São Silvestre

Número de quenianos na S.Silvestre sobe de três para cinco e gera polêmicas

José Eduardo Martins
Da Folhapress

Em São Paulo

  • Flávio Florido/Folha Imagem

    Robert Cheruiyot vence na São Silvestre em 2002

    Robert Cheruiyot vence na São Silvestre em 2002

A São Silvestre virou a exceção da norma de número 9 do regulamento da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo). Considerada a mais tradicional do Brasil, a prova do dia 31 terá cinco competidores do Quênia na categoria elite.

A regra da entidade máxima da modalidade no Brasil, no entanto, permite nas competições mais importantes (denominadas classe A1 pela confederação) a participação de somente três fundistas por país no masculino e três no feminino.

"Só por ser uma prova tão tradicional que autorizamos essa participação [de mais dois quenianos entre os homens]", afirmou Martinho Nobre, diretor da confederação. O dirigente não pretende abrir o precedente em outras provas no país. "Entendemos que a São Silvestre é uma prova internacional. Essa é a única competição para a qual fizemos essa exceção", completou.

A decisão da CBAt suscitou críticas de treinadores brasileiros, que devido a participação dos quenianos viram ainda mais reduzidas as chances de vitória de seus pupilos. "Na verdade, já acho a participação de três estrangeiros um absurdo, de cinco então... Dessa forma estão fugindo da regra e diminuindo para cerca de 10% a chance de vitória de um brasileiro", reclamou Alexandre Minardi, técnico do Cruzeiro e de Franck Caldeira, ganhador da São Silvestre em 2006.

Com seis atletas africanos inscritos na São Silvestre, o técnico Moacir Marconi, o Coquinho, é contra a reserva de mercado criada pela CBAt e comemorou a decisão da entidade para a prova deste ano. "A São Silvestre, que é uma prova de referência, terá ainda mais qualidade. Eles [atletas brasileiros] vão reclamar porque os estrangeiros vão ganhar", disse Coquinho.

Emitida em 23 de janeiro, a norma 9 da confederação foi criada para tentar diminuir o domínio dos estrangeiros em competições no Brasil. Nos últimos anos, os forasteiros, em especial os africanos, dominaram a maior parte das provas no país, o que gerou duras críticas dos brasileiros.

"Hoje, os empresários e organizadores de provas querem resultados e tempos baixos, grandes marcas. Os estrangeiros são mais profissionais, mais focados e obtêm os melhores resultados", afirmou Coquinho, que só trabalha com estrangeiros.

Apesar da reserva de mercado criada pela confederação, nas últimas provas os estrangeiros mantiveram o domínio e venceram quase tudo que disputaram, desde a Maratona de São Paulo, com o queniano Elias Chelimo, até as competições de menor porte. "Nas cerca de 36 provas em que coloquei atletas africanos para correr neste ano, obtive 100% dos pódios e 95% dos primeiros lugares", disse Coquinho.

A soberania dos estrangeiros no Brasil começou nos anos 70 e 80, com corredores de países como Equador e Colômbia. Já a hegemonia dos africanos teve início a partir dos anos 90, já com vitórias de quenianos -Simon Chemwoyo e Paul Tergat- na São Silvestre.

Os quenianos já confirmados para a edição deste ano são James Kipsang Kwambai (vencedor em 2008), Robert Cheruiyot (vice-campeão da Maratona de Nova York), Elias Chelimo (primeiro lugar na Meia-Maratona do Rio), além de Stanley Biwott e Nicolas Koeth.
 

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