Ciro e Tebet se manifestam sobre caso Pedro Guimarães: 'Assédio em série'
Pré-candidatos à Presidência da República se manifestaram sobre as denúncias de assédio sexual contra Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal e aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL).
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) pediu respostas rápidas no caso, e lembrou que o julgamento da ação movida pela jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo, contra Bolsonaro será retomado hoje. Em 2020, o presidente insinuou que a profissional trocaria informações por favores sexuais.
"Há forte apreensão nacional com duas ocorrências de agressão a mulheres envolvendo membros do governo. O julgamento da ofensa grave de Bolsonaro contra a jornalista Patrícia Campos Mello. E as denúncias de assédio sexual em série do presidente da Caixa", escreveu Ciro nas redes sociais.
O pedetista também disse que as denúncias contra Guimarães mostram que ele teria "agido como um predador contumaz, uma espécie de serial killer da honra de várias funcionárias" do banco.
Ele continuou, dizendo que escândalos desta natureza derrubariam governos em outros países. "Aqui, por enquanto, são apenas novos capítulos da série de episódios macabros estrelados na alta cúpula federal", declarou.
Na tarde de hoje, durante evento da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Ciro voltou a comentar o assunto e chamou Pedro Guimarães de "bandido".
Uma autoridade pública que usa do seu poder para constranger sexualmente mulheres é um bandido. Tinha que ser demitido e responder pela cadeia.
Ex-ministro Ciro Gomes comenta denúncias de assédio sexual contra Pedro Guimarães
Na noite de ontem, a pré-candidata do MDB, a senadora Simone Tebet, já havia pedido o afastamento de Guimarães da presidência do banco. "Assédio sexual é crime e precisa ser combatido com o rigor da lei. As denúncias contra o presidente da Caixa Econômica Federal exigem investigação e apuração rigorosas e imediatas", escreveu nas redes sociais.
Hoje, durante evento promovido pela CNI, Simone Tebet classificou o episódio como "inadmissível" e disse que, em seu governo, Guimarães teria "demissão sumária garantindo ampla defesa porque sou advogada".
"O mínimo que se exige de respeito a uma mulher num mercado de trabalho na iniciativa privada é que a respeitem na sua condição de ser."
Eu já sofri violência política desde quando comecei, quando da primeira vez, não conseguia reagir, era muito nova, fui chorar no banheiro. E da terceira vez em diante eu respondi à altura.
Senadora Simone Tebet confessa ter sido vítima de assédio sexual no ambiente de trabalho
A senadora acrescentou que a bancada feminina ficará atenta para que Guimarães "possa sofrer as penalidades exigidas pela lei", caso os fatos sejam comprovados.
Outros políticos também se manifestaram nas redes sociais, como o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o pré-candidato à Câmara dos Deputados Guilherme Boulos (PSOL).
Entenda as denúncias
As denúncias, que incluem toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis à relação de trabalho, começaram a surgir no fim do ano passado. Todas as mulheres trabalham ou trabalharam em equipes que atendem diretamente ao gabinete da presidência da Caixa.
Em entrevista ao site Metrópoles, as mulheres disseram que se sentiram abusadas em diferentes ocasiões, e sempre em compromissos de trabalho. Os casos aconteceram, muitas vezes, em viagens relacionadas ao programa Caixa Mais Brasil.
Segundo relato, o presidente do banco escolhe, preferencialmente, "mulheres bonitas" para as comitivas nas viagens. De acordo com Ana*, uma das funcionárias que denunciaram o assédio, o comunicado de escolha é como um prêmio.
Outra prática comum, segundo as funcionárias, é que mulheres que despertam a atenção de Guimarães durante as viagens sejam chamadas para atuar em Brasília, muitas vezes promovidas hierarquicamente sem preencher requisitos necessários. A prática deu, inclusive, origem a uma expressão usada para se referir a elas: "disco voador".
Ana* relata, também, que Pedro Guimarães se sente "dono" das funcionárias mais próximas. Segundo ela, é comum que o presidente pegue na cintura e pescoço delas, e insiste quando elas negam mais aproximação.
Muitas funcionárias também relataram terem sido chamadas a irem ao quarto do chefe. Duas delas relatam terem sido chamadas com suposta urgência para levar itens que Guimarães precisava: "Ele pede carregador de celular, sal de fruta, remédios", relata Beatriz*, outra vítima que conversou com o site.
Em contato com o UOL, o Ministério da Economia disse que não irá se manifestar sobre o caso.
Em nota, a Caixa afirma que "não tem conhecimento das denúncias apresentadas pelo veículo e que adota medidas de eliminação de condutas relacionadas a qualquer tipo de assédio.". Ainda no texto enviado ao UOL, a instituição diz que "o banco possui um sólido sistema de integridade, ancorado na observância dos diversos protocolos de prevenção, ao Código de Ética e ao de Conduta, que vedam a prática de 'qualquer tipo de assédio, mediante conduta verbal ou física de humilhação, coação ou ameaça'".
'Tenho vida pautada pela ética'
Guimarães participou nesta manhã de um evento da Caixa que, inicialmente, havia sido cancelado após a revelação das denúncias. O presidente do banco chegou ao local acompanhado da esposa.
Em discurso, ele afirmou que tem uma "vida pautada pela ética", mas não mencionou diretamente o caso.
*Nomes fictícios
**Com Estadão Conteúdo
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