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Barroso diz que apontar fraude nas urnas é 'estratégia política lamentável'

Ministro Luís Roberto Barroso - Nelson Jr. / STF
Ministro Luís Roberto Barroso Imagem: Nelson Jr. / STF

Colaboração para o UOL, em Maceió

22/06/2022 21h57

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e ex-presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Luís Roberto Barroso afirmou que o sistema eleitoral brasileiro é confiável e imune a irregularidades, e que apontar a possibilidade de fraudes nas urnas eletrônicas é uma "estratégia política lamentável".

"O sistema [eleitoral] é verdadeiramente imune de fraude. E acusar o sistema de fraudulento é só uma estratégia política lamentável", destacou Barroso, hoje, durante evento promovido pela Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro.

Segundo o ministro, mesmo que um hacker consiga derrubar o sistema do TSE, ele não terá acesso e tampouco conseguirá afetar o resultado final das eleições, pois as urnas eletrônicas ficam isoladas, ou seja, fora do sistema.

"Nós sempre tranquilizamos a população de que os resultados das eleições saem das urnas eletrônicas quando elas imprimem o boletim às 17 horas com o resultado. Aí acabou a eleição. O resto é só fazer conta. São 6 mil municípios, dezenas de milhares de candidatos. A gente faz a totalização [dos votos] no TSE. Dá para fazer à mão, somando os boletins de urna. De modo que o sistema não é passível de fraude. Ou pelo menos não é passível de fraude cibernética, porque não tem como chegar ao sistema", afirmou.

Luís Roberto Barroso também salientou que a Justiça Eleitoral vai agir para minimizar os ataques à integridade do sistema eleitoral brasileiro, que tem sido constantemente atacado com acusações infundadas de fraudes e de manipulação, sobretudo por parte do presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores.

Porém, conforme Barroso ressaltou, "o programa que roda na urna é validado por estatísticos, pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, de modo que não tem como fraudar [as urnas]", completou.

TSE lança canal para denunciar desinformações

Nesta semana, o TSE lançou o Sistema de Alerta de Desinformação Contra as Eleições, um canal que servirá como ferramenta para alertar sobre fake news que envolvam o pleito geral deste ano nas múltiplas plataformas disponíveis. A medida tem o intuito de coibir possíveis tentativas de burlar o processo eleitoral.

O canal, que pode ser acessado no site do TSE, é indicado para denunciar violações dos termos de uso de plataformas digitais, sobretudo para veicular conteúdo inverídico, ou disparo de mensagens em massa sobre o processo eleitoral.

Conforme a Justiça Eleitoral, se enquadram nos pré-requisitos de desinformações que podem ser denunciadas as notícias equivocadas sobre a participação nas Eleições 2022, distorcendo dados relativos a horários, locais de votação e documentos exigidos.

Bolsonaro tem feito ataques sucessivos ao TSE

Desde o ano passado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem feito intensas críticas ao TSE e aos ministros da Corte, especialmente Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Alexandre de Moraes, em busca de descredibilizar o processo eleitoral do país, sobretudo em relação às urnas eletrônicas. No entanto, até o momento o político não apresentou qualquer prova que corrobore suas acusações infundadas.

As investidas de Bolsonaro contra o processo eleitoral têm causado incômodo até dentro da campanha do mandatário, que buscará a reeleição. Conforme o UOL mostrou, aliados do presidente alertam que essa postura pode enfraquecer a candidatura.

Na semana passada, ao ser eleito novo presidente do TSE, Alexandre de Moraes, o principal alvo dos bolsonaristas, afirmou que a Justiça Eleitoral não vai tolerar a atuação de milícias.

"Nossas eleitoras e eleitores não merecem a proliferação de discurso de ódio, de notícias fraudulentas e da criminosa tentativa de cooptação, por coação e medo, de seus votos por verdadeiras milícias digitais. A Justiça Eleitoral não tolerará que milícias pessoais ou digitais desrespeitem a vontade soberana do povo e atentem contra a democracia do Brasil", declarou.