Secretário diz que CUT fará disparo de mensagens pró-Lula; entidade nega
O secretário de comunicação da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Roni Barbosa, disse hoje que a entidade contratou empresas para disparo de mensagens no WhatsApp para combater fake news. O material enviado nos grupos seria de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato do PT à Presidência da República. Em nota, a a CUT negou que tenha feito esse tipo de contratação.
O secretário de comunicação disse em reunião interna que as chamadas "brigadas digitais" são administradas por militantes interessados. Os grupos, segundo ele, seriam alimentados com conteúdo favorável à pauta trabalhista e contrário ao presidente Jair Bolsonaro (PL). O vídeo foi obtido e divulgado pelo site Metrópoles.
"Organizar uma brigada digital é nada mais, nada menos que organizar um grupo de WhatsApp. Organizar os principais amigos, seja do trabalho, da igreja, do futebol. Organizar os amigos dentro do grupo. Organiza os mais vermelhinhos dentro de um grupo, e vamos convencer toda a turma aí que esse ano é Lula, precisamos derrotar o Bolsonaro", diz Barbosa.
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Secretário de comunicação da CUT, Roni Barbosa
Em outro momento, o secretário da CUT explica a contratação de agências de publicidade para os disparos. Segundo ele, uma "empresa especializada" vai "ajudar nessa tarefa" de mandar as mensagens: "Preparamos toda essa [estrutura] para que isso dê certo", diz.
Em nota, a CUT disse que "todos os integrantes das Brigadas Digitais são pessoas físicas que se inscreveram e se cadastraram voluntariamente na ferramenta e deram consentimento para receber tudo que é produzido pelo setor de comunicação da CUT". Além disso, o texto diz que a organização "não fez, não faz e não vai fazer" propaganda político partidária.
"A CUT historicamente sempre se posicionou nos processos eleitorais, mas nunca pediu, não pede e não vai pedir voto para qualquer candidato. As Brigadas são também um instrumento para que possamos combater, junto às nossas bases sindicais, a disseminação das mentiras, calúnias e o ódio que tomou conta das redes sociais a partir de 2018", diz a entidade.
O PT afirmou que a iniciativa foi da CUT, e não do partido ou da pré-campanha de Lula.
Disparo por WhatsApp na campanha de Bolsonaro
A coligação liderada pelo PT em 2018 abriu um processo contra a campanha de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão pelo uso irregular do disparo de mensagens de WhatsApp durante o pleito.
Em fevereiro deste ano, os ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) rejeitaram por unanimidade uma ação do PDT que questionava a mesma coisa. Naquela ocasião, o tribunal considerou que a acusação do partido era baseada quase exclusivamente em reportagens do jornal Folha de S.Paulo, à época das eleições, que falavam sobre o assunto.
A defesa de Bolsonaro, por sua vez, afirma que os inquéritos do STF não têm "qualquer conteúdo pertinente ou relevante" ligado às ações que pedem a cassação da chapa, e que o PT não apresentou "qualquer indício, mesmo que remoto, que corrobore com suas alegações".
Já Mourão negou ter relação com o suposto esquema de disparo de mensagens. Ao ser questionado sobre o assunto ontem, no Palácio do Planalto, o vice-presidente minimizou o julgamento e afirmou que "não vai acontecer nada".
Carla Zambelli pede investigação
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) apresentou hoje um pedido de investigação à Procuradoria-Geral Eleitoral para apurar se a CUT criou 'brigadas digitais' no WhatsApp para enviar material pró-Lula.
Na ação, a congressista aponta uma série de condutas ilícitas, como suposta distribuição de material de cunho eleitoral, a contratação de prestadores de serviço por pessoa jurídica interposta em favor de pretensa candidatura; possíveis indícios de distribuição massiva automatizada de conteúdo; e suposto apoio direto de entidade sindical a partido político.
A parlamentar pede à PGE que suspenda o recebimento de valores dos fundos partidários do PT, cassação do registro do partido e impugnação de eventual requerimento de registro de candidatura de Lula, ante o abuso de poder econômico configurado.
Em abril, a deputada pediu que o STF (Supremo Tribunal Federal) proibisse o petista de se aproximar da sede do Congresso Nacional, em Brasília. A representação, arquivada pelo ministro Ricardo Lewandowski, deu-se depois de Lula incentivar apoiadores a "incomodar a tranquilidade" de parlamentares como forma de pressão política.
No início deste mês, Carla protocolou no MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) um pedido de abertura de investigação sobre ato realizado pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) na praça de alimentação do shopping Iguatemi, em São Paulo. A manifestação, na quarta-feira (8), reuniu cerca de 100 pessoas.
Na avaliação da congressista, o ato do MTST compõe estratégia coordenada. "Os locais que foram alvos das manifestações são ambientes dedicados a atividades diretamente vinculadas ao sistema econômico nacional", disse ao UOL. Em nota, o Iguatemi afirmou que "registrou uma breve manifestação" e que "respeita manifestações democráticas e pacíficas".
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