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Segurança preocupa militância em 1° evento de Lula após morte de petista

Miliantes do coletivo Flores pela Democracia participam do ato de pré-campanha de Lula (PT) em Brasília - Camila Turtelli/UOL
Miliantes do coletivo Flores pela Democracia participam do ato de pré-campanha de Lula (PT) em Brasília Imagem: Camila Turtelli/UOL

Camila Turtelli e Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

12/07/2022 18h07Atualizada em 13/07/2022 12h16

Os últimos eventos de violência contra a militância e a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trouxeram apreensão à claque lulista, mas não chegaram a afastar o público do ato programado para hoje (12) em Brasília.

Militantes que foram ao Centro de Convenções Ulysses Guimarães, na região central da capital federal, para o ato relataram preocupação com a segurança, mas disseram ter confiado no reforço das precauções tomadas pela equipe do presidenciável para comparecerem. Essa era uma das principais preocupações do PT, que tem reforçado que, apesar dos ataques, a campanha deve continuar indo à rua.

O partido não tem dado detalhes sobre questões de segurança, mas, segundo interlocutores, houve reforço para o ato político após o assassinato do guarda municipal e militante petista Marcelo Arruda, durante a própria festa de aniversário, no último sábado (9), pelo agente penitenciário Jorge José da Rocha Guaranho, simpatizante do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Sem medo

O esvaziamento dos atos após os casos de violência era uma preocupação na cúpula do PT. Para o evento desta terça-feira, foram divulgadas orientações com dicas de seguranças para os participantes, avisando o uso de detector de metais na porta, proibindo a entrada de bandeiras com mastros e cabos, entre outras.

"O que eles [bolsonaristas] querem é isso [meter medo]. Eu até tive um pouco de receio, mas pensei: não posso fazer isso, porque, se a gente não resistir, nada muda", disse a aposentada Marília Ramos ainda na fila de entrada para o centro de convenções.

Já no interior, o padre franciscano em formação Hugo Junqueira disse que inicialmente também teve receio, mas resolveu ir. "Fiquei, sim, um pouco com medo, mas depois tive com o deputado Leandro [Grass, pré-candidato ao governo], que foi meu professor, e pediu para eu vir tranquilo, não era para eu preocupar não", afirmou Junqueira ao UOL.

"[A violência física] preocupa do ponto de vista político, mas eu acho que, com a força do povo, é muito mais forte que qualquer tentativa [de ataque]. Eles [organizadores] nos avisaram, tanto que tesoura, que nós usamos, a gente nem trouxe", disse Dora Sugimoto, 67, geógrafa, do coletivo Flores pela Democracia.

O que estimula a militância a seguir na rua tem sido a estratégia adotada pela campanha de Lula como resposta às ofensivas. O assassinato de Arruda foi considerado por petistas como uma espécie de "última fronteira", depois de recorrentes ataques à caravana, como a bomba lançada no evento do Rio de Janeiro, na semana passada. Eles afirmam que é necessário agir o quanto antes para evitar novos casos.

Ontem, a presidente do partido, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) chegou a falar sobre a necessidade de manter os eventos de rua.

"Vamos fazer todos os movimentos que nós temos possibilidade de fazer para que essa pré-campanha dê resultado para o povo brasileiro, que é mudar o presidente da República. Nós já tomamos todas as medidas necessárias para a segurança do presidente Lula. E vou repetir: nossa maior segurança é o povo na rua, é a mobilização", disse ela após reunião com a coordenação de campanha de Lula.

Fora a segurança organizada pelo PT, um grupo de policiais civis, intitulado Comitê de Policiais Civis Antifascistas, disse ao UOL ter vários membros da corporação colaborando com a segurança no local à paisana e voluntariamente.

Agenda em Brasília

Antes do ato público, Lula e o pré-candidato à vice-presidência Geraldo Alckmin (PSB) foram à sede da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) receber documento com sugestões de políticas públicas de empresários do setor, onde a segurança também foi reforçada.

Mais cedo, Lula ainda esteve com políticos do Amazonas, no hotel em que está hospedado. O senador Omar Aziz (PSD-AM)disse que levou a preocupação com a segurança sobre os últimos acontecimentos.

"Passou da ameaça para a coisa concreta", disse o senador ao UOL. "Isso é um retrocesso muito grande". Ele afirmou que Lula classificou como "absurdo" citando os eventos de Uberlândia e Foz do Iguaçu