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Procurador: 'Não descarto golpe; Forças Armadas saberão honrar seu papel'

20/07/2022 09h46

Ubiratan Cazetta, procurador regional da República, entende que é preciso ficar atento a um possível golpe durante as eleições presidenciais de 2022. Durante participação no UOL News, nesta quarta-feira (20), ele afirmou que é importante prestar atenção nisso, por causa dos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra as urnas eletrônicas.

"Temos que ficar atentos, não descarto essa possibilidade. Mas acredito que as Forças Armadas não sejam um bloco monolítico. Acredito que as Forças Armadas saberão honrar seu papel. Pode ter algumas fontes militares tenham ideias que não são a da instituição. Então nós, como sociedade, temos que estar atentos, olhar o que aconteceu nos Estados Unidos e confiar nas instituições. Confiar não é ficar sentado. É declarar um compromisso que é de todos nós. A Constituição não é brinquedo", alertou Ubiratan.

O procurador é presidente ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), que ontem pediu investigação contra Bolsonaro por causa dos ataques contra urnas feitos diante de embaixadores, na segunda-feira (18). Ubiratan entende que foi um ataque contra a democracia.

"O que houve na reunião foi a utilização de uma estrutura estatal para descredibilizar a eleição perante representantes de outros países, usando informações inverídicas. Há informações graves sobre três ministros. Tem um conjunto de atos que precisam ser analisados no aspecto eleitoral e nas outras condutas do presidente, para que tenhamos um limite. Não pode o titular do Poder Executivo atacar a democracia brasileira com essa facilidade", declarou o procurador.

Questionado se Bolsonaro não tinha ultrapassado o limite em outras oportunidades, Ubiratan explicou que dessa vez é diferente porque tudo aconteceu em um período praticamente eleitoral. "Estamos em um período praticamente eleitoral, que cobra de todos nós uma responsabilidade adicional. O contexto de hoje é diferente de antes. Agora houve um sinal claro que limites foram ultrapassados e esse limite não pode ser desconsiderado. Não cabe qualquer ideia de retrocesso".