Topo

Bolsonaro: mulheres não votam em mim por 'gostarem menos' de motociatas

Do UOL, em São Paulo

13/07/2022 16h44Atualizada em 13/07/2022 21h58

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse hoje que tem menos aceitação entre o eleitorado feminino porque as mulheres "gostam menos" de motociatas. Os eventos são promovidos pelo presidente que, comumente, anda ou pilota motocicletas ao lado dos seus apoiadores pelos estados, faz discursos e publica nas redes sociais.

De acordo com a pesquisa Datafolha, o atual mandatário encontra resistência entre o eleitorado feminino de todas as classes sociais para o pleito deste ano. Já os homens são a maioria do público bolsonarista.

"Porque, a gente, o homem ou a mulher pensa de maneiras diferentes. Não há a menor dúvida que pensa, né? Mas todos pensam. Daí, por exemplo, a gente faz movimento de motociata. Vamos lá, as mulheres gostam ou não gostam?", questionou o presidente. A conversa foi transmitida pelo canal Notícias do Brasil, no YouTube.

Então, as apoiadoras mulheres respondem que "gostam" das motociatas. Aparentemente surpreso com as respostas, o mandatário continua o raciocínio de cunho machista dando a entender que as mulheres não se interessam por motocicletas.

Não, mas se for fazer uma pesquisa, os homens gostam mais. [Apoiadores respondem que 'sim']. Isso não é uma manifestação machista, né, porque tem muita mulher também que está de moto lá [na motociata]. Mas é algo espontâneo que parece ser feito para aquele momento do aeroporto até o evento. Presidente Jair Bolsonaro a apoiadores

Apesar da declaração do presidente, dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) apontaram que o número de mulheres com habilitação de motocicletas aumentou 95,7% entre 2011 e 2020.

Armas

Na sequência, Bolsonaro continuou separando homens e mulheres em sua fala ao comentar sobre o uso de armamentos. Inclusive, é possível ouvir a voz de uma menina gritando "eu gosto de armas".

"Daí fala, por exemplo, quem gosta mais de armas? Homens ou mulheres? Não é, a questão de armas, o que eu entendo na questão de armas? É a proteção da família. Tem mulher que não gosta de armas, mas quer que o marido, namorado ou pai tenha armas. Está certo. Eu tenho uma pessoa, vou falar da minha família, que falou o seguinte: 'Eu prefiro levar um tiro do que atirar em alguém'. É o direito dela de pensar assim. Uma parente minha, uma mulher."

Segundo o presidente, ele busca mostrar que "em uma necessidade, alguém pode salvar a sua vida" usando uma arma.

Não é porque você não gosta, que você vai querer que outro não tenha. Sou homem, pô, não sou mulher. Tem diferença, mas a ideia minha, obviamente, é fazer um Brasil melhor.

Em outro momento, o presidente comentou que não "quer a violência" com a liberação do porte de armas, mas sim "que evitar a violência" com a medida.

As declarações do mandatário ocorrem menos de uma semana após o guarda municipal e tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu Marcelo Arruda ter sido morto a tiros no próprio aniversário, que tinha a temática do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A vítima foi atingida por tiros disparados pelo policial penal federal bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho.

Aproximação das mulheres

Na noite desta quarta-feira (14), o presidente disse que tem "aprendido" na presidência, inclusive a se aproximar do público feminino. A fala foi durante o discurso do mandatário na Convenção dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus do Seta no Maranhão, ocorrida no município de Imperatriz (MA).

"Não é fácil administrar um país. Tenho aprendido muito ao longo de quatro anos. Inclusive, ceder em alguns momentos, me aproximar mais das mulheres, são a nossa âncora. Nenhum de nós pode ser feliz sem uma mulher do lado. Eu sempre digo, atenção solteiros, quando um homem solteiro está cansado de ser feliz, o que ele faz? Acha uma namorada e se casa para ser mais feliz ainda", declarou na ocasião.