Em convenção sem Lula, PT aprova chapa com Alckmin e mira acordos regionais
O PT oficializou hoje o lançamento da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) à Presidência da República. Em viagem ao Nordeste, o petista não estava presente no hotel em São Paulo, e foi representado pela presidente do partido, a deputada Gleisi Hoffmann (PT).
Agora, o foco do partido e de Lula será resolver desentendimentos locais. Na reunião da Executiva Nacional, foi levantada a insatisfação com o apoio ao deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) no Rio de Janeiro por causa de uma discordância na corrida ao Senado.
Diferentemente do que fará o presidente Jair Bolsonaro (PL), com um megaevento no domingo (24), a convenção petista foi mais protocolar. Conforme o UOL apurou, para a campanha, a presença do ex-presidente em outros eventos seria mais proveitosa.
Depois da reunião petista, o partido se reuniu com as executivas de PCdoB e PV, que formam a Federação "Brasil da Esperança", para confirmar a decisão. Para a chapa ser registrada na Justiça Eleitoral, a união precisa ser chancelada também pela convenção do PSB, marcada para o dia 29, em Brasília.
Representantes dos três partidos e membros da campanha lulista participaram da convenção, mas nenhum candidato a cargo majoritário. De acordo com membros da área de comunicação da candidatura, grandes eventos como os que têm sido feitos pelo país —hoje à noite será no Recife— são muito mais vantajosos do que uma convenção partidária, meramente protocolar.
Como gesto simbólico, Lula deverá participar da convenção do PSB, quando chancelará o nome de Alckmin a vice na chapa. E talvez esteja também na do PSOL, em São Paulo, no fim do mês.
Ao todo, a aliança conta com sete partidos: além dos três da federação, PSB, a federação PSOL-Rede e Solidariedade. O PT, no entanto, busca novos apoios, mesmo que informais, como alianças regionais com o MDB e PSD.
Aumentar os partidos em torno de Lula é uma das estratégias do PT para tentar consolidar a vitória em primeiro turno. "Delegamos à Executiva Nacional da federação poderes para discussão com outros partidos que possam integrar nossa coligação", afirmou Gleisi em coletiva após o encontro."As forças democráticas têm de se unir."
Entraves estaduais
A campanha de Lula prevê que ele continue rodando o país, como já tem feito, mas agora como candidato. Um dos pontos principais será resolver, por fim, algumas complicações locais dentro das alianças já firmadas.
A principal delas é no Rio de Janeiro, que Lula visitou no início de julho. No estado, o ex-presidente fechou acordo com Marcelo Freixo sob a condição de indicar o deputado estadual André Ceciliano (PT-RJ), presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), ao Senado. O PSB local, no entanto, manteve o nome do deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), melhor posicionado nas pesquisas.
Na visita de Lula, Molon foi deixado de lado e todo o foco foi dado a Ceciliano. Em evento do PSB nessa semana, no entanto, Freixo apareceu referendando também a candidatura de Molon pelo partido, o que irritou o PT.
"A nossa aliança no Rio é com o PSB, mas nós queremos ter uma conversa séria com o PSB sobre a composição de chapa. Nós tínhamos um acordo para indicar a candidatura ao Senado. Isso daria força, musculatura à candidatura", afirmou Gleisi.
De acordo com ela, todas essas conversas deverão ser feitas até 5 de agosto, prazo legal para as convenções. "Nós temos que acertar tudo, temos a semana que vem para isso", afirmou.
Washington Quaquá, vice-presidente nacional do PT, disse que a executiva decidiu que a convenção no Rio, marcada para a semana que vem e que foi cancelada, será realizada após uma reunião, que deverá definir se o apoio será mantido ou não.
"O acordo [entre PT e PSB] foi descaradamente descumprido [pelo PSB]. Então, não tem por que a gente permanecer fazendo o apoio ao Freixo se eles não cumpriram o acordo para o Senado. Até porque a chapa Molon e Freixo é estreita demais, geograficamente, só atinge a classe média", afirmou Quaquá.
A ideia, segundo ele, seria manter Ceciliano na disputa ao Senado. Isso pode ser feito com campanha solo junto a Lula ou com acordo de outros candidatos no estado que já declararam apoio a Lula, como o ex-deputado Rodrigo Neves (PDT) e o ex-presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Felipe Santa Cruz (PSD).
Segundo petistas presentes na convenção nacional, o objetivo é, antes, optar pela opção menos belicosa —o que passa por conversas com o PSB e pelo ex-presidente Lula. Está dado dentro do partido que, mesmo que ouça a militância, qualquer acordo desfeito tem de passar pelo aval do candidato principal.
Além disso, Lula já vinculou diretamente seu nome a Freixo, com jingle e declarações de apoio —algo que poderia criar problemas ao "mudar de lado". Por outro lado, petistas a favor do rompimento argumentam que acordo é acordo e Freixo precisa mais de Lula do que Lula de Freixo.
O foco da agenda do PT e das viagens do ex-presidente deverá ser resolver questões como a do Rio e fortalecer os nomes estaduais pensando em reforçar a bancada da aliança no Congresso.
Há negociações emperradas ainda em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
'Formalidades jurídicas'
Para o PT, as convenções são vistas como meras formalidades jurídicas. Como a legislação eleitoral brasileira proíbe candidatura avulsa, os candidatos têm de ser indicados pelos partidos, que têm até 5 de agosto para realizar os eventos nacionais e estaduais.
Depois, eles têm até 15 de agosto para fazer o registro das chapas na Justiça Eleitoral. Só a partir de 16 de agosto os 45 dias de campanha começam de verdade e eles poderão usar seus respectivos números e pedir votos.
Lula e Alckmin estão nesse momento em viagem a Pernambuco, iniciada ontem. Nesta manhã, promoveram um encontro com o setor da cultura, como já fizeram em outros estados, e realizarão um grande ato em Recife. Eles já foram informados da aprovação da chapa.
Os concorrentes na disputa adotaram estratégias diferentes. A campanha de Bolsonaro planejou um grande evento no ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, com capacidade para quase 12 mil pessoas, no próximo domingo (24) —a principal atração é o presidente.
O objetivo é fazer um lançamento que reúna lideranças partidárias, ex-ministros, influencers e tenha gritos de ordem e músicas patrióticas. É pedido aos apoiadores para irem de verde e amarelo ou camisa da seleção brasileira.
Ciro Gomes (PDT) foi o primeiro entre os principais colocados a ter a candidatura confirmada, na tarde de ontem. Em evento da sede nacional do PDT em Brasília, o ex-governador do Ceará lançou sozinho a sua quarta tentativa ao Palácio do Planalto.
Sem ter fechado nenhuma aliança oficial com outro partido, apenas apoios pontuais como da ex-senadora Heloísa Helena (Rede), o PDT avisou que o vice será anunciado até 15 de agosto, limite do registro.
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