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Pré-candidato do MDB descarta apoiar Leite e diz não ter mágoa do tucano

Tiago Minervino e Matheus Mattos

Colaboração para o UOL, em Maceió e em São Paulo

15/06/2022 16h28Atualizada em 15/06/2022 17h27

Pré-candidato do MDB ao governo do Rio Grande do Sul, o deputado estadual Gabriel Souza disse estar acostumado a trabalhar sob pressão ao reafirmar que mantém seu nome na disputa, mesmo com as negociações para que seu partido e o PSDB unam forças em prol da candidatura do ex-governador Eduardo Leite no estado e de Simone Tebet (MDB) à Presidência.

Também disse não ter mágoa do tucano, apesar de ter rompido a promessa de não disputar a reeleição. "Não guardo rancor, faço política olhando para a frente, com princípios e valores."

Durante sabatina promovida pelo UOL e a Folha de S.Paulo, ele afirmou que está preparado para disputar a cadeira principal do Palácio Piratini e que tem o apoio do diretório estadual do MDB para isso.

"Nossa candidatura é para valer, ela está aqui para competir, com muito respeito aos meus adversários, mas com firmeza nos nossos propósitos", declarou, ressaltando seu histórico político como ex-líder do governo de José Ivo Sartori e também como presidente da Assembleia Legislativa gaúcha, que lhe acostumaram a lidar com esse tipo de cenário.

"Se eu não tivesse acostumado a lidar com pressão, não poderia tentar ser governador do Rio Grande do Sul, que é um estado tão importante na federação brasileira. Se não estivesse acostumado com pressão, não teria sido líder do governo Sartori, que foi um governo que iniciou uma série de agendas disruptivas e modernizadoras no estado e fizeram com que o estado chegasse hoje a um nível de equilíbrio financeiro, e que certamente minha gestão na presidência da Assembleia, também sob muita pressão, conseguiu pautar projetos importantes que melhoraram a vida das pessoas. Então, estou acostumado a ambientes em que vivo sob pressão e me considero preparado para ocupar o cargo de governador", completou.

Para o PSDB bater o martelo em apoio a Tebet, foi necessária uma longa negociação sobre os palanques regionais, sobretudo no Rio Grande do Sul. No estado, a sigla tucana exigiu que o MDB apoiasse Eduardo Leite ao governo gaúcho, como contrapartida para abrir mão de um próprio nome ao Palácio do Planalto. Porém, Gabriel Souza insiste em sua chapa para concorrer ao Piratini, o que contraria a aliança nacional. Ele contou que Tebet ainda não o procurou para tratar do assunto, mas que tem conversado com o presidente da legenda, Baleia Rossi (MDB-SP).

Recentemente, Eduardo Leite disse ser "razoável" que o MDB não tenha nome local e apoie sua candidatura.

Souza disse não ver problema em ter dois palanques para Tebet no Rio Grande do Sul. "Não vejo problema que ela tenha apoio de quem quiser apoiá-la. Quanto mais partidos, mais força e tração política ela terá nos palanques regionais. Se dependesse de mim, ela estaria liberada para conversar com outras siglas, inclusive outras que vão disputar o governo."

Os partidos só devem bater o martelo sobre isso depois das convenções partidárias, que duram de julho a agosto.

Sobre o atual regime de recuperação fiscal, que começou a ser desenhado no governo de Ivo Sartori, ele disse ser favorável. "Fui um dos articuladores desse acordo", disse. "Sempre que puder vou renegociar a dívida para diminuir ainda mais os juros, tentar evitar que os juros sejam capitalizados, para tentar fazer com que abaixe o estoque da dívida do estado com a União."

Segundo ele, seus adversários querem revogar o regime de recuperação fiscal para "aumentar os gastos sobre a arrecadação", afirmou. "É o populismo de direita e o populismo de esquerda que querem voltar com o aumento do gasto público sobre a arrecadação."

Ele afirmou que "não existe mais nenhuma obrigação do estado do Rio Grande do Sul em privatizar empresa pública", exceto as já consideradas no plano de recuperação fiscal.

Mas citou a Corsan (Companhia de Saneamento), que exige investimentos anuais. "Se a Corsan não tem condições de ter dinheiro para fazer investimentos, que giram em torno de R$ 1 bilhão, naturalmente é razoável pensar em desestatização da companhia."

Também se posicionou contra a privatização do banco do estado e "contra a venda do Banrisul Cartões, que é a cereja do bolo". "Eu quero fortalecer [a empresa], o Banrisul tem que estar no mercado de varejo bancário brasileiro competitivo, e para isso precisa ter tecnologia e eficiência cada vez maior."

O que diz a pesquisa mais recente

Pesquisa Real Time Big Data, contratada pela TV Record e divulgada em maio, mostra o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) liderando a corrida eleitoral. Com 23% das intenções de voto, ele fica à frente de todos os demais candidatos, que não conseguem alcançá-lo nem dentro da margem de erro, que é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Atrás de Onyx, aparecem oito adversários empatados tecnicamente. São eles: Edegar Pretto (PT) e Ranolfo Vieira Jr. (PSDB), ambos com 7%; Beto Albuquerque (PSB), Pedro Ruas (PSOL) e Luis Carlos Heinze (PP), os três com 6%; além de Vieira da Cunha (PDT), com 3%, Gabriel Souza (MDB), com 2%, e Roberto Argenta (PSC), com 1%.

Na segunda, Eduardo Leite anunciou que vai concorrer à reeleição no lugar de Ranolfo Vieira Jr., seu correligionário e atual governador após ele renunciar.

Calendário das sabatinas no Rio Grande do Sul

  • 20/06 - 10h - Onyx Lorenzoni (PL)
  • 20/06 - 16h - Eduardo Leite (PSDB)