A Justiça paulista rejeitou um pedido de indenização por danos morais feito pelo treinador Abel Ferreira, do Palmeiras, contra o jornalista Mauro Cezar, colunista do UOL.
Em julho de 2022, Cezar chamou Abel de "colonizador" após uma entrevista coletiva na qual o treinador disse que os jogadores brasileiros tinham muito a evoluir em relação à formação.
"De longe, são os melhores que eu já joguei, mas mentalmente têm muito que evoluir: a nível de educação e a nível de formação enquanto homens", disse Abel.
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O jornalista disse que o comentário de Abel era "papo de colonizador".
"Então europeu não bebe, não faz bobagem, é todo mundo disciplinado. Eu não gosto quando os portugueses vêm para cá com esse papo furado", comentou Mauro.
Segundo o jornalista, Abel falou em tom professoral, como se estivesse ensinando como o brasileiro deve se comportar.
Na ação, na qual pedia uma indenização por danos morais de R$ 50 mil, Abel disse que Mauro Cezar é "um notório torcedor do Flamengo".
E que, em "razão da paixão futebolísitca, muitas vezes emite comentários parciais desprovidos de caráter informativo".
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O treinador disse que as afirmações do jornalista eram injuriosas e tinham conotação xenofóbicas.
Na defesa apresentada à Justiça, o advogado João Chiminazzo, que representa Mauro Cezar, disse que o processo era uma tentativa de silenciá-lo.
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O advogado afirmou que, ao dizer que Abel tem "tom colonizador e professoral, o jornalista apenas emitiu sua opinião de forma sóbria".
"Ao que parece, Abel acredita que somente ele pode emitir sua opinião, não conferindo tal direito ao jornalista", declarou o advogado no processo.
Ao rejeitar o pedido de indenização, a juíza Renata Carvalho disse que uma das finalidades da liberdade de expressão é a crítica.
Abel, que ainda pode recorrer, terá de pagar R$ 10 mil em honorários aos advogados de Mauro e da Jovem Pan (R$ 5 mil para cada).