Após consolidar alianças no Sudeste, Lula se volta a redutos bolsonaristas
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem avançado sobre redutos bolsonaristas para ampliar seus acordos e apoios nacionalmente. Despois de consolidar palanques no Sudeste e no Nordeste, o petista se volta agora às regiões Centro-Oeste e Norte, onde o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem uma forte rede de apoio.
Durante a semana passada, em viagem a Brasília, Lula conseguiu articular finalmente o palanque no Amazonas, com o senador Eduardo Braga (MDB-AM) como pré-candidato ao governo, e costurou uma aliança em Mato Grosso, com uma curiosa aproximação com o PP, principal partido de apoio do governo.
O Centro-Oeste é a única região em que Lula não está à frente nas pesquisas de intenção de voto —não à toa, é onde o presidente tem mais apoios consolidados. Além de ter a simpatia dos quatro governadores, Bolsonaro tem pelo menos duas opções de palanque em quase todos os estados, ao passo que Lula não está junto a nenhum pré-candidato que desponte em intenções de voto.
Os petistas estão se movimentando para tentar mudar esse quadro. Em viagem a Brasília, Lula fechou acordo com o deputado Neri Geller (PP-MT), então base do governo Bolsonaro, para apoio à sua pré-candidatura ao Senado.
O acordo é costurado junto ao senador Carlos Fávaro (PSD-MT) e ao ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa lulista. Geller e Fávaro são ligados ao agronegócio e ao empresário e ex-governador Blairo Maggi (PP), um dos maiores empresários do ramo no país, que tem boa relação com Lula e quem o ex-presidente tem elogiado abertamente.
Esta seria a primeira incursão de Lula no mundo do agro fora de São Paulo e do Nordeste —região em que o presidente sempre teve apoio.
Principal reduto bolsonarista no país hoje, o Centro-Oeste é tido como causa perdida para a campanha petista, mas qualquer diminuição de margem já é vista como vitória.
Mato Grosso é o único estado em que o ex-presidente não tem nenhum palanque consolidado. No estado, Bolsonaro havia endossado a candidatura ao executivo estadual do deputado José Medeiros (PL-MT), mas ele deverá tentar reeleição na Câmara, onde defende o governo federal. Com isso, o presidente segue com o apoio informal do governador Mauro Mendes (União Brasil).
Os petistas, no entanto, não veem Mendes como uma opção perdida. Mesmo com o União Brasil lançando o deputado Luciano Bivar (União-PE) ao Planalto, na prática não haveria impeditivo para o governador se juntar a Lula.
Falta combinar com Mendes. Com grande parte do seu eleitorado também apoiadora do presidente Bolsonaro, se juntar ao petista pode não ser uma ideia tão atrativa.
Alckmin deverá visitar o estado com Geller ainda neste mês, sem Lula, para conversar com empresários do setor e ver novas possibilidades de acordo.
De olho no Norte
Lula também conseguiu, finalmente, fechar seu palanque no Amazonas. Ele deverá subir no palanque de Braga, com acordo costurado pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), que busca reeleição. Já havia a expectativa de que os três se unissem no estado, embora Aziz e Braga não sejam exatamente próximos, mas o martelo foi batido em Brasília.
Outra região em que Bolsonaro teve vitória expressiva em 2018 e que tem maioria dos apoios dos governadores, Lula se interessa especialmente por dois estados: Amazonas e Pará.
No Pará, o ex-presidente recebe o apoio do MDB local, mas ainda precisa sedimentar a aliança com o governador Helder Barbalho (MDB). Ele sempre foi mais próximo do PT e apoiou o ex-candidato Fernando Haddad (PT) em 2018, mas não tem se envolvido nacionalmente até então.
A expectativa é que isso seja resolvido em breve e que, quando Lula for ao estado, entre julho e agosto, já possam aparecer em palanque conjunto.
O objetivo do ex-presidente é ter palanques fechados e únicos em todos os estados, para que tanto seu nome quanto o de seus pré-candidatos sejam propagados e fortalecidos juntos.
Impasses no Sudeste
Rodando o país desde o início de junho, a pré-campanha petista ainda considera a expectativa de vitória em primeiro turno e avalia que o sucesso das alianças locais é um fator determinante para isso.
Nos últimos dez dias, Lula conseguiu resolver dois dos estados em que ainda havia impasse e mais o incomodavam: São Paulo e Espírito Santo. No maior colégio eleitoral do país, o petista conseguiu a desistência do ex-governador Márcio França (PSB) na disputa ao governo em prol de Haddad. França deverá concorrer ao Senado.
No Espírito Santo, quem desistiu foi o PT, que retirou a pré-candidatura do senador Fabiano Contarato (PT-ES) para apoiar a reeleição do governador Renato Casagrande (PSB).
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