UOL Esporte Atletismo
 
27/11/2009 - 11h23

Ex-recordista dos 100 m, Tim Montgomery conta sobre sua vida na prisão

Do UOL Esporte
Em São Paulo
  • Tim Montgomery comemora o recorde mundial dos 100 m, em 2002; por doping, ele teve tirada a marca

    Tim Montgomery comemora o recorde mundial dos 100 m, em 2002; por doping, ele teve tirada a marca

Os recordes e títulos de Tim Montgomery ficaram para trás há muito tempo. O norte-americano, que foi detentor da marca mais veloz dos 100 m rasos, prova mais tradicional do atletismo, vive hoje na cadeia. Nesta sexta-feira, o The Times publicou uma entrevista com o ex-atleta, a primeira desde que ele está encarcerado, há 18 meses.

Montgomery revelou detalhes de seu envolvimento com doping e da violenta vida atrás das grades. Em 2002, ele estabeleceu o tempo de 9s78 como novo recorde mundial dos 100 m, batendo o compatriota Maurice Greene. Mas seu mundo veio abaixo com a descoberta de sua ligação com o laboratório Balco e o uso de susbstâncias ilícitas para melhorar sua performance.

O velocista teve todas as suas medalhas desde 2001 retiradas, além do recorde. O mais grave, no entanto, foi a prisão. Ele acabou sendo mandado para detrás das grades por fraudes bancárias e pelo uso e venda de heroína. Com isso, só poderá se ver como um homem livre em 2016.

“Eu tinha o melhor trabalho do mundo, e agora estou varrendo folhas”, lamentou Montgmoery, ao The Times. Curiosamente, eles está em uma prisão da cidade de Montgomery, no Alabama. Ele também ficou famoso pelo envolvimento com a velocista Marion Jones, também pega em antidoping.

Sua rotina agora é acordar às 5h da manhã e arrumar sua cama, ao lado de 47 companheiros de dormitório. Às 6h30, já está trabalhando, varrendo folhas e limpando o local. E isso acontecerá todos os dias até o dia de sua soltura, em 6 de janeiro de 2016.

A VIDA NA PRISÃO

Você nunca pode relaxar. Não consigo descrever o quão ruim é. Você tem de se juntar a gangues para ter proteção. Em Nova York, fiquei na cela com um pedófilo e tive de bater nele. Isso é contra a minha moral. Mas, se não tivesse feito isso, os outros achariam que sou fraco. Na prisão, tudo depende do respeito, como na pista

Tim Montgomery, ao The Times

Na entrevista realizada dentro da prisão, ele lamentou ter disputado tão cegamente o recorde com Maurice Greene - que vem sendo acusado de doping. “Eu me destruí. Tentei ser um homem por toda a minha vida e agora sou tratado como criança.”

O maior problema é a companhia de outros criminosos presos – ele já passou por diversos presídios. “Em uma prisão, eu vi provavelmente 35 brigas e fui envolvido em uma rebelião. Um guarda chegou a me dar choques, gritando: ‘Você é o líder? Sabemos que você está liderando este bloco’”, contou o ex-atleta.

“Você nunca pode relaxar. Não consigo descrever o quão ruim é. Você tem de se juntar a gangues para ter proteção. Em Nova York, fiquei na cela com um pedófilo e tive de bater nele. Isso é contra a minha moral. Mas, se não tivesse feito isso, os outros achariam que sou fraco. Na prisão, tudo depende do respeito, assim como na pista”, explicou Tim Montgomery, que admitiu que lidava com drogas desde criança.

O ex-velocista afirmou que não se sentia quebrando regras enquanto usava doping. “Eu não tinha esse pensamento de que estava trapaceando”, disse ele. “Eu daria tudo para ser o mais rápido do mundo. Tudo o que eu queria era um contrato com a Nike, comerciais de TV... Queria ser uma estrela”. No entanto, sua ligação com as drogas voltou, em forma de tráfico, quando o dinheiro que ganhou no atletismo acabou.

Apesar de tudo, ele ainda pensa no atletismo. Calça os tênis na prisão todos os dias para treinar. “Me dê um par de sapatilhas e três meses de preparação e eu provavelmente já estarei correndo em 10s”, afirmou ele. Sua única esperança de disputar uma Olimpíada – em Londres-2012 estará com 37 anos - é que seja aceita uma apelação que altere a sentença que cumpre atualmente.
 

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