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Família dona da Hapvida doa R$ 3 milhões a PT, MDB e PSDB

Cândido Koren de Lima, dono da Hapvida - Divulgação
Cândido Koren de Lima, dono da Hapvida Imagem: Divulgação

Mariana Durães e Isabella Cavalcante

Do UOL, em São Paulo

12/07/2022 16h11Atualizada em 12/07/2022 16h57

A família Koren de Lima, dona do plano de saúde Hapvida, doaram cerca de R$ 3 milhões ao PT, MDB e PSDB em 2022. Os dados, repassados pelos partidos à Justiça Eleitoral, estão disponíveis no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e são referentes de janeiro a abril deste ano.

Ao Partido dos Trabalhadores, quatro integrantes da família doaram R$ 312.500,00 cada. O montante depositado por Cândido Pinheiro Koren de Lima, fundador da Hapvida, e por seus filhos, Jorge e Cândido Júnior, e Ana Christina, totalizaram R$ 1.250.000,00.

A legislação eleitoral proíbe doações diretas de empresas para partidos ou candidatos. Mas os empresários podem fazer doações como pessoas físicas.

O mesmo valor destinado ao PT foi enviado por eles ao MDB. Já o PSDB recebeu um total de R$ 500.000,00. Cada membro da família doou R$ 125.000,00 aos cofres tucanos.

A Hapvida é o maior plano de saúde das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Procurada pelo UOL, a empresa não se manifestou sobre as doações feitas pelos controladores por se tratar de uma doação pessoal e não ter relação com o grupo.

Com a criação do grupo, a família se solidificou como uma das mais ricas do Brasil. Em junho deste ano, Candido Koren de Lima Junior e Jorge Koren de Lima, filhos do fundador Candido Koren de Lima, tiveram as fortunas reavaliadas pela Forbes como inferiores a US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões).

A perda de parte da fortuna familiar faz parte de um movimento de queda desde o ano passado, quando o grupo recuou 33,3% (a R$ 7 bilhões). O cenário interno e externo desse ano tirou outros bilionários do ranking da Forbes pela baixa nas ações, como foi o caso da empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza.

CPI da Covid

Em abril de 2021, a Hapvida foi multada pelo MPCE (Ministério Público do Ceará) em R$ 468.33,00 por impor a médicos conveniados que receitassem o chamado "kit covid" a pacientes com diagnóstico da doença. O Decon (Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor) explicou que a prática fere a relação médico-paciente, a autonomia profissional garantida pelo Código de Ética Médica, e o CDC (Código de Defesa do Consumidor).

Em setembro do mesmo ano, um levantamento da Repórter Brasil a partir de documentos internos do plano de saúde mostrou que a prescrição ocorreu mesmo após fabricantes de cloroquina terem divulgado notas não recomendando o medicamento para covid, e seis meses depois de a OMS ter declarado a ineficácia da hidroxicloroquina. O Hapvida comprou mais de 1 milhão de caixas de cloroquina em março.

O levantamento mostrou que foram compradas 3,6 milhões de caixas dos remédios que compõem o kit entre março de 2020 e maio de 2021, sendo 2,3 milhões de caixas de cloroquina e hidroxicloroquina, e 1,3 milhão de caixas de ivermectina. Os dados constam em um documento interno enviado pela operadora à CPI da Covid.

A operadora foi incluída nas investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito, mas o relatório final não teve nenhum representante da empresa indiciado.