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Sem citar Defesa, TSE diz que modelo mais recente da urna será testado

Fachada do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em Brasília - José Cruz/Agência Brasil
Fachada do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em Brasília Imagem: José Cruz/Agência Brasil

Paulo Roberto Netto

do UOL, em Brasília

14/07/2022 21h23

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) afirmou na noite desta quinta-feira (14) que o modelo mais recente da urna eletrônica, a UE 2020, será submetido a testes de segurança pela Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) entre julho e agosto.

Em nota, a Corte afirma que o equipamento passará pelo mesmo processo de fiscalização dos demais modelos durante o TPS (Teste Público de Segurança), concluído em maio.

Mais cedo, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, afirmou a senadores que as Forças Armadas esperam que o TSE acolha três sugestões feitas pelos militares, e uma delas era a submissão do modelo UE 2020 a um teste de segurança. O modelo representa 39% do total de urnas disponíveis pela Corte.

"Com certeza, essas discussões seriam minimizadas se conseguíssemos isso", disse Nogueira.

O TSE afirmou nesta noite que a análise do sistema eleitoral e do hardware do novo modelo da urna já estavam previstos em convênio firmado com a USP desde outubro do ano passado e que os equipamentos mais recente não passaram pelo TPS porque foram entregues em dezembro, quando a primeira etapa do teste já havia sido concluída.

Sem citar o general, a Corte diz que a iniciativa de submeter a urna 2020 ao teste de segurança partiu do próprio tribunal, embora o tema tenha sido tratado depois na Comissão de Transparência Eleitoral, colegiado em que as Forças Armadas possuem um representante.

"Vale lembrar que todos os modelos de urnas contam com os mesmos programas, que passam por auditorias antes, durante e depois das eleições", afirmou o TSE.

Segundo a Corte Eleitoral, o plano de testes já foi traçado e seguirá o mesmo padrão do TPS tradicional.

Nos testes públicos de segurança, o TSE recebe especialistas e técnicos que simulam ataques ao sistema eleitoral e às urnas com o objetivo de identificar vulnerabilidades, como a quebra do sigilo do voto ou alterar sua destinação.

A última edição foi concluída em maio com o teste de confirmação, na qual os ataques considerados mais relevantes são repetidos após o TSE aprimorar os sistemas de segurança. Nenhuma fraude foi detectada.

Na ocasião, o UOL mostrou que, apesar da pressão sobre o TSE, os militares tiveram uma participação tímida durante o teste de segurança. O representante das Forças Armadas, general Heber Garcia Portella, esteve no evento no último dia por cerca de 20 minutos e deixou o local antes da conclusão dos testes.

Revisor das eleições

Durante audiência pública no Senado, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, disse que as Forças Armadas não serão revisoras das eleições deste ano. O general disse que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é o protagonista do pleito de 2022, junto com o povo brasileiro.

"Em absoluto, jamais, em tempo algum, seremos revisores de eleições", disse o general à Comissão de Fiscalização e Controle da Casa. "O protagonista é o Tribunal Superior Eleitoral, o protagonista é o povo brasileiro", completou o ministro.

Apesar da declaração do ministro, as Forças Armadas têm endossado o discurso infundado do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que o processo eleitoral é passível de fraudes. No mês passado, o próprio ministro alegou que os militares se sentiam desprestigiados pela Corte Eleitoral e cobrou mais participação nas eleições.

Na semana passada, os militares pressionaram o TSE cobrando informações técnicas para subsidiar a fiscalização do sistema eleitoral. O documento, datado de 24 de junho, foi obtido pelo UOL e ainda não foi respondido pela Corte Eleitoral, segundo os militares.

No ofício, Nogueira pede "informações técnicas preparatórias acerca do processo eleitoral" e afirma que o objetivo é "esclarecer e conhecer" os mecanismos do processo eleitoral.

Entre as informações cobradas, estão dados sobre o processo do sistema de compilação, os servidores utilizados no recebimento dos boletins de urna e relatórios sobre o programa que realiza o sorteio do chamado teste de integridade, em que urnas são testadas em uma "votação paralela" realizada no dia da eleição.