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Oyama: Inflação e decisão de Michelle desanimam campanha de Bolsonaro

Colaboração para o UOL

14/06/2022 11h41Atualizada em 14/06/2022 19h36

A percepção da população de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) é o principal responsável pela alta de preços no Brasil e a decisão da primeira-dama, Michelle, de não participar de novas gravações da campanha desanimaram a equipe do mandatário, que tenta a reeleição. A apuração é da colunista do UOL Thaís Oyama, em O Radar das Eleições.

Pesquisa do instituto PoderData, divulgada ontem pelo site Poder360, mostra que 42% da população brasileira considera Bolsonaro o culpado pela inflação. Já 18% atribuem a responsabilidade aos governadores dos estados. As taxas não variaram desde o último levantamento.

"Isso, para a equipe de campanha, pode ser letal para o candidato Bolsonaro. A cristalização dessa percepção significa que não está funcionando aquela retórica dele, dinâmica do discurso, de sempre atribuir a um terceiro as culpas pelas mazelas que o país está passando", analisa a jornalista.

"As pessoas começam a achar: 'escuta, esse cara é o presidente da República, não pode ficar dizendo que inflação é culpa da Ucrânia, governadores e pandemia. 'Tem que resolver'", acrescenta Oyama.

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial no país, fechou maio em 0,47%, segundo informou na quinta-feira (9) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Houve desaceleração em relação ao mês anterior, quando o índice ficou em 1,06%.

Michelle e briga entre Carlos e Flávio

De acordo com a apuração de Thaís Oyama, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, teria desistido de participar das novas gravações da pré-campanha à reeleição do marido para não se envolver no conflito entre os irmãos Carlos e Flávio Bolsonaro. Os dois disputam o comando da comunicação.

"Eles [integrantes da equipe de Bolsonaro] estavam contando muito com ela para alavancar os votos feminino e evangélico. A primeira-dama faltou a duas gravações, na terceira disse que não iria participar. Ninguém sabe o real motivo, mas dizem que foi uma decisão do casal. As suspeitas giram em torno dessa briga entre os irmãos".

As críticas do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) às inserções do programa do PL veiculadas na TV com a participação do presidente Jair Bolsonaro explicitaram suas divergências com o irmão Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na condução da comunicação da campanha à reeleição.

Na semana passada, Carlos ironizou pelo Twitter a campanha de TV do PL. Nela, o presidente aparece cercado de jovens em uma conversa descontraída na qual defende valores da família. Em seguida, surge o refrão: "Sem pandemia, sem corrupção e com Deus no coração, seremos uma grande nação". "Vou continuar fazendo o meu aqui e dane-se esse papo de profissionais do marketing?. Meu Deus!", escreveu o vereador após a divulgação dos comerciais.

A única boa notícia que a equipe de Bolsonaro recebeu nos últimos dias, avalia Oyama, foi a aprovação pelo Senado do teto de 17% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). A campanha espera que a medida reduza os preços dos combustíveis diretamente na bomba.