Pe. Júlio, Alessandra Negrini, Casagrande: quem assina carta da democracia
Acadêmicos, empresários, artistas, religiosos e intelectuais articulam um movimento em defesa do regime democrático concentrado na chamada Carta em Defesa da Democracia.
O manifesto é inspirado pela Carta aos Brasileiros de 1977, um texto de repúdio ao regime militar, redigida pelo jurista Goffredo Silva Telles, e lida também na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, que publicou a Carta para mais assinaturas.
Entre os 3 mil nomes que assinam o documento, estão ex-ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), como Celso de Mello e Carlos Ayres Britto, além de figuras do setor empresarial que vão desde Pedro Passos e Guilherme Leal, fundadores da Natura, até Eduardo Vassimon, presidente do conselho de administração da Votorantim. Pedro Parente, presidente do Conselho de Administração da BRF e ex-presidente da Petrobras no governo de Michel Temer (MDB), também está listado.
Do meio artístico, destacam-se as assinaturas do cantor, compositor e escritor Chico Buarque, da atriz Alessandra Negrini, do comentarista Walter Casagrande Júnior e do cineasta João Moreira Salles. No total, a carta é assinada por cerca de três mil pessoas — clique aqui para ver a lista completa.
Veja alguns nomes que assinaram a carta
- Celso de Mello, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal
- Roberto Setubal, banqueiro (Itaú Unibanco)
- Candido Bracher, banqueiro (Itaú Unibanco)
- Walter Schalka, presidente da Suzano
- Pedro Passos, fundador da Natura
- Guilherme Leal, fundador da Natura
- Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central
- Eduardo Vassimon, presidente do conselho de administração da Votorantim
- Horácio Lafer Piva, acionista da Klabin e ex-presidente da Fiesp
- Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda do governo Fernando Henrique Cardoso
- Sepúlveda Pertence, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal
- Carlos Ayres Britto, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal
- Carlos Velloso, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal
- Eros Grau, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal
- Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo
- João Moreira Salles, cineasta
- José Roberto Mendonça de Barros, economista
- Celso Antônio Bandeira de Mello, advogado
- Alberto Toron, advogado
- Pedro Serrano, advogado
- Sérgio Renault, advogado
- Pierpaolo Bottini, advogado
- Chico Buarque, cantor e compositor
- Alessandra Negrini, atriz
- Affonso Celso Pastore, economista
- Alexandre Schwartsman, economista
- Álvaro de Souza, economista
- Ana Carla Abrão, economista
- Angélica Maria de Queiroz, economista
- Carlos Ari Sundfeld, economista
- Claudio Haddad, economista
- Cristina Pinotti, economista
- Daniel Gleizer, economista
- Daniel Leichsenring, economista
- Demosthenes Madureira de Pinho Neto, economista
- Edmar Bacha, economista
- Elena Landau, economista
- Eliana Cardoso, economista
- Fabio Alperowitch, economista
- Fábio Colletti Barbosa, economista
- Geraldo José Carbone, economista
- João Nogueira Batista, economista
- José Guimarães Monforte, economista
- José Olympio Pereira, economista
- Lucia Hauptman, economista
- Luciana Hall Cezar Coelho, economista
- Luiz Fernando Figueiredo, economista
- Luis Stuhlberger, economista
- Luis Terepins, economista
- Marcelo André Steuer, economista
- Marcelo Barbará, economista
- Marcelo Pereira Lopes de Medeiros, economista
- Marcos A. Lederman, economista
- Marcos Caramuru de Paiva, economista
- Marisa Moreira Salles, economista
- Michel Schlesinger, economista
- Otávio de Barros, economista
- Pedro Moreira Salles, economista
- Pedro Parente, economista
- Persio Arida, economista
- Roberto Bielawski, economista
- Rodrigo T. da Rocha Azevedo, economista
- Samuel Pessôa, economista
- Teresa Ralston Bracher, economista
- Almino Afonso, ex-ministro do Trabalho
- Almir Pazionatto, ex-ministro do Trabalho e do TST
- Aloysio Nunes Ferreira Filho, ex-senador
- Ana de Hollanda, cantora e ex-ministra da Cultura
- Ângela Vieira, atriz
- Antonio Carlos Secchin, Academia Brasileira de Letras
- Arnaldo Antunes, cantor
- Bel Coelho, chef de cozinha e ativista
- Cissa Guimarães, atriz e apresentadora
- Debora Bloch, atriz
- Dira Paes, atriz
- Eduardo Moscovis, ator
- Fernando Meirelles, cineasta
- José Galló, CEO da Renner
- Leonardo Boff, teólogo
- Juca Kfouri, jornalista
- Padre Júlio Lancellotti
- Paulo Betti, ator
- Priscila Cruz, presidente do Todos Pela Educação
- Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação
- Reinaldo Azevedo, jornalista
- Wálter Casagrande Júnior, ex-jogador de futebol e comentarista
Leia a íntegra da carta:
Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito
Em agosto de 1977, em meio às comemorações do sesquicentenário de fundação dos cursos jurídicos no país, o professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre de todos nós, no território livre do Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, na qual denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção em que vivíamos. Conclamava também o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. A semente plantada rendeu frutos. O Brasil superou a ditadura militar. A Assembleia Nacional Constituinte resgatou a legitimidade de nossas instituições, restabelecendo o Estado Democrático de Direito com a prevalência do respeito aos direitos fundamentais. Temos os poderes da República, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, todos independentes, autônomos e com o compromisso de respeitar e zelar pela observância do pacto maior, a Constituição Federal. Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para o país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular. A lição de Goffredo está estampada em nossa Constituição: "Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição ".
Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral. Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito. Vivemos em um país de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades econômicas de forma sustentável. O Estado apresenta-se ineficiente diante dos seus inúmeros desafios. Pleitos por maior respeito e igualdade de condições em matéria de raça, gênero e orientação sexual ainda estão longe de ser atendidos com a devida plenitude. Nos próximos dias, em meio a estes desafios, teremos o início da campanha eleitoral para a renovação dos mandatos dos legislativos e executivos estaduais e federais. Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos. Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições. Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o Estado Democrático de Direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional. Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão. Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática.
Imbuídos do espírito cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977 e reunidos no mesmo território livre do Largo de São Francisco, independentemente da preferência eleitoral ou partidária de cada um, clamamos às brasileiras e aos brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições. No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições. Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona: Estado Democrático de Direito Sempre!
*Com informações do Estadão Conteúdo
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