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ANÁLISE

Evento sacramenta união de Bolsonaro e Lira para por eleições em suspeição

Arthur Lira (d) participa da convenção do PL que oficializou a candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição - Mauro Pimentel/AFP
Arthur Lira (d) participa da convenção do PL que oficializou a candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição Imagem: Mauro Pimentel/AFP

Colunista do UOL

25/07/2022 12h00

Esta é parte da versão online da edição de segunda-feira (25) da newsletter UOL nas Eleições 2022, que traz destaques semanais e notícias dos bastidores da política. No boletim completo, Alberto Bombig ainda fala sobre a economia do MDB na convenção que deverá oficializar a candidatura de Simone Tebet, os rumores sobre a possível entrada de Michel Temer (MDB) na eleição e o risco de Tasso Jereissati (PSDB) ficar fora da chapa liderada pelos emedebistas. Para assinar o boletim e recebê-lo diretamente no seu email, cadastre-se aqui.

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Transcorreram sem grandes surpresas as convenções que homologaram as três principais candidaturas ao Palácio do Planalto, de Lula (PT), Jair Bolsonaro (PL) e Ciro Gomes (PDT), os mais bem colocados na preferência do eleitor, segundo o Agregador de Pesquisas do UOL.

Mas é justamente nesse ponto que reside o grande risco das eleições presidenciais brasileiras neste ano: o lançamento de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição repetiu intimidações golpistas, atacou instituições e convocou para as ruas os apoiadores do presidente, sempre com o intuito de pressionar a democracia, o sistema eleitoral e a Justiça.

Ou seja, apesar da aparente "falta de novidade", continua não sendo normal nem aceitável o tipo de ameaças desferidas pelo presidente da República na convenção realizada no domingo (24), no Rio de Janeiro.

Bolsonaro, mais uma vez, utilizou um evento previsto no calendário eleitoral de um país democrático para, ao fim e ao cabo, atacar a própria democracia, suas instituições e seu sistema eleitoral. Quem apostou na mudança de postura do presidente, novamente perdeu.

Se é possível apontar alguma "novidade" até aqui nas convenções, é a presença de Arthur Lira (PP-AL) ao lado de Bolsonaro, desfazendo, de uma vez por todas, a ideia ingênua de que a aliança do centrão com o chefe do Executivo era apenas pragmática, calcada no toma lá, dá cá do Congresso. Ela é também programática e ideológica, inclusive no ataque ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Afinal, não pode ser considerado "normal" em nenhuma democracia que se preze o presidente da Câmara estar junto do presidente da República enquanto ele faz ataques aos ministros da Suprema Corte e convoca militantes em discurso cheio de entrelinhas. Não bastasse seu silêncio sobre a reunião de Bolsonaro com os embaixadores, Lira, a partir de agora, deixa claro de que lado está jogando nestas eleições.

Com a convenção do Rio de Janeiro, termina a história, repetida à exaustão, de que o Lira e outros próceres do centrão atuariam como "moderadores" de Bolsonaro. Em termos simbólicos, o encontro político do PL também sacramentou publicamente a aliança eleitoral de Lira com Bolsonaro e, consequentemente, a união entre Executivo e Legislativo para colocar sob suspeição as eleições deste ano.

De seu lado, Bolsonaro fez elogios desbragados ao aliado e verbalizou aquilo que todos já sabiam: se mantém no Planalto graças à complacência do presidente da Câmara. "Eu sei que a figura mais importante hoje aqui sou eu. Mas, se não é o Arthur Lira, esse cabra da peste de Alagoas, não teríamos chegado a esse ponto. Obrigado, Lira", disse o presidente.

Figura de destaque na convenção de 2018, o general Augusto Heleno, aquele que cantava "se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão", não apareceu no ato deste ano. Não faz mais diferença: agora é oficial, a campanha eleitoral começará com Bolsonaro, bancado pelo presidente da Câmara, seguindo firme em sua cruzada ideológica, sua guerra cultural e sua estratégia de violência.

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