Ex-ministro, Weintraub ironiza amizade de Bolsonaro e Lira: 'Vai esfolá-lo'
Ex-ministro da Educação no governo Jair Bolsonaro (PL), Abraham Weintraub repercutiu a convenção realizada pelo PL ontem para oficializar a candidatura do atual chefe do Executivo que buscará a recondução ao Palácio do Planalto, e ironizou a "amizade" entre seu ex-chefe e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que prestigiou a oficialização da chapa Bolsonaro e Braga Netto.
Por meio de uma live nas redes sociais, Weintraub, em tom irônico, apontou que Jair e Lira trocaram um "abraço caloroso" e exaltaram a amizade de "mais de 20 anos" entre eles. Para o ex-ministro, o presidente da Câmara é do mesmo "nível" do ex-presidente Fernando Collor de Mello, que também é aliado de Bolsonaro, só que "mais frio, mais racional".
"O abraço caloroso, chamando de amigo Arthur Lira... Quem tiver qualquer dúvida [sobre] quem é o Arthur Lira é só dar um Google, veja quem é, o histórico, o passado dele, é do nível do Collor [só que] mais frio, mais racional. Eu estive algumas vezes com ele, ele é um cara mais focado, mas veja quem é o grande amigo, há mais de 20 anos, do Jair Bolsonaro [risos], ele fala abertamente [isso]", declarou.
Jair Bolsonaro e Arthur Lira trabalharam juntos na Câmara por vários anos, quando ambos eram colegas de parlamento e integravam o Centrão, grupo conhecido pelo fisiologismo político e pela prática do "toma lá dá cá" com o governo federal. Na live, Abraham Weintraub apontou, inclusive, que, caso saia vencedor nas urnas em outubro, Bolsonaro será "esfolado vivo" pelo Centrão, cujo principal expoente é o "amigo" do presidente, Arthur Lira.
"[Bolsonaro] falou uma frase que mostrou, talvez, o começo do fim: 'pela última vez eu estou convocando vocês'. Talvez essa seja uma frase que ele não esteja mentindo, talvez essa seja a última vez que ele está convocando a população, talvez seja o começo do fim do bolsonarismo. Tudo depende do resultado das urnas: se ele tiver uma vitória, vai para as cordas, e o Centrão vai esfolar ele vivo, vai arrancar todo o couro dele, vai degolar e vai ser um cenário de muito estresse. Se ele perder, aí vai acabar aparecendo mais coisas erradas, porque quando você tem a máquina federal na mão, tem um monte de puxa-sacos, pessoas que seguram situações... Acho que ele perdendo [o controle da] máquina [pública] piora bastante o cenário. Então acho que é o princípio do fim", completou Weintraub, que aposta no aparecimento de mais casos de corrupção no governo Bolsonaro.
PL oficializa candidatura de Bolsonaro
Com o respaldo do Centrão, o PL oficializou ontem a candidatura de Jair Bolsonaro na corrida pelo Palácio do Planalto. O evento também confirmou o ex-ministro da Defesa, general Braga Netto, como vice na chapa.
Se em 2018 Bolsonaro se elegeu fazendo discursos contra os políticos do Centrão e com a promessa de não governar ao lado desse grupo, liderado por Arthur Lira, hoje o atual mandatário busca sua recondução apoiado justamente na prática da "velha política" que ele tanto condenou: de execrado, o Centrão agora é figura de destaque dentro do bolsonarismo.
O apoio do Centrão custou caro aos cofres públicos e veio na forma de orçamento secreto, que dá enormes poderes a Arthur Lira na destinação de verbas governamentais para seus aliados, em um montante que chegou ao patamar de R$ 19 bilhões. Recentemente, Lira criou uma "sala secreta" nos corredores do Congresso Nacional para poder liberar as últimas emendas antes do prazo de restrição eleitoral.
Ao discursar para o público presente no ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro não teceu uma crítica sequer ao Centrão e, pelo contrário, defendeu Arthur Lira quando parte de seus apoiadores vaiaram o político alagoano. Porém, ele voltou a atacar os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e seu principal adversário no pleito, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenções de votos para a presidência da República.
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