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Leite diz que não abandonou gaúchos e chama Lula e Bolsonaro de muito ruins

Pedro Vilas Boas e Matheus Mattos

Colaboração para o UOL

20/06/2022 16h32Atualizada em 20/06/2022 21h35

O pré-candidato à reeleição ao governo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse, durante sabatina UOL/Folha realizada hoje, que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) são "muito ruins" e que mudou de opinião em relação a participar do pleito, apesar de ter prometido que não concorreria novamente, e que vai concorrer para evitar a polarização nacional também no estado.

"Eu mudei de opinião [sobre reeleição], mas não mudei de princípios. A única razão pela qual admito poder me apresentar para ser governador novamente é porque deixei o governo. Se estivesse no governo, não teria como dividir atenção entre governador e candidato", justificou.

"Eu liderei um projeto para o estado, mas não fiz sozinho. Fiz com outras mãos, com gente que me ajudou e me ajuda, como o governador Ranolfo [Vieira Júnior]. Não apenas como secretário, mas vice. Então, o governo segue adiante, o projeto continua em frente, não há abandono nenhum", acrescentou.

Chamou a polarização entre Lula e Bolsonaro de disputa entre um "passado ruim e um presente que não é bom".

"Os dois são muito ruins por razões diferentes, por conta da economia que não deu certo sob os dois. Lula, embora tenha terminado seu mandato com crescimento econômico, no final do primeiro mandato e início do segundo, começou a construção da nova matriz econômica, que levou o país a quebrar no período Dilma. Sob Bolsonaro, estamos vendo a inflação corroendo o poder de compra da população e uma perspectiva ruim para o cenário econômico e ataque às instituições democráticas. Nenhum dos dois vai curar as feridas, eles vão aprofundar as feridas."

Também disse que tenta fazer "política para construir, e não destruir", apesar de até agora não ter conseguido fazer decolar a proposta da terceira via nas pesquisas de intenção de voto.

Afirmou que sai candidato novamente também para evitar essa polarização no estado, entre uma "direita populista que ataca a renegociação fiscal", e "a esquerda, que tem outro projeto e pouca responsabilidade com as contas públicas".

"O meu partido entendeu que a minha liderança nesse projeto se faz importante, e eu não vou abandonar. Estou aqui me apresentando com toda a humildade ao povo gaúcho."

Disse que abriu mão de remuneração de R$ 20 mil, por ter sido governador, após ação do Partido Novo que contestava esse dinheiro. "Não é antiético, não é ilegal, não é imoral. Mas, se houver condições, farei o ressarcimento do que já recebi", afirmou.

"Não vou abrir espaço para ataques maliciosos que distorcem a realidade, confundem a população. O que era disponibilizado era remuneração pelo período subsequente ao mandato correspondente ao valor do exercício do mandato."

Sobre a terceira via, admite que houve problemas nas negociações e que foi difícil para o PSDB, que sempre teve candidato a presidente da República. "Mas o partido não existe para atender aspirações individuais."

Ressaltou que confia "na capacidade de MDB e PSDB conversarem" para chegarem a um acordo no estado, mas se negou a abrir mão da candidatura para apoiar Gabriel Souza (MDB). "Mas é legítimo que aspire ter candidaturas ao governo", disse.

"Se o MDB oferecer candidatura que apresente melhores condições de evitar que os extremos ganhem a eleição no RS, podemos dialogar, inclusive na lógica do PSDB abrir em favor do MDB, mas não é o que se apresenta neste momento."

Orientação sexual

Sobre ter se declarado gay, disse que, "sempre que a gente busca qualificar as pessoas por rótulo anterior, há algum grau de preconceito".

"Se você coloca a qualificação na frente, há um grau de preconceito sobre gênero, raça, orientação sexual. Quando eu falei aquela manifestação sobre ser um 'governador gay, e não gay governador' é justamente porque na ocupação que eu estava, confiança da população, aquilo era imensamente maior do que minha orientação sexual."

"Acho que não é fácil para ninguém admitir para si próprio, tendo sido criado num mundo que tentou nos convencer de que isso é errado. É difícil admitir para nós mesmos", afirmou.

"Acho que a maior parte das pessoas sofreu conflitos internos, eu pelos menos sofri. Por isso digo: 'Olha, se foi difícil para mim mesmo, como vou cobrar para que as outras, de uma hora para outra, aceitem?' Cada um tem seu momento, suas circunstâncias. Acho que o que é importante é constituir uma cultura de tolerância, não só tolerância, mas reconhecimento de igualdade."

A sabatina foi conduzida por Tales Faria, colunista do UOL, e Alexa Salomão, da Folha de S. Paulo.

O que diz a pesquisa Real Time Big Data

Pesquisa Real Time Big Data, contratada pela TV Record e divulgada em maio, mostra o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) liderando a corrida eleitoral. Com 23% das intenções de voto, ele fica à frente de todos os demais candidatos, que não conseguem alcançá-lo nem dentro da margem de erro, que é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Atrás de Onyx, aparecem oito adversários empatados tecnicamente. São eles: Edegar Pretto (PT) e Ranolfo Vieira Jr. (PSDB), ambos com 7%; Beto Albuquerque (PSB), Pedro Ruas (PSOL) e Luis Carlos Heinze (PP), os três com 6%; além de Vieira da Cunha (PDT), com 3%, Gabriel Souza (MDB), com 2%, e Roberto Argenta (PSC), com 1%.

Na segunda, Eduardo Leite anunciou que vai concorrer à reeleição no lugar de Ranolfo Vieira Jr., seu correligionário e atual governador após ele renunciar.