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Bolsonaro confunde data das eleições e diz que pleito será 'no ano que vem'

30.jun.2022 - O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a cerimônia de entrega de moradias populares em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul - Reprodução/YouTube/TV Brasil e Planalto
30.jun.2022 - O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a cerimônia de entrega de moradias populares em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul Imagem: Reprodução/YouTube/TV Brasil e Planalto

Do UOL, em São Paulo

30/06/2022 17h35Atualizada em 30/06/2022 18h01

O presidente Jair Bolsonaro (PL) confundiu o período eleitoral ao discursar e afirmou erroneamente que o pleito previsto para outubro de 2022 ocorrerá "no ano que vem". A declaração foi dada durante a cerimônia de entrega de moradias populares em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

"A todos vocês, muito obrigada pela oportunidade. Que Deus abençoe o nosso Brasil, que nos dê tranquilidade para bem decidir o futuro do nosso país e termino: não decidam com coração ou emoção, decidam com a razão. Porque o seu ato, em outubro do ano que vem, pode simplesmente definir a maneira como você vai viver, como brasileiro ou como um venezuelano, e nós sabemos o que nós queremos", afirmou.

O presidente não percebeu o deslize e finalizou o discurso normalmente.

Pouco antes, o mandatário havia respondido diretamente a uma pessoa que pedia a volta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ex-presidente e pré-candidato às eleições de outubro. Em sua fala, Bolsonaro afirmou que os "maus vencem quando os bons se dividem."

Durante seu discurso, o presidente perguntou: "O que falta para nós sermos felizes?", referindo-se à situação brasileira. Em resposta, uma pessoa, não identificada, respondeu "A volta de Lula!". Bolsonaro, então, parou o discurso para rebater a declaração.

"Esse não ouviu o que acabei de falar aqui no início. Quando os bons se dividem, os maus vencem", afirmou. A resposta foi seguida por gritos de "mito, mito, mito!" pelos presentes.

No início da fala, o presidente reforçou os discursos de luta do "bem contra o mal" e "somos verde e amarelo" que vêm usando em entrevistas e declarações contra a "esquerda", representada por Lula, que deve disputar a presidência contra Bolsonaro e aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de votos.

"Quando os bons se dividem, os maus vencem. As cores de todos nós são a verde e a amarela. O vermelho representa tudo que há de ruim no momento em nossa pátria. E, complemento, tem algo muito, mais muito mais importante do que a nossa própria vida é a nossa liberdade. Todos nós temos um propósito, uma missão aqui na terra", declarou.

Entrevista à rede norte-americana

O presidente Jair Bolsonaro declarou ontem, em entrevista à emissora norte-americana Fox News, que a esquerda "nunca sairá do poder" caso vença as eleições no pleito deste ano. A declaração, feita sem apresentar provas, faz alusão ao ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.

A mídia nunca me deu visibilidade ou espaço, muito pelo contrário, eles me atacaram o tempo todo durante a campanha. Se a esquerda voltar ao poder, a meu ver, eles nunca sairão do poder e esse país seguirá o mesmo caminho de Venezuela, Argentina, Chile e Colômbia. O Brasil se tornará mais um vagão nesse trem. Jair Bolsonaro em entrevista à Fox News

O trecho com a declaração foi transmitido em uma chamada na programação da emissora. A entrevista completa, conduzida pelo apresentador conservador Tucker Carlson, está prevista para ser transmitida nesta quinta-feira.

O discurso de Bolsonaro reforça a entrevista do assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, à emissora norte-americana, já veiculada nesta semana. Ambas apontam para o crescimento das vitórias dos governos de esquerda na América do Sul. No último dia 20, a Colômbia elegeu pela primeira vez um presidente de esquerda, Gustavo Petro.