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Tebet critica Bolsonaro, mas endossa CPI da Petrobras: 'Pronta pra assinar'

Simone Tebet no lançamento de sua pré-candidatura em 2022 pelo MDB - Reprodução
Simone Tebet no lançamento de sua pré-candidatura em 2022 pelo MDB Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL

20/06/2022 21h00Atualizada em 20/06/2022 21h00

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), pré-candidata à Presidência da República, endossou, em entrevista ao podcast O Assunto hoje, o pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL) para instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) com o objetivo de investigar a Petrobras após seguidos aumentos nos preços dos combustíveis.

Porém, a parlamentar - que tenta representar uma alternativa à polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - criticou a postura do atual mandatário em relação à companhia.

"Quando eu acho que já vi de tudo, algo acontece para me surpreender. Nunca vi um presidente da República querer abrir uma CPI para investigar atos que podem inclusive condená-lo. Faço questão de assinar, para a gente apurar de que forma está sendo essa ingerência numa estatal, o que pode inclusive dar em um crime de responsabilidade", disse ao podcast do portal G1.

Tebet disse que a apuração pode revelar "algo de muito sério". "[A CPI] pode escancarar algo que esteja acontecendo de muito sério dentro da Petrobras. O que pode resolver o problema do combustível não é um governo omisso, inoperante e que terceiriza problemas ou tenta interferir de forma eleitoreira, muito menos decisões erráticas do próprio Congresso Nacional."

Durante a entrevista, a senadora também se posicionou contra a privatização da Petrobras. "O problema da Petrobras é outro. É que nós temos um presidente da República que não sabe o que fazer com ela, porque [ele] é incompetente e terceiriza os problemas que não sabe resolver", disse.

Bolsonaro e Lira articulam CPI

Após a Petrobras anunciar novos aumentos nos preços dos combustíveis, o presidente da República Jair Bolsonaro afirmou na sexta-feira (17) que conversou com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e que ele irá propor a líderes partidários a criação de uma CPI para investigar a estatal, seus diretores e membros do Conselho.

"Nossa ideia é propor uma CPI para investigar a Petrobras, seus diretores e os membros do Conselho. Queremos saber se tem algo errado nessa conduta deles, porque não é possível se conceder um reajuste com o combustível lá em cima e com os lucros exorbitantes", disse, em entrevista à Rádio 96 FM de Natal.

Bolsonaro criticou os novos aumentos anunciados pela Petrobras de 14,26% para o diesel e 5,18% para a gasolina. Segundo ele, foi uma "traição para com o povo brasileiro", porque a empresa tem que ter também um fim social, "mas só se preocupa com o lucro".

CPI da Petrobras deve travar

A sugestão do presidente Jair Bolsonaro, logo após o anúncio de um novo aumento nos preços de combustíveis, de o Congresso criar uma CPI para investigar a conduta de dirigentes da cúpula da Petrobras não deve prosperar, afirmaram à Reuters fontes legislativas, mas a estatal deverá ainda assim ser alvo de questionamentos e novas ações de parlamentares.

A alta dos combustíveis tem sido um dos principais nós que Bolsonaro enfrenta em sua corrida à reeleição, segundo um integrante da pré-campanha do presidente.

Entretanto, uma CPI sobre a Petrobras às vésperas das eleições tem chances remotas de prosperar, segundo fontes da Câmara e do Senado ouvidas pela Reuters. Em um mês o Congresso vai entrar em recesso e —exceto por reuniões extraordinárias— só deve voltar a funcionar após o pleito de outubro.

A avaliação é que, em ano eleitoral, não haverá por parte dos parlamentares ímpeto e tempo hábil para levar a comissão adiante. Nesse período, tradicionalmente o Legislativo fica esvaziado porque deputados e senadores miram suas atenções para sua reeleição ou de olho nas suas bases eleitorais.