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Ex-secretário do TSE lamenta 'onda de desqualificação sem fato comprovado'

15/07/2022 10h20

Mais uma vez as urnas eletrônicas foram atacadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). Dessa vez foi o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, que fez sugestões de mudança ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Mas Giuseppe Janino, ex-secretário de tecnologia da informação do TSE, considerado o "pai da urna", lamenta os ataques. "Sofremos uma onda de desqualificação sem fato comprovado. Não há sequer registro de fraude", disse ele em entrevista ao UOL News, nesta quinta-feira (15).

Entre as sugestões de Nogueira, está um teste de integridade. Giuseppe explicou que esse teste já é realizado no final de semana da eleição.

"Já são realizados testes nas vésperas, com urnas instaladas nos locais de votação. Faz um sorteio de uma urna, com bola de bingo, e se coloca em um ambiente onde pessoas possam presenciar o teste de integridade. Acontece desde 2002 e jamais houve qualquer diferença entre o voto feito e o voto registrado posteriormente", explicou Giuseppe.

Ele também comentou sobre a frequente sugestão de imprimir os votos feitos em urnas eletrônicas. O ex-secretário entende que isso aumentaria o risco de fraude e erro.

"Existe uma grande preocupação, porque você perde toda proteção do voto digital - criptografia, assinaturas digitais e garantia de imutabilidade. Quando coloca no papel, se perde todas essas proteções e entramos no cenário de 30 anos atrás, com voto convencional de papel, onde existia a mão do homem. E onde existe a mão do homem, existe a possibilidade de erros e fraudes que se conhece muito bem", comentou ele.

Giuseppe também contou que os sistemas das urnas eletrônicas são abertos para testes com hackers, como foi pedido por Nogueira.

"O TSE faz o teste de segurança, abrindo o sistema eleitoral para qualquer cidadão apresentar planos de ataque para quebrar barreiras e seguranças que existem. Já participaram mais de 80 equipes, que tentavam invadir, em condições facilitadas. À medida que se executa o plano, por uma semana, vai passando por barreiras e aquilo é registrado. A equipe volta, fortalece a barreira e chama para ver eficácia. Se ele não conseguir, o software está pronto para a eleição", relatou Giuseppe.

Recentemente o TSE informou que o modelo mais novo da urna eletrônica passará por esse teste de segurança.

O "pai da urna" também lembrou que o voto digital é auditável, pois fica gravado de forma digital, criptografado e assinado digitalmente. E reforçou que partidos e militares podem participar de todos esses testes que o TSE já pratica, outro pedido feito por Nogueira.

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