Esta é parte da versão online da edição de segunda-feira (4) da newsletter UOL nas Eleições 2022. No boletim completo, você lê ainda sobre a preocupação do PT paulista com uma investigação sobre o PCC, a 'ajuda' mútua entre Lula e Marília Arraes em Pernambuco e a avidez de aliados lulistas em especular nomes para um futuro ministério. Para assinar o boletim e recebê-lo diretamente no seu email, cadastre-se aqui.
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A virada de junho para este mês de julho desenhou o mapa da guerra de Jair Bolsonaro (PL) para tentar manter-se competitivo na disputa presidencial: abrir os cofres públicos com medidas eleitoreiras e jogar pesado contra Lula (PT). Em linhas gerais, parece existir método e estratégia no desespero do presidente, muito atrás do petista nas principais sondagens eleitorais, como mostra o Agregador de Pesquisas do UOL.
Pressionado, Bolsonaro, com um pé-de-cabra e ajudado pelo centrão, arrombou os cofres para tentar melhorar a avaliação de seu governo. Abriu também a caixa de ferramentas e tirou dela uma marreta para tentar aumentar, na pancadaria, a rejeição de seu principal adversário.
Na quinta-feira passada (30), o Congresso, como se sabe, aprovou um pacote de "bondades eleitorais" lastreado na "PEC Eleitoral" ou "PEC Kamikaze", a Proposta de Emenda à Constituição que instituiu um estado de emergência a três meses do primeiro turno. Cálculos preliminares estimam uma derrama de R$ 340 bilhões com o conjunto das medidas, que ainda precisam passar na Câmara, em uma semana promissora em termos de volume no noticiário político-eleitoral, como mostra a newsletter Pra Começar a Semana, do UOL.
No campo das "maldades eleitorais", os últimos dias foram intensos também. Nas redes sociais, o QG de Bolsonaro tratou de mostrar com quais armas irá para a batalha direta contra Lula. Uma série de postagens tentaram carimbar o ex-presidente como "amigo do crime". Ele é chamado de ladrão, ex-presidiário, acusado de ser leniente com traficantes e viciados e por aí vai.
O próprio Jair Bolsonaro deu o tom no Twitter: "Não há dúvidas de que o crime tem Lula como aliado e a mim como inimigo, o que muito me orgulha. Com ele eram diálogos cabulosos. Comigo são recordes de apreensão de drogas e prejuízos às facções. Ele quer esses 'jovens' soltos. Eu quero que esses bandidos apodreçam na cadeia", escreveu Bolsonaro na sexta-feira passada (1º). Foi a senha para apoiadores e seguidores engrossarem esse coro na linha "o PT é amigo do crime, o presidente é o inimigo". O ex-presidente não reagiu aos ataques em seus canais oficiais.
Segundo a mais recente pesquisa nacional do Instituto Datafolha, divulgada em junho, 55% dos entrevistados disseram que não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro para presidente da República; a rejeição a Lula é de 35%. O índice do petista é apenas um pouco superior ao que ele tinha mais ou menos por esta altura da pré-campanha em 2002 (33%), quando ainda não existiam mensalão, petrolão e prisão na história do PT e do próprio Lula.
A tática bolsonarista de aumentar a rejeição de seus adversários não é novidade. Em 2018, logo após ter sido vítima de um atentado a faca, Bolsonaro tinha, em setembro, 43% de rejeição; Fernando Haddad (PT), 22%, segundo o Datafolha. Na véspera do primeiro turno, porém, em 2 de outubro daquele ano, o futuro presidente batia 45% de rejeição, e o petista surpreendentes 41%, ambos em empate técnico.
O que aconteceu? Convalescente, Bolsonaro foi um tanto poupado pelos adversários, enquanto seus apoiadores desciam a marreta em Haddad e no PT nas redes sociais. Foi o período, por exemplo, da "mamadeira de piroca", uma fake news que prejudicou o então candidato petista e foi condenada pela Justiça Eleitoral.
Desta vez, a estratégia de desgastar o adversário foi antecipada, dada a gravidade do cenário para Bolsonaro, que, apesar de não estar convalescente, nem de longe é alvo de uma campanha coordenada de ataques. Os "carimbos" que o PT e demais adversários do presidente tentam botar (ou reforçar) nele são difusos e genéricos: genocida, promotor de rachadinha, preguiçoso, desumano. Mas tudo sem disciplina e com poucos exemplos reais, quando as regras do marketing político são claras: é preciso escolher um "carimbo" e usá-lo até ele ficar decalcado no adversário, depois, passa-se para outro.
Assim, diante da cumplicidade do Congresso, da complacência de instituições fiscalizadoras e da timidez da pré-campanha de Lula, Bolsonaro segue construindo sua estratégia de sobrevivência e trabalhando diuturnamente para desconstruir seus adversários, não apenas os que estão na seara eleitoral, mas também nas instituições e na sociedade.
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