Temer diz que facada ajudou Bolsonaro a ser eleito e descarta apoio a Lula
O ex-presidente Michel Temer (MDB) disse hoje que a facada sofrida por Jair Bolsonaro (PL) durante a campanha presidencial de 2018 o ajudou a ser eleito. "A apunhalada que recebeu o atual presidente ajudou sua candidatura. Aquilo fez com que ele ocupasse espaço na imprensa que talvez não ocupasse na campanha normal. Ele tinha pouco tempo de televisão e de comunicação, e aquilo fez com que ele não saísse do noticiário durante vários meses", afirmou em entrevista ao UOL.
O comentário ocorre depois de o cacique do MDB receber, na terça-feira (19), grupo de 11 senadores do partido que defendem que o partido apoie a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno. O objetivo do encontro foi atrair o apoio de Temer para convencer a senadora Simone Tebet (MDB) a desistir da corrida à Presidência da República.
"Eu detectei ao longo do tempo que os candidatos abandonaram a ideia da terceira via. Nós temos muito tempo pela frente, são quase 70 dias para as eleições, é difícil saber o que vai acontecer. Há muitos fatores. O mais prudente é aguardar a proximidade dos dias que antecedem a data da eleição", afirmou Temer hoje.
Temer disse que, por ora, descarta apoiar Lula em eventual segundo turno com Bolsonaro. "Isso, eu vou decidir na hora certa. O ex-presidente Lula fala em todo momento em 'golpe', que a reforma trabalhista foi coisa de escravocrata, que o teto de gastos prejudicou o país. Então, como eu vou dizer que eu vou apoiar alguém que quer destruir um legado positivo para o nosso país?", questionou o emedebista, que chegou à Presidência da República na esteira do impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016.
Temer afirmou ainda que a queda da petista deu-se por conta do relacionamento rochoso dela com parlamentares, mas voltou a defender a constitucionalidade do processo que o levou à Presidência da República em 2016. "Não acho que houve golpe. A ex-presidente é honesta. Eu sei, e pude acompanhar, que não há nada que possa apodá-la de corrupta. Mas houve problemas políticos", afirmou Temer em entrevista ao UOL.
O ex-presidente emedebista tem defendido a reforma trabalhista aprovada em seu governo, mas admite revisões eventuais. "Como toda matéria legislativa, ela carece de uma revisão, sem dúvida. Mas vir aqui dizer agora 'nós vamos revogar a reforma trabalhista' não é ir para o século 20. É para o século 19", disse. O PT tem defendido a reversão das mudanças.
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