Topo

Preso por atirar bomba com fezes em ato de Lula é autuado por explosão

André Stefano Dimitriu Alves de Brito, suspeito de lançar bomba caseira em ato de Lula no centro do Rio - Divulgação/Polícia Civil
André Stefano Dimitriu Alves de Brito, suspeito de lançar bomba caseira em ato de Lula no centro do Rio Imagem: Divulgação/Polícia Civil

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

08/07/2022 10h06Atualizada em 08/07/2022 12h24

André Stefano Dimitriu Alves de Brito, 55, preso ontem por suspeita de ter arremessado uma garrafa de plástico com explosivos e fezes contra o ato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Cinelândia, no centro do Rio, foi autuado por crime de explosão pela polícia do Rio.

O homem afirmou aos PMs que o prenderam em flagrante não possuir inclinação política ou ideológica e que praticou o ato como forma de protesto "a uma alegada polarização ideológica que prejudicaria o futuro do país". Os PMs também relataram, segundo a Polícia Civil, como se deu a prisão de Brito.

Os policiais militares disseram que o suspeito chegou correndo ao encontro deles e afirmou que estava sendo perseguido. Posteriormente, testemunhas relataram que o homem havia jogado um artefato que explodiu no meio do ato político na Cinelândia. Todos foram encaminhados para a 5ª DP (Mem de Sá).

Em depoimento, as testemunhas afirmaram que viram Brito com o artefato formado por garrafa PET nas mãos e que presenciaram ele acender o pavio e arremessar o explosivo por cima da divisória metálica do evento. Elas disseram ainda que, em seguida, o suspeito correu em direção aos policiais.

O artefato explosivo foi apreendido e passará por perícia para análise da composição das substâncias. O celular de Brito foi apreendido e a polícia pediu à Justiça a quebra do sigilo dos dados para esclarecer as circunstâncias do crime e a possível participação de terceiros.

Conforme prevê o Artigo 251 do Código Penal, em caso de condenação, a pena prevista para o crime de explosão é de três a seis anos de prisão além de multa. São enquadradas pessoas que acabam por "expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos".

O UOL ainda não localizou os advogados do suspeito. Segundo a Polícia Civil, ele é natural de São Paulo, mas mora no Rio de Janeiro.

O evento

Uma bomba caseira com fezes foi lançada contra o público que acompanha o ato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na noite de ontem na Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro.

O forte esquema de segurança instalado na praça que abrigava milhares de pessoas não conseguiu impedir o ataque, que ocorreu por volta das 18h50 —antes de o pré-candidato subir ao palco.

O artefato —feito com uma garrafa PET— provocou forte estrondo e espalhou mau cheiro no local. Ninguém se feriu.

O local onde a bomba caiu foi isolado e o material rapidamente coletado por bombeiros civis. As atividades no palanque, que já haviam sido iniciadas, foram paralisadas por pouco mais de 20 minutos até a chegada de Lula.

Ainda de acordo com a PM, três testemunhas acompanharam os agentes na apresentação da ocorrência.

A assessoria de Lula disse, em nota, que se tratava de "dois artifícios de fogos (...) jogados de fora para dentro da área do ato" e negou a existência de fezes nos artefatos.

No entanto, a reportagem do UOL verificou no local que se tratava de fezes. Membros da segurança do evento também confirmaram a informação.

A bomba caseira foi lançada por cima das grades de proteção próximo ao lado esquerdo do palco montado na Cinelândia, tradicional ponto de atos políticos da capital fluminense. O artefato partiu da rua Evaristo da Veiga, entre a Biblioteca Nacional e o Theatro Municipal.