relatório de abstenções seja disponibilizado à sociedade a fim de aumentar a superfície de fiscalização do processo eleitoral disponível, caso haja amparo legal para tal medida. Recomenda-se, ainda, que os dados dos óbitos, também sejam disponibilizados com maior facilidade às Entidades Fiscalizadoras.

Fachin fala em "diálogo interinstitucional"

O presidente do TSE, ministro Edson Fachin, respondeu, hoje, a um ofício enviado pelo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, na sexta-feira (10), sobre as Forças Armadas não se sentirem "devidamente prestigiadas" na CTE.

Fachin fala em "necessário diálogo interinstitucional" como meio para fortalecer a democracia. "Reforçando, assim, o necessário diálogo interinstitucional em prol do fortalecimento da democracia brasileira".

O ministro ressaltou que as Forças Armadas estão entre as entidades autorizadas a fiscalizar o pleito deste ano e cita "elevada consideração" pelos militares.

"Renovo, no ensejo, os nossos respeitosos cumprimentos a Vossa Excelência, igualmente expressando nossa elevada consideração às Forças Armadas e a todas as instituições do Estado democrático de Direito no Brasil".