UOL Esporte Atletismo
 
23/08/2009 - 12h36

Maurren vai mal, sente lesão, é sétima na final, e Brasil termina sem pódio

Fernando Narazaki* Em Berlim (Alemanha)

Campeã olímpica, a saltadora Maurren Higa Maggi frustrou a expectativa de pódio, sentiu a lesão no joelho direito, que vem a incomodando desde a metade do ano passado, e abandonou a final do salto em distância do Campeonato Mundial de atletismo, em Berlim. O melhor salto dela foi de 6,68 m, que a deixou na sétima posição, bem distante da briga pelo título.

Logo após o quarto salto, Maurren já deixou a caixa de areia chorando e sinalizando ao técnico Nélio Moura que deixaria a prova. Lentamente, ela voltou ao local onde as atletas esperam. Maurren chorou muito nos pouco mais de 70 m do trajeto. Assim que ela sentou no banco, a saltadora colocou as mãos na cabeça, voltou a chorar e retirou a proteção que usava no joelho direito.

Instantes depois, ela dirigiu-se aos médicos que ficam próximo do banco, pediu uma nova proteção, amarrou uma faixa no local e passou a se trocar em meio às lágrimas. Calmamente, ela colocou a calça, tirou o tênis usado no salto, guardou na sua mala o bicho de pelúcia que costuma levar em todas as competições e avisou oficialmente a direção que deixava a prova, pouco antes do quinto e penúltimo salto.

"Estava no meu limite. O joelho estava doendo muito e fui até onde eu podia", resumiu a atleta, que já cogita a possibilidade de resolver a lesão com uma operação. "Agora eu vou sentar e ver com o meu médico. Arrisquei muito por esta competição. Se ele falar que tem que operar, eu vou operar", disse.

A outra brasileira, Keila Costa, também foi mal na decisão. Ela queimou as três tentativas iniciais e foi eliminada na metade da prova, pois não ficou entre as oito melhores colocadas, assim como a bielo-russa Nastassia Mironchyk (6,29 m), a norte-americana Brianna Glenn (6,59 m) e a polonesa Teresa Dobija (6,58 m).

Com a ausência de Maurren e Keila no pódio, o Brasil termina pela quarta vez sem uma medalha conquistada na competição. Como não tem mais representantes no evento, o país repete o que ocorreu em Stuttgart-1993, Edmonton-2001 e Helsinque-2005.

A medalha de ouro da prova ficou com a norte-americana Brittney Reese, com 7,10 m, que conquistou assim a primeira medalha de ouro em uma grande competição na carreira. A russa Tatyana Lebedeva repetiu Pequim-2008 e ficou com a prata, com 6,97 m, seguida pela turca Karin Mey Melis, com 6,80 m.

A performance da atual campeã olímpica foi apenas um retrato da irregularidade que ela enfrentou em toda temporada. Maurren só conseguiu alcançar os 6,90 m apenas uma vez no ano. Em 2008, ela superou, pelo menos, cinco vezes este resultado para chegar em Pequim e faturar o ouro. A saltadora também só ganhou uma prova (GP do Rio de Janeiro).

Antes de vir ao Mundial, a brasileira ainda ficou dois meses sem competir em virtude de uma tendinite no joelho direito, que a incomoda desde a metade do ano passado. Sem ritmo de competição, ela teve de usar as eliminatórias na sexta-feira para tentar chegar no mesmo nível das principais adversárias, mas não conseguiu um bom rendimento e teve de abandonar antes da penúltima tentativa.

Primeira a saltar das 12 finalistas, Maurren abriu com 6,68 m, que a deixou na quinta posição. Em seguida, ela queimou a tentativa e viu Lebedeva conseguir 6,97 m para assumir a liderança. Maurren abriu mão da terceira chance ainda na corrida de aproximação e passou a torcer para não cair ainda na metade do evento.

Naquele momento, ela era a quinta colocada, foi superada por mais duas rivais, mas conseguiu manter-se na decisão. Quem deu adeus neste momento foi a outra brasileira na decisão, Keila Costa, que queimou os três primeiros saltos e acabou sem marca, sendo a única entre as 12 competidoras deste domingo nesta situação.

Ao mesmo tempo que Maurren tentava ficar entre as oito melhores, Reese conseguiu um salto de 7,10 m, que a colocou na liderança. O sonho da brasileira de ir ao pódio, porém, virou pesadelo no quarto salto. Ao aterrisar na caixa de areia, com 6,64 m, ela passou a chorar. Ela colocou a mão no rosto, olhou para o técnico e mostrou a intenção de deixar a prova, o que acabou se confirmando antes do quinto salto.

Sem a brasileira, Reese e Lebedeva continuaram a travar o duelo pelo ouro. As duas, porém, queimaram o quarto e o quinto saltos. Na tentativa de bater Reese, a russa arriscou tudo na última chance, mas queimou novamente para festa da norte-americana.

* Atualizada às 13h

Compartilhe:

    Placar UOL no iPhone

    Hospedagem: UOL Host