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Convenção do PL terá discurso solo de Bolsonaro e reação a boicote

Do UOL, no Rio

21/07/2022 04h00

Apesar dos problemas causados por uma ação de boicote articulada por militantes de esquerda nas redes sociais, o PL mantém os planos em torno do evento de lançamento da candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição, neste domingo (24), no ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro.

Após divergências sobre o formato do evento, a cúpula da campanha decidiu que, para evitar ciúmes entre ministros e parlamentares próximos, apenas Bolsonaro irá discursar —há a possibilidade de a primeira-dama Michelle Bolsonaro, com boa penetração junto ao eleitorado evangélico, faça um aparte no discurso do marido.

A campanha decidiu ainda que Bolsonaro ficará sozinho na frente do palco. As autoridades selecionadas ficarão no fundo. Haverá uma área VIP para parlamentares, ministros e outras lideranças que não ficarem no palco.

O presidente permanecerá no evento por cerca de duas horas. Apoiadores cogitam realizar uma pequena motociata para acompanhar sua chegada ao Maracanãzinho.

Além do discurso do presidente, está prevista uma rápida apresentação da dupla sertaneja Mateus e Cristiano, que gravou o jingle da campanha. Os cantores irão interpretar a canção no evento.

Portões abertos e ida a TSE contra boicote

Nos últimos dias, militantes de esquerda fizeram campanha nas redes sociais para que opositores de Bolsonaro retirassem ingressos para o evento em uma plataforma virtual, como forma de esvaziar a plateia. A iniciativa repete estratégia adotada por fãs do estilo musical k-pop nos Estados Unidos contra a campanha de Donald Trump, em 2020.

De acordo com o PL, foram retirados cerca de 50 mil ingressos —cinco vezes mais que a capacidade máxima do Maracanãzinho. No entanto, foram identificados indícios de fraude em 40 mil solicitações.

O partido protocolou uma representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra o boicote, mas não detalhou qual foi a argumentação adotada.

O partido de Bolsonaro afirma ainda que sua equipe técnica utilizou inteligência artificial para filtrar as inscrições consideradas suspeitas. A legenda disse que armazenou os protocolos de internet (IPs) do que chama de ataques e que pode tomar medidas legais se verificar a ocorrência de crime.

Procurada pelo UOL, a plataforma Sympla, na qual a solicitação de ingressos era feita, negou que tenha repassado ao PL dados das pessoas que retiraram entradas para o evento.

"A Sympla informa que não disponibiliza qualquer tipo de informação relacionada aos IPs dos participantes aos organizadores de eventos cadastrados em sua plataforma. Reforçamos que para a Sympla o tratamento de dados de forma transparente, ética, segura e responsável são valores inegociáveis, razão pela qual está comprometida com a integral conformidade à legislação vigente, especialmente a Lei Geral de Proteção de Dados, Marco Civil da Internet e seus Termos de Uso", afirmou a empresa.

Ainda segundo a plataforma, "todo organizador e/ou criador de um evento na plataforma pode ter acesso a informações fornecidas pelos usuários para simples cadastro, fato informado nos Termos de Uso da Sympla. Isso não inclui, no entanto, registro de IPs".

Para evitar novas mobilizações semelhantes, o partido de Bolsonaro decidiu liberar a entrada do público sem ingresso. O acesso acontecerá por ordem de chegada e os portões serão fechados quando a lotação máxima for atingida —estimada pelo PL em 10 mil pessoas.

Apesar disso, parlamentares bolsonaristas estão convocando apoiadores do presidente para se aglomerarem do lado de fora do estádio, como forma de responder ao que chamam de "sabotagem da esquerda".

Líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ) minimizou o impacto da campanha da oposição.

"Isso é uma agulha no palheiro, estão menosprezando a capacidade do Bolsonaro de mover as massas. É um tiro n'água, vai ter muito mais gente na convenção por causa disso. Até agradeço a propaganda de quem está fazendo isso [o boicote]", ironizou.

O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), apoiador de primeira hora de Bolsonaro, também aposta que a aglomeração do lado de fora do complexo do Maracanã será maior do que o público do evento.

"Nem com todo o boicote que a esquerda tentou promover irá impedir que esse evento seja um marco na política nacional. O Maracanãzinho ficará pequeno e haverá mais gente fora do que dentro neste domingo", disse o parlamentar.