É a quarta vez que Datena desiste de ser candidato; veja as justificativas
O apresentador José Luiz Datena (PSC) anunciou hoje que não vai concorrer ao Senado por São Paulo. Esta já é a quarta vez que o apresentador veicula seu nome como postulante a um cargo político, mas acaba desistindo.
Hoje terminava o prazo legal para o apresentador seguir na televisão. Ele não deu muitas justificativas sobre o motivo que o levou a desistir, só argumentou que, embora tivesse de fato um acordo com o presidente Jair Bolsonaro (PL), preferiu "seguir seu caminho". A expectativa é que ele compusesse o palanque do presidente e do ex-ministro Tarcísio Freitas (Republicanos), pré-candidato ao governo, no estado.
O apresentador se filiou ao PSC em abril e "colocou seu nome à disposição" do partido para concorrer ao Senado por São Paulo. Essa é a terceira legenda a que Datena se filia em menos de um ano. Em julho do ano passado, havia se filiado ao PSL, ex-partido de Bolsonaro, e, em novembro, migrou para o PSD, com a intenção de se tornar senador.
As justificativas para as desistências variam de motivos pessoais a pedido da Rede Bandeirantes, onde trabalha. Veja:
Prefeito de São Paulo (2016)
Pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PP nas eleições municipais de 2016, o jornalista da Rede Bandeirantes desistiu da disputa após denúncias contra o seu partido no caso que ficou conhecido como o Petrolão.
"Desisti por causa das novas denúncias de corrupção ligando o partido a que me filiei com o objetivo específico de me candidatar. Lembrei do que meus pais diziam: 'Dizem com quem andas e te direi quem és", declarou o apresentador. "Não posso permanecer em um partido que tomou mais de R$ 300 milhões da Petrobras."
Na época, o então procurador-geral da República Rodrigo Janot havia afirmado que o esquema de corrupção sustentado pelo PP na Petrobras, que tinha como principais operadores o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, desviou R$ 357,9 milhões dos cofres da estatal, entre 2006 e 2014 —161 atos de corrupção em 34 contratos, 123 aditivos contratuais e quatro transações extrajudiciais.
Senado Federal (2018)
Em 2018, Datena já tinha chegado a lançar pré-candidatura ao Senado pelo DEM. O apresentador tinha até o dia 6 de julho para sair da TV e participar das eleições, mas então anunciou a desistência de participar do pleito.
"Deixa eu falar uma coisa aqui. É claro que aparecendo na televisão como estou aparecendo agora fica eliminada qualquer possibilidade de eu ser candidato a qualquer cargo eletivo na República Federativa do Brasil. Como eu deveria ser candidato ao Senado brasileiro, é claro que tomar decisão é uma coisa muito difícil porque é extremamente solitário porque você ouve muita gente, mas quem decide é você", declarou na época.
O apresentador contou que foi aconselhado por três colegas a desistir da candidatura: Ricardo Boechat, então âncora do "Jornal da Band", José Emilio Ambrósio, diretor artístico, e Fernando Mitre, diretor nacional de jornalismo da emissora.
Além disso, houve a pressão dos filhos e da mulher para abandonar a ideia de entrar na política: "Minha mulher, Matilde, ficou desesperada pra caramba".
Vice-prefeito de São Paulo (2020)
Em 2020, o apresentador planejou concorrer a prefeito de São Paulo pelo MDB ou ser vice na chapa do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB). Na época, desistiu da candidatura após um pedido da Rede Bandeirantes.
"Eu resolvi fazer o que a Band me pediu para fazer com maior prazer e carinho depois de quase 30 anos de casa, depois dessa última passagem de 20 anos, desde a equipe do Luciano do Valle. E eu tinha que escolher entre os políticos e o Jhonny Saad e a família Saad e a casa e eu escolhi a casa. Eu preferi a história da Bandeirantes", afirmou.
Senado Federal (2022)
Por fim, neste ano, Datena voltou a se lançar ao Senado em um vaivém que envolveu pelo menos três partidos e acabou sendo decidido no último dia do prazo legal para seguir na apresentação do seu programa, "Brasil Urgente", na Band.
Ele já havia anunciado férias da TV a partir de amanhã (1°), quando passa a vigorar a lei eleitoral. De acordo com a lei das Eleições do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), nenhum candidato pode fazer parte de programas na televisão e rádio a partir desta data, caso queiram se candidatar no pleito deste ano.
"Em primeiro lugar queria deixar a minha palavra de carinho para com o Presidente da República que hoje de manhã deu uma declaração que tinha me escolhido como candidato de São Paulo. E foi isso mesmo que foi acordado, mas eu pensei bem e resolvi seguir o meu caminho. Mas obrigado a ele por ter confirmado o acordo que aconteceu, não foi por parte dele que não deu certo. Quando considerei me candidatar ao Senado, a outros cargos nessas eleições, em outras anteriores, eu mantive um mesmo aliado preferencial que me acompanha e que também é acompanhado por mim desde o início da minha carreira", disse.
Na manhã de hoje, Bolsonaro declarou apoio a Datena. Os dois almoçaram juntos no último dia 21 de junho, fora da agenda oficial do governo, como parte de um gesto do Chefe do Executivo federal para convencer o comunicador a entrar na disputa como parte da chapa de Tarcísio, o candidato bolsonarista ao governo paulista.
"Eu estou com o Datena lá, fechei com o Datena, está no outro partido e tem críticas, assim como tem gente que critica o Tarcísio, que critica a mim. Não dá para a gente pacificar o negócio", afirmou ele a apoiadores.
Pesquisa Exame/Ideia, publicada no começo deste mês, mostrou Datena na liderança das intenções de voto para o Senado em São Paulo. O apresentador aparecia empatado tecnicamente com o ex-governador Márcio França (PSB).
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