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Campanha de Lula comemora prisão de Ribeiro, mas não vê impacto na eleição

Jair Bolsonaro e Milton Ribeiro durante evento no Palácio do Planalto em 4 de fevereiro - Getty Images
Jair Bolsonaro e Milton Ribeiro durante evento no Palácio do Planalto em 4 de fevereiro Imagem: Getty Images

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

22/06/2022 16h49

A prisão de Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação, hoje repercutiu muito bem no PT e entre apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas a avaliação é que haverá pouco efeito prático eleitoralmente.

A lógica dentro da pré-candidatura é que a ligação direta de Ribeiro com o presidente Jair Bolsonaro (PL) pode atingi-lo, porém, a essa altura do campeonato, não terá impacto decisivo. O assunto deverá ser tratado mais como um tema partidário do que de campanha. Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa, não deverão se pronunciar oficialmente.

Ribeiro foi preso na manhã de hoje sob suspeita de envolvimento em um esquema de corrupção e tráfico de influência no MEC (Ministério da Educação). Também são alvos da operação da Polícia Federal dois pastores que não tinham ligação oficial com a pasta, mas atuavam junto a prefeitos para liberação de verbas a municípios.

Ministro de Bolsonaro por quase dois anos, entre 2020 e 2022, ele deixou a pasta em meio às denúncias, reveladas inicialmente pelo jornal Estado de S. Paulo, mas havia contado com a defesa do ex-chefe, que chegou a dizer que colocaria a "cara no fogo" por ele.

A prisão, que já preocupa o entorno do presidente, é comemorada por petistas e pela oposição e a ligação dos dois nomes deverá ser reforçada nos próximos dias. Segundo interlocutores, o esforço é relacionar cada vez mais o nome de Bolsonaro à corrupção, mas de forma institucional, não por meio de falas eleitorais.

"A prática de corrupção de Bolsonaro é como um câncer descontrolado, que não foi curado e começa a mostrar metástase, disseminação por vários órgãos do governo. Foi assim com as vacinas na Saúde, com o tratorão no Desenvolvimento Regional e, agora, a propina da bíblia no MEC", afirma o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), próximo à campanha.

O episódio da "cara no fogo" também foi lembrado pelo perfil oficial do PT e pela deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do partido, no Twitter. Ela chamou Bolsonaro de "maior mentiroso da paróquia" e disse que "a conta [por Ribeiro] é sua".

A avaliação lulista, no entanto, é que, embora a prisão crie um empecilho para o discurso anticorrupção de Bolsonaro, não deverá causar tanto impacto assim entre seus eleitores. Para os petistas, quem segue o acompanhando Bolsonaro até o momento dificilmente mudará de opinião por este caso.

O clima na campanha está leve. Com vantagem de 13 pontos percentuais, de acordo com o agregador de pesquisas do UOL, os apoiadores do ex-presidente seguem otimistas e avaliam que o caminho já está favorável a Lula.

Por isso, a sugestão entre os partidos da aliança é que o caso deva ser tratado de forma partidária e parlamentar. Lula e Alckmin deverão ignorar o assunto e seguir tratando de pautas propositivas —uma recomendação antiga da área de comunicação— enquanto deputados e senadores agem.

Assinaturas para uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do MEC já estão sendo colhidas no Senado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos coordenadores da campanha de Lula, e na Câmara pelo PT.

"A prisão de Milton Ribeiro é tardia se considerarmos o que são as denúncias. Havendo provas de que o Milton Ribeiro se envolveu no esquema, como se suspeita, é muito grave e exige atuação firme das autoridades", afirma Juliano Medeiros, presidente do PSOL, que compõe a aliança.