Márcio França desiste de disputar governo de SP e vai se lançar ao Senado
O ex-governador Márcio França (PSB-SP) informou hoje que desistiu da disputa pelo governo de São Paulo e que concorrerá ao Senado pela chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT) no Estado. O anúncio será oficializado ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) amanhã, durante ato político em Diadema, primeiro município paulista a ser governado pelo PT. A decisão foi divulgada após a última pesquisa estimulada do instituto Datafolha, divulgada no fim de junho, mostrar Haddad com 28% das intenções de voto, contra 16% de França. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
"Há tempos atrás eu prometi, foi muito difícil, mas eu me comprometi que quem estivesse à frente nas pesquisas poderia ser o candidato do nosso campo político. E aqui tem palavra, você sabe disso. É por isso eu decidi apoiar agora a candidatura do Fernando Haddad para governador, ele reuniu essas condições e está à frente nas pesquisas", afirma França em vídeo divulgado hoje, ao qual o UOL teve acesso. "Por isso eu decidi apoiar agora a candidatura do Fernando Haddad para governador, ele reuniu essas funções e está à frente nas pesquisas. Fernando, vai você, vamos juntos", diz França na peça, de pouco mais de dois minutos.
O que diz Fernando Haddad
O UOL teve acesso, com exclusividade, ao pronunciamento de Fernando Haddad, em que o ex-prefeito diz considerar histórica a saída de Márcio França da disputa pelo governo de São Paulo. Leia a íntegra:
"Márcio, muito obrigado por suas palavras e por seu apoio. Tenho certeza de que São Paulo e o Brasil se juntam a mim nesse agradecimento. Esse é um momento histórico para todos nós. A nossa união a favor da democracia e do nosso povo é fundamental para mudarmos o rumo do nosso país e do nosso Estado. Juntos, eu, você, o Alckmin, o Lula e o povo brasileiro, vamos espantar o fantasma da fome, do desemprego, da desesperança e da inflação. Juntos, vamos devolver o Brasil aos brasileiros. São Paulo ao povo paulista —o merecido lugar de destaque na história. Tenho orgulho de ter tanta gente boa comprometida com nosso projeto. E você será o nosso senador, o senador do povo paulista, o senador da mudança. Com sua experiência, vontade de trabalhar e capacidade de gestão, nós vamos mudar São Paulo e o Brasil pelo caminho da união, da parceria, do emprego, da oportunidade, do diálogo e da esperança."
Decisão após meses de negociações
A decisão de França foi anunciada depois de meses de negociações e atritos entre o PT e o PSB. Aliados, os dois partidos querem lançar candidaturas únicas nos Estados, e a escolha entre Fernando Haddad (PT) e França em São Paulo era um nó a ser desatado pelas lideranças nacionais.
Com a liderança de Haddad nas pesquisas, integrantes do PT diziam que seria questão de tempo para que França desistisse do pleito e concorresse ao Senado, mas cobravam uma posição do ex-governador. Ainda segundo os interlocutores de Haddad, o fato de França não ter retirado a candidatura poderia representar uma estratégia do ex-governador para usufruir das aparições públicas como postulante ao Palácio dos Bandeirantes até o limite.
A candidatura do apresentador de TV José Luiz Datena também era motivo de receio para o ex-governador. Com mais uma desistência do apresentador, o caminho para a eleição ficou mais viável.
Lula e Alckmin participaram das negociações
O argumento de quem apoiava a candidatura de França era seu potencial de aglutinar votos tanto da esquerda como da direita, sendo um forte concorrente em um eventual segundo turno. Eles relatam que o ex-governador tem melhor trânsito em setores como a Polícia Militar, a maçonaria e núcleos religiosos. Houve insatisfação pela condução da negociação por parte do diretório paulista do PT, que se mostrou irredutível em não abrir mão do nome de Haddad.
O ex-presidente Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin participaram ativamente das discussões pela definição em São Paulo.
PSOL vai lançar candidato próprio
Com a decisão, o PSOL deve lançar candidatura própria ao Senado pelo Estado. O nome do presidente da sigla, Juliano Medeiros, é o mais forte, segundo a avaliação de integrantes do PSOL ouvidos pelo UOL. A falta de apoio ao líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos (PSOL), no segundo turno de 2020 para a Prefeitura de São Paulo influenciou a decisão da sigla. Na avaliação do PSOL, a candidatura própria não deve criar atritos com o PT, uma vez que o partido ainda vai apoiar Haddad e deve compor coligação com o petista.
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