UOL Esporte Atletismo
 
25/08/2009 - 07h00

Atletas e CBAt se preocupam com redução de investimentos

Fernando Narazaki Em Berlim (Alemanha)

O Brasil se despediu do Campeonato Mundial de atletismo, em Berlim, sem medalhas e sem esquecer o escândalo de doping, que envolveu cinco atletas e dois técnicos da seleção. A combinação da ausência de pódios e mais a repercussão negativa do caso leva atletas e Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) a temer pelo que acontecerá na volta ao Brasil.

A primeira grande preocupação é a já anunciada redução de investimento do grupo Rede, que formou a equipe Rede Atletismo, que tinha 14 dos 42 convocados da seleção, incluindo as saltadoras Maurren Maggi e Keila Costa, e os velocistas Vanda Gomes, Thaíssa Presti, Vicente Lenílson e José Carlos Moreira, todos finalistas no Mundial.

"O investimento no atletismo deve diminuir, assim como o respeito (para com os atletas)", desabafou Moreira, que foi um dos poucos a expor publicamente o temor. Mas outros atletas do grupo fizeram isso fora dos microfones. Pedindo para não ter a identidade revelada, os competidores disseram que já não sabem se poderão cumprir o planejamento traçado para o próximo ano.

A maioria dos atletas teria acertado um contrato de, pelo menos, quatro anos com a Rede Atletismo. Porém o presidente do clube, Jorge Queiroz, chegou até a anunciar que estudaria o fim do investimento após o escândalo de doping, que envolveu só pessoas da equipe, mas depois afirmou que a intenção seria diminuir os gastos com o esporte.

"Ano que vem não é um ano de grandes competições. Temos só o Mundial Indoor e a gente sabe que o pior está por vir", reconheceu um dos atletas do grupo. "Isso tudo foi muito chato", disse a velocista Vanda Gomes, que já afirmou que deve continuar ao lado de Jayme Netto Júnior, técnico que admitiu culpa no caso do doping.

O próprio presidente da CBAt, Roberto Gesta de Melo, admitiu a possibilidade de um menor orçamento no próximo ano. "O Jorge ficou um pouco chateado com tudo que ocorreu. Eu mandei um e-mail para ele e sei que o Jorge vai perceber que podemos corrigir algumas coisas. Ele é uma pessoa sensível. Ele pode diminuir alguns aspectos do investimento, mas acho que o centro deve permanecer", explicou, referindo-se à pista de atletismo montada em Bragança Paulista, uma das poucas do país de nível internacional.

Com a expectativa, Gesta já aproveitou para cobrar medidas de outras esferas esportivas. "Um país que quer se candidatar às Olimpíadas não pode não investir em esporte escolar. Isso não tem cabimento. Você vê isso na Jamaica, na Alemanha, no Quênia, em vários países. O governo tem de entrar na escola, investir, pois se não vamos sempre trabalhar com uma base pequena", disse o dirigente.

Um dos poucos que destoa deste pensamento é Jessé Farias, que não passou das eliminatórias do salto em altura no Mundial. Para ele, o grupo Rede Atletismo deverá seguir forte na modalidade. "Não acho que o atletismo vai perder muito. Quem investe no esporte tem de saber como ele funciona e a Rede sabe. O projeto é muito grande e não penso que tudo será encerrado por causa de um problema", afirmou.

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