Dois homens invadem reunião de campanha e um deles chama Lula de 'corrupto'
Dois homens invadiram o evento de lançamento das diretrizes do programa de governo da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A reunião foi em São Paulo, a portas fechadas, mas com transmissão pela internet. Um deles chamou o ex-presidente de "corrupto".
As equipes de segurança particular do ex-presidente e do hotel ainda apuram como os dois conseguiram entrar na sala, localizada no mezanino de um hotel na região central da capital paulista. Os dois homens foram levados a uma delegacia.
Um dos homens interrompeu a fala do ex-presidente e tentou se aproximar dele, mas foi rapidamente contido, segundo a assessoria. Lula agradecia o partido e integrantes da campanha quando o homem se aproximou.
Gritando "corrupto", o homem foi rapidamente tirado do local, enquanto os presentes —incluindo lideranças partidárias, assessores e apoiadores— gritavam "olê, olê, olê, olá, Lula, Lula".
"Nós vamos dar resposta aos bolsonaristas no dia da eleição", declarou o ex-senador Aloízio Mercadante (PT), presidente da Fundação Perseu Abramo e um dos coordenadores da campanha, ao encerrar a reunião.
Ainda segundo a assessoria de imprensa da campanha, a plataforma de governo que a campanha lançou no início dessa manhã já sofreu 15 tentativas de invasão de hackers para ser tirada do ar. O objetivo é receber propostas que serão analisadas e, se aprovadas, incluídas no programa de governo.
No fim da tarde, um homem que se apresenta como pré-candidato a deputado estadual por São Paulo disse, nas redes sociais, que foi ele quem invadiu a reunião. Na descrição, ela afirma que é "fechado com [Jair] Bolsonaro e Tarcísio [de Freitas]".
Em nota, o PT afirmou que o invasor falsificou nome para entrar em evento de convidados e que não irá comentar questões de segurança.
Suplicy reclama que não foi convidado
Antes da invasão, o vereador paulistano Eduardo Suplicy (PT-SP) interrompeu a fala de Mercadante e reclamou que não tinha convidado para a reunião. Ele quis apresentar o programa Renda Básica da Cidadania.
"A proposta não foi considerada, infelizmente, entreguei por e-mail há dez dias e não foi considerada ainda, aprovada por todos os partidos e sancionada pelo presidente Lula. Está no programa do PT há anos. Ele [Mercadante] tem alguma coisa comigo, não me convidou para a reunião! Mas hoje estou aqui", disse Suplicy, em pé, fora dos microfones.
Lançamento das diretrizes de governo
A reunião hoje marcou o lançamento das diretrizes que servirão de base para o programa de governo de Lula, adiantadas ontem pelo UOL. Além do ex-presidente e de Alckmin, se reuniram representantes dos sete partidos para apresentar as propostas que nortearão a campanha.
Ao todo, são 121 propostas divididas entre os grupos: desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e defesa da democracia. Marcam o documento a revisão da reforma trabalhista, revogação do teto de gastos, a proposta de uma reforma tributária e posicionamentos contra a privatização da Petrobras e da Eletrobras.
A revogação da reforma trabalhista, que constava no documento original do PT, foi amenizada nesta versão final com a proposta de revogar apenas os "marcos regressivos da atual legislação trabalhista".
No geral, o texto é moldado por um forte tom contra o governo Jair Bolsonaro (PL), principal concorrente de Lula, com críticas ao enfrentamento "bélico" na política de combate às drogas, ao crime ambiental e à grilagem (chamada de "milícias") e no fortalecimento do SUS (Sistema Único de Saúde) e do real.
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